Categoria Geral  Noticia Atualizada em 21-03-2014

Canoa havaiana vence corrida contra barca entre Niterói e Rio
Embarcação da CCR partiu antes do horário previsto e sem passageiros, mas nem assim conseguiu atracar primeiro
Canoa havaiana vence corrida contra barca entre Niterói e Rio
Foto: g1.globo.com

NITERÓI - Quem torce por um time de futebol sabe: os 30 minutos da prorrogação de uma final de campeonato parecem uma eternidade. E o que dizer dos 30 minutos que antecedem o tão esperado momento do "sim" matrimonial? Porém, não falta quem diga, todos os dias, que nenhuma meia hora demora mais do que a gasta na travessia da Baía de Guanabara. Muitas vezes, esse é o tempo que dura uma viagem feita numa das barcas antigas da concessionária CCR. Pensando nas muitas reclamações que recebe de passageiros, O GLOBO-Niterói propôs um desafio a uma equipe de seis remadores: competir numa canoa havaiana contra uma barca, numa corrida entre as estações Araribóia e Praça Quinze.

o dia combinado (sábado passado), Luiza Perin, Fabiano Faria, Fábio Valongo, Bruno Couto, Thiago Barcellos e Milla Fummian chegaram apreensivos ao ponto de encontro, a Praça Araribóia. Também pudera: era a primeira vez que encarariam tal competição, e, além disso, precisaram remar da Praia de Charitas, onde guardam a embarcação, até o local. Faltavam poucos minutos para as 8h quando os amigos se posicionaram ao lado da barca Vital Brazil, que já estava com o motor ligado.
"Vital Brazil" queimou a largada
Os atletas perguntaram ao comandante da embarcação rival (construída em 1962) qual o horário de saída. "Vai partir às 8h’’, disse ele. Perfeito. Os amigos emparelharam e esperaram o apito. Mas, no horário informado, foi uma outra barca que iniciou a viagem rumo à Praça Quinze.
Pegos de surpresa, os remadores perguntaram novamente o horário de saída. Dessa vez, o comandante afirmou que seria às 9h. Luiza perguntou:"Tem certeza?’’. E destacou que todos estavam ansiosos para competir com a barca. Ele confirmou a informação e virou as costas. Decepcionados, já que teriam de esperar quase uma hora, os remadores decidiram atracar na areia e esperar. Enquanto remavam até a pequena praia ao lado da estação, ouviram o apito da barca. Olharam para trás e viram a Vital Brazil deixando o píer, em marcha a ré.
Assim, sem qualquer passageiro, numa tentativa de "queimar a largada’’, a barca deu início à corrida. Pelo cronograma da CCR Barcas, nos fins de semana, parte uma barca a cada 30 minutos, de Niterói para o Rio. Quando a Vital Brazil sinalizou a saída com mais três apitos, havia passado apenas oito minutos desde a saída da barca das 8h.
"Sprint final" garante a vitória

Mesmo com a largada inesperada da rival, os remadores decidiram entrar em ação. "É agora ou nunca", gritou um deles. Enquanto a Vital Brazil manobrava para se posicionar de frente para o Rio, a canoa abriu larga vantagem. Por 13 minutos da disputa, os remadores lideraram com folga. Mas foi a partir daí, bem na metade do trajeto, que a tripulação da barca começou a mostrar que entrara de verdade na competição. Bem leve, já que estava sem os dois mil passageiros que costuma transportar, a Vital Brazil deixou a canoa para trás.

Mas quase na linha de chegada, as posições se inverteram novamente.
Ao se aproximar da Praça Quinze, a barca precisou reduzir a velocidade para atracar. Os remadores usaram a energia que tinham guardado para esse momento crucial e, num incrível "sprint final", chegaram na frente. A canoa havaiana completou a travessia em 26 minutos.

Dois minutos depois, a Vital Brazil, que "cantou pneu’’ como há muito não se via, alcançou o píer. A velocidade média registrada pela canoa na travessia foi de 11km/h. A máxima chegou a 14km/h. A distância percorrida foi de 4,83km.

— Não foi fácil. A barca estava sem passageiros, não havia peso algum a bordo, o que dificultou muito a competição. Além disso, enfrentamos vento e maré em sentido contrário — disse a remadora Luiza, ofegante e orgulhosa.

Passageiros apostariam na canoa

Ao serem informados sobre o resultado, passageiros das barcas não demonstraram surpresa.

— Se eu soubesse remar, iria sempre de canoa para o Rio. Pego a barca todos os dias e sei que demora uma eternidade. Além disso, está cada vez mais lotada — afirmou a estudante Bárbara Souza.

Ao saber da corrida, o fisioterapeuta Wagner Freitas, que trabalha em Niterói e mora no Rio, ficou animado a experimentar o desafio.

— Costumo remar de caiaque, quero tentar também. As barcas antigas podem ser boas para passeios turísticos, mas não deveriam mais fazer o transporte de passageiros que têm hora para chegar ao trabalho — disse ele.

A estudante Taylanne Pereira apontou um outro problema nas barcas antigas:

— Elas são cheias de baratas.

A CCR Barcas afirma que a velocidade máxima que a Vital Brazil atinge é 22km/h e que as embarcações antigas são fundamentais para a operação do sistema enquanto não chegam os sete catamarãs encomendados a uma empresa chinesa. A entrega das embarcações está prevista para 2015.

Sobre a saída da Vital Brazil antes do horário previsto, a CCR afirma que a barca não estava operando na linha Niterói-Praça Quinze e que foi ao Rio para pegar passageiros que iriam a Paquetá.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir