Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 25-01-2014

AULA DE PEDAGOGIA: EU ESTAVA LÁ
Costumo dizer que entrei no Magistério por intimação. E foi. Recém-chegado à cidade, escolhido orador, num culto de gratidão promovido pelos formandos de Ensino Médio, ladeado pelas autoridades presentes, ao terminar minha prédica, o diretor do Educandár
AULA DE PEDAGOGIA: EU ESTAVA LÁ

De nada adiantaram meus argumentos. "- Reverendo, entendi: você nunca foi professor. Acontece que o nosso Colégio precisa contar com a sua participação e eu não abro mão disso. Compareça a minha sala, amanhã, com a sua carteira de trabalho. E estamos conversados!" Assim, curto e grosso! Daí, pensei com os meus botões: Jovem, sem preocupações com esposa e filhos que vieram bem depois, paróquia de tamanho médio para pequeno... Por que não? Minha surrada carteira da CLT traz lá registrado o meu segundo emprego, datado de 1977: "Assistente de Ensino Médio", cargo esse que me permitia lecionar qualquer disciplina. Não me faltava serviço... Em Goiás, além de Itapuranga, atuei em Goiânia e em Anápolis... Minha habilitação reconhecida pelo MEC, só foi acontecer mesmo, uma década depois. Mas aconteceu.

Atualmente, considero-me "do Magistério". Venho de épocas quando, entre outras coisas, não havia preocupações sérias com reciclagens para o professor, Formação Continuada, Congressos, esses modernismos que vieram, sem dúvida, colocar ferramentas afiadas à disposição do profissional da Educação. É preciso valorizar!

E foi como cursista num desses eventos promovidos pela SEME de Itapemirim, que, no ano passado, me vi participando de uma aula proferida pela mestra Cristina de Vargas, de Cachoeiro, com exposições tomando por base o laureado Edgar Morin, (pronuncia-se Morram) pedagogo, antropólogo, sociólogo e filósofo francês, nascido em Paris a 08 de julho de 1921, conhecido pelas suas teorias que versam sobre a complexidade.

Mestra Cristina centrou sua palestra destacando o fato de que o professor trabalha aliando ousadia a dificuldades. E aí que entraram suas considerações com base nos postulados do pedagogo aqui citado. Começou por mostrar como é preciso dominar o conceito de erro e ilusão. Existem na esfera do conhecimento aquilo que Morin denominou como cegueiras, o que nada mais é do que deixar-se levar por erros e ilusões enquanto pesquisador. Conhecimento deve ser visto como coisa séria.

Fomos conduzidos, com maestria, a entendermos que somos seres multidimensionais. Não se avança sem conhecer nossa dimensão física, emocional, psicomotora... Aí entra o conceito de complexidade, ou seja, o desafio do uso de uma inteligência geral. Quando o professor entende isso, ele se auxilia e atende melhor ao seu aluno. Para ampliar a compreensão dos pequenos seres que se encontram em nossas salas de aula, necessário se faz ter menos foco no conteúdo do que na preparação para a vida, a chamada "educação por inteiro". Gostei disso.

Estou certo de que todos nós, ali presentes, fomos incomodados com a ideia da necessidade de nos conscientizarmos de que como professores, enfrentamos o inesperado. Concordamos que, num sentido pedagógico, não podemos prever o destino da humanidade. Como professores, precisamos ver o futuro sempre aberto, imprevisível. Isso, bem assimilado, tem um enorme efeito.

Foi estimulante para o profissional da Educação anotar coisa simples como: Compreender o outro tem a sua complexidade porque todos temos as nossas complexidades. Comunicar apenas não garante a compreensão. A comunicação funciona a exemplo de um avião com suas asas: compreensão intelectual e compreensão humana...

Eu estava lá. Saí dali motivado para o exercício da ousadia na execução do meu trabalho como professor, atento às inevitáveis mudanças, buscando sempre a humildade de ensinar aprendendo com o educando, como bem acentuou, em outro contexto, Paulo Freire. Valeu!!

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Silvio Gomes Silva    |      Imprimir