Categoria Geral  Noticia Atualizada em 08-04-2014

Em PE, setor gesseiro do Araripe teme chegada da Transnordestina
Empres�rios acreditam que ferrovia pode falir pequenas ind�strias. Categoria reclama que falta matriz energ�tica para beneficiar gipsita.
Em PE, setor gesseiro do Araripe teme chegada da Transnordestina
Foto: g1.globo.com

A Ferrovia Transnordestina vai cortar 34 munic�pios de Pernambuco. Os atrasos nas obras, que tinham previs�o de ser conclu�das em 2010 e foram adiadas para 2016, s�o apontados como entraves para o desenvolvimento do estado, em especial do polo gesseiro da regi�o do Sert�o do Araripe. Por�m, se a vinda da ferrovia de Araripina, no Sert�o, at� o Porto de Suape, no Litoral Sul, � vista com otimismo pelo secret�rio de Desenvolvimento Econ�mico, M�rcio Stefanni, os empres�rios do setor gesseiro encaram com preocupa��o a chegada dos trens � mesmo que daqui a alguns anos, devido aos atrasos.

Atualmente os trilhos chegam at� Parnamirim e os canteiros de obras est�o abandonados, com a vegeta��o come�ando a tomar conta do entorno em alguns pontos. Mesmo assim, no Araripe, as obras da Transnordestina s�o encaradas como um sinal de alerta. A expectativa de vencer o gargalo do transporte vem sendo substitu�da pela desconfian�a e preocupa��o de que os trens sirvam para levar a mat�ria-prima embora, prejudicando mais que ajudando as ind�strias da regi�o.

Atualmente, a regi�o � a principal produtora de gesso do pa�s, concentrando aproximadamente 80% das minas brasileiras. De acordo com informa��es do Sebrae, o polo conta com aproximadamente 700 empresas, distribu�das pelos munic�pios de Araripina,
Trindade, Ipubi, Ouricuri e Bodoc�, gerando 12 mil empregos diretos. O Sindicato da Ind�stria do Gesso do Estado de Pernambuco (Sindusgesso) � uma das vozes alarmadas. "A ferrovia hoje � uma amea�a. Pode transformar isso aqui em um grande buraco. Podem vir buscar gipsita para produzir o gesso nas capitais", avalia o diretor, Hildelberto Alencar.

A preocupa��o, explica, est� ligada � dificuldade enfrentada atualmente no polo, relacionada � matriz energ�tica para transformar a gipsita extra�da pelas mineradoras em gesso e, depois, em placas e outros produtos. "A gente percebe que a ferrovia chega tarde.

N�o � que ela n�o possa contribuir, mas veio com uma vis�o deslocada do gesso e n�o vai chegar com a compensa��o de matriz energ�tica e mat�ria-prima do setor. Ela � importante, mas n�o como era no in�cio, que era a solu��o dos nossos problemas", aponta Alencar.

As �ltimas f�bricas de grande porte do setor gesseiro, explica, n�o foram mais instaladas no Sert�o do Araripe, mas sim em estados como S�o Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. "As grandes ind�strias n�o podem esperar a ferrovia ficar pronta. A regi�o n�o consome gesso, quem consome gesso s�o os grandes centros. Hoje, 95% do setor [no Araripe] dependem da lenha [como matriz energ�tica], o que n�o � de forma alguma sustent�vel", explica Alencar, que tamb�m � empres�rio e n�o instalou suas �ltimas f�bricas na regi�o do Araripe.

Trabalhando h� 20 anos no setor gesseiro, Assis Alencar J�nior � dono de uma calcinadora - f�brica respons�vel por transformar a gipsita em gesso atrav�s de queima - em Ouricuri e admite que n�o consegue enxergar benef�cios imediatos com a ferrovia. "Eu pego a gipsita in natura, levo para minha f�brica, beneficio e transformo em gesso. A nossa dificuldade aqui � a matriz energ�tica, n�o tem g�s [a um pre�o competitivo]. Pode haver essa log�stica para transportar esse min�rio para ser beneficiado em outro lugar. Isso gera uma grande preocupa��o", aponta.

A Companhia Pernambucana de G�s (Coperg�s) explicou, por meio de nota, que leva o g�s natural at� a regi�o do Araripe em cilindros especiais acondicionados em carretas apropriadas. O gasoduto atualmente vai at� a cidade de Caruaru e a companhia afirma que se prepara para licitar a constru��o de um novo trecho, chegando at� Belo Jardim e Arcoverde, ambas no Sert�o. H� tamb�m um projeto para a esta��o de G�s Natural Liquefeito (GNL), que permitiria levar o g�s natural para Araripinana forma l�quida, mas n�o h� informa��es sobre uma poss�vel amplia��o do gasoduto at� a cidade.

O secret�rio de Desenvolvimento Econ�mico do estado, M�rcio Stefanni, discorda da avalia��o dos empres�rios. Al�m de escoar produtos do Nordeste, como o min�rio de ferro e a soja do Piau�, os gr�os da Bahia e o gesso do Araripe, no Sert�o pernambucano, a ferrovia pode auxiliar na quest�o da matriz energ�tica ao levar de trem o g�s liquefeito.

"O estado tem procurado a iniciativa privada para colocar um terminal de regaseifica��o em Suape. O trem que pode levar a gispsita, pode levar g�s. O que � caro de caminh�o, se torna mais barato levado no trem. O trem pode levar essa matriz energ�tica", avalia o secret�rio.

Mas a outra desconfian�a do setor est� justamente na viabilidade real do transporte. O frete atrav�s de caminh�es da regi�o do Araripe at� Suape custa, em m�dia, R$ 85 por tonelada. Com a Transnordestina, os produtores v�o ter que pagar o frete de pequena dist�ncia at� a ferrovia, o transporte ferrovi�rio, al�m do transporte seguinte para chegar aos produtores - fora o servi�o de carregar e descarregar os ve�culos, que � chamado de tombo de redespacho. "Ent�o, a gente tem tr�s tombos de redespacho. Cada tombo desse voc� n�o faz por menos de R$ 20. Para ser vi�vel, a ferrovia teria que custar R$ 5, e a gente sabe que n�o vai. Deve ser em torno de R$ 50", calcula Alencar.

Para evitar que as ind�strias deixem o polo gesseiro, o secret�rio lembra que os empres�rios t�m incentivo do governo, com cotas menores de ICMS. "Acho que quem resolve essas quest�es [de instala��o de f�bricas] � a din�mica do mercado. Ele dita onde quer ficar. O estado de Pernambuco alterou as pol�ticas fiscais. Quem est� em Araripina ter� uma pol�tica de ICMS menor que em outros locais [no estado]", explica.


Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir