Categoria Geral  Noticia Atualizada em 07-03-2014

Começa, no Recife, o velório do deputado federal Sérgio Guerra
Parentes e lideranças políticas estão na Assembleia Legislativa. Acesso do público ao plenário foi aberto às 11h desta sexta-feira (07).
Começa, no Recife, o velório do deputado federal Sérgio Guerra
Foto: g1.globo.com

Está acontecendo no Recife, nesta sexta-feira (07), o velório do deputado federal Sérgio Guerra, ex-presidente nacional do PSDB. Até as 11h, o plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco ficou reservado aos parentes e amigos do parlamentar. Nesse horário, o acesso ao público foi aberto.

O velório reúne vários quadros políticos do Brasil, do estado, correligionários e também integrantes de outras siglas. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), relembrou o espírito conciliador de Guerra. "Quero trazer nossa solidariedade a família do Sérgio Guerra e todo o povo irmão de Pernambuco. É uma grande perda, Guerra era um homem agregador, homem do diálogo, conciliador, um apaixonado pelo Brasil, um servidor do povo brasileiro com visão nacional. Então, é uma grande perda para o país. Deixo aqui nosso carinho, nossa saudade e inclusive seus bons exemplos, ele era um homem de um coração generoso", afirmou.

O ex-governador de São Paulo e um dos líderes nacionais da legenda, José Serra, salientou que Guerra sempre teve um papel preponderante dentro do PSDB, tendo coordenado, inclusive, as campanhas presidenciais de 2006 e 2010, quando Alckmin e o próprio Serra foram os candidatos, respectivamente. Perguntado como fica o cenário político nacional sem Sérgio Guerra, o paulista foi cauteloso: "Vamos ver como fica, é difícil prever. Mas, sem dúvida, deixou um vazio, não tenho dúvida disso".

O futuro das alianças do PSDB foi abordado pelo senador Aécio Neves (PSDB). "Vou evitar falar de política hoje, mas sempre estaremos honrando os compromissos de Sérgio", garantiu. Ele fez questão de ressaltar que o momento é de enorme saudade. "O PSDB perde um de seus principais líderes, um homem que pensava o Brasil na dimensão necessária, tinha em relação ao Nordeste uma preocupação e uma formulação muito própria, que nos estimulava a mergulharmos também permanentemente na busca da diminuição das enormes diferenças que envergonham os brasileiros", comentou.

Neves foi outro a ressaltar a personalidade agregadora de Guerra. "Ele tinha uma característica que eu prezo e admiro muito nos homens públicos que era o destemor, a coragem para ir em frente e uma capacidade de aglutinação, de convergência extremamente grande. Hoje é apenas o dia da saudade, da reverência. Estão aqui homens públicos do Brasil inteiro, demonstrando a enorme dimensão de Sérgio Guerra", encerrou.

O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo (PCdoB), que veio a Pernambuco representando a presidente Dilma Rousseff, chegou ao velório já à tarde, acompanhado do vice-prefeito do Recife e companheiro de sigla, Luciano Siqueira. "A presidente da República, naturalmente, lamenta a perda de um homem público com as qualidades e as virtudes do deputado Sérgio Guerra, e mandou que eu trouxesse à família, aos amigos e aos correligionários os pêsames da Presidência da República", contou.

Para o governador de Pernambuco e recém-aliado do PSDB, Eduardo Campos, Sérgio Guerra ganhou notoriedade nacional pela capacidade de articulação. "Sempre manteve as portas abertas ao diálogo mesmo com aqueles que não concordavam e não militavam com ele. Eu tive a oportunidade de conhecer Sérgio muito cedo e militar em muitas quadras da política ao seu lado. Em outras, não tivemos do mesmo lado da política, mas sempre mantivemos a capacidade do diálogo", ressaltou o socialista.

O deputado federal Raul Henry (PMDB), que cumpre mandato na Câmara Federal na mesma legislatura de Guerra, destacou a importância da atuação dele na aproximação nacional entre o PSDB e o PSB, partido presidido pelo governador Eduardo Campos. "Sérgio foi uma pessoa que cumpriu um papel nisso, essa aproximação entre Eduardo e Aécio, e na tentativa que o país construa, a partir de agora, um novo ciclo, pós-12 anos de PT. Ele, com a cabeça privilegiada que tinha, com a capacidade de articulação que tinha, cumpriu um papel fundamental nesse sentido", explicou Henry. Ele é pré-candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo PSB no estado, que traz o atual secretário da Fazenda, Paulo Câmara, como o nome que tentará suceder Eduardo Campos no Palácio do Campo das Princesas.

Helena Brennand Guerra, filha do deputado, explicou que, na última internação do tucano em São Paulo, ele viajou para fazer uma ressonância magnética na cabeça, que nada constatou.

Somente na sequência é que descobriram-se, relatou Helena, outras complicações que não estavam ligadas ao câncer de pulmão e que agravaram o estado de saúde de Sérgio Guerra. De acordo com ela, não foi o câncer que matou o ex-presidente nacional do PSDB.

"Meu pai vinha lutando há mais de um ano bravamente contra esse câncer, não foi o câncer que levou ele. Para nós, nossa família perde uma referência, Pernambuco perde um grande político, uma pessoa que pautou sua vida para ajudar as pessoas, defender a democracia. Um grande conciliador, um grande pai, um ótimo avô. Nós estamos sofrendo muito, eu sei o quanto ele representava para Pernambuco e para o Brasil, e ele vai fazer falta", disse, emocionada.

O senador Armando Monteiro Neto (PTB) destacou o perfil combativo de Sérgio Guerra. "Eu tive divergências no plano político com ele em muitos momentos, mas nunca deixei de reconhecer que Sérgio tinha dimensão nacional, capacidade de articulação e uma visão do processo político nacional", disse, sublinhando que o estado perde com a morte do deputado.

Também senador por Pernambuco, o petista Humberto Costa frisou que a chegada em conjunto com Armando Monteiro Neto não tem cunho político. "Viemos aqui hoje muito mais por uma questão de ordem pessoal do que sinalizando qualquer coisa de política", explicou, citando ainda o perfil conciliatório de Guerra. "Ele foi capaz de conduzir duas eleições dentro do PSDB sem se atritar com Aécio, José Serra ou Alckmin, tinha uma grande capacidade de conciliação política. Era uma pessoa que conhecia o Brasil, preparado, acho que ele vai fazer falta à oposição e ao seu partido no Brasil", avaliou.

O deputado federal pernambucano João Paulo (PT) relembrou que enfrentou Sérgio Guerra diversas vezes nos períodos eleitorais. "Ele sempre cumpriu um papel importante, pela liderança que era no estado e a liderança nacional. É lógico que a bancada do PSDB perde e vai sentir tanto no estado, quanto no âmbito nacional. Sabemos que ele era um componente importante em qualquer disputa, um adversário sempre forte", apontou.

O presidente da Alepe, deputado Guilherme Uchôa (PDT), lembrou que, apesar das diferenças políticas, era um amigo muito próximo de Guerra e acompanhou de perto a evolução do quadro de saúde. "Mesmo nas adversidades políticas, nós tivemos sempre um sentimento de amizade muito grande, muito forte. Ainda há menos de um mês, tive a oportunidade de jantar na casa dele, acompanhar o estado de saúde dele", explicou. O espírito conciliador de Sérgio Guerra também foi relembrado por Uchôa. "Ele era um homem querido, ninguém reunia tanta gente de diversas correntes políticas", avalia Uchôa.

A deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB) recordou que conheceu Sérgio Guerra há 30 anos, quando ainda era jornalista de política no Jornal do Brasil. "Com todos nós, Sérgio era um grande amigo. As pessoas dizem que políticos não fazem amigos, que os amigos são da política, mas Sérgio tinha os amigos políticos e os amigos da política. Ele fazia muita amizade, então, nesse momento, todos sentem muito", afirmou.

Durante o velório, a deputada se emocionou algumas vezes, mas se mostrou confiante quanto ao futuro do PSDB em Pernambuco e afirmou que uma reunião deve ser marcada para a próxima semana para definir os rumos do partido. "Realmente perdemos a nossa "cabeça" e temos que ter condições de continuar unidos [quanto] partido, temos grandes lideranças ainda, como Daniel Coelho, Elias Gomes, Betinho Gomes, Bruno Araújo. Neste momento, temos que nos unir e levar o partido para a frente", comentou.

Uma parte do plenário da Assembleia Legislativa foi reservada para abrigar a grande quantidade de coroas de flores recebidas pelo cerimonial. O volume demonstra a veracidade da fama de conciliador que Sérgio Guerra carregava, pela sua capacidade de articulação e disposição para conversar com políticos de todos os lados.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir