Categoria Policia  Noticia Atualizada em 15-04-2014

Pai de menino achado morto no RS ligou para rádio e pediu ajuda
Corpo de garoto de 11 anos foi encontrado em matagal no Norte do RS. Pai, madrasta e amiga são suspeitos do crime e estão presos, diz polícia.
Pai de menino achado morto no RS ligou para rádio e pediu ajuda
Foto: g1.globo.com

Dois dias após o suposto sumiço do filho, o pai de Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, procurou uma emissora de rádio de Porto Alegre para pedir ajuda nas buscas ao menino. A criança, cujo corpo foi encontrado na noite de segunda-feira (14) enterrado em um matagal no interior do município de Frederico Westphalen, no Norte do Rio Grande do Sul, estava desaparecida há 10 dias até o desfecho trágico.

"A gente está com uma força-tarefa com a Polícia Civil, Brigada Militar, procurando esse menino, que é o Bernardo Uglione Boldrini. Ele está desaparecido há uma semana", relatou no último domingo (13) Leandro Boldrini, pai do garoto, à Rádio Farroupilha.

O médico morava em Três Passos, a cerca de 400 quilômetros de Porto Alegre, no Noroeste do Estado. Ele vivia com o filho e a mulher, madastra da criança. Segundo a polícia, a mãe biológica cometeu suicídio em fevereiro de 2010 com um tiro na cabeça, no consultório onde o ex-marido, pai do garoto, trabalhava na época

De acordo com a delegada Caroline Virginia Bamberg, responsável pela investigação, o casal e uma amiga são suspeitos do crime. O trio foi detido na noite de segunda-feira (14) depois que o corpo da criança foi encontrado. Eles ficarão presos por 30 dias. Devido à comoção na cidade e por não haver cela especial no Presídio de Três Passos, os três suspeitos foram transferidos para um local não informado pela polícia. O casal tem ainda uma filha de 1 ano e um mês.

No depoimento à emissora de rádio, o pai descreve as características físicas do filho. "Ele é um menino moreno, cabelo curtinho, de 1,5m de altura, peso de 34, 35 kg. Ele desapareceu de Três Passos. Ele morava comigo, com a nossa família. A gente não tem pistas de onde pode estar esse menino", ressalta o homem. "A informação que a gente tem é que ele saiu de casa para ir na casa do amiguinho, mas não chegou na casa do amiguinho. Eu fui na casa do colega, mas ele não estava lá", destaca.

Segundo o pai, o menino vestia o uniforme do colégio, camiseta preta e calça vermelha no dia do desaparecimento: 4 de abril. "Mas não tenho como precisar exatamente", pondera. Ao final do relato, ele pede que informações sobre o paradeiro do filho sejam repassados ao telefone 190.

Crime provoca comoção em Três Passos

O corpo de Bernardo Uglione Boldrini está sendo velado no ginásio de esportes da escola onde ele estudava em Três Passos. Nesta quarta (16), ele será sepultado em Santa Maria, na Região Central do estado, no mesmo cemitério onde a mãe está enterrada.

O crime chocou a comunidade de Três Passos, município com cerca de 24 mil habiantes. Comovidos, moradores lotaram o velório Colegas de aula de Bernardo estavam presentes, e alguns lembraram que o menino era bastante religiosos. O suposto distancimento de Bernardo dos pai e da madrasta também foi destacado por famílias que conheciam o garoto.

Órfão de mãe, o garoto já havia se queixado de abandono familiar, segundo a delegada Caroline Bamberg. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (15), ela afirmou que o menino chegou a procurar o Judiciário por conta própria, no início deste ano, para falar do assunto. Uma ex-babá do menino confirmou que o garoto recebia pouca atenção do pai e da madrasta "Ela sempre afastava o menino dela. Agredia com palavras", disse Helaine Marisa Wentz.

Caso corre em segredo de Justiça

A investigação sobre o caso corre em segredo de Justiça e poucos detalhes são fornecidos à imprensa. Entretanto, de acordo com a delegada Caroline, a amiga do casal relatou à polícia onde o corpo de Bernardo Uglione Boldrini estava enterrado.

A Polícia Civil disse ter certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher no sumiço do menino. "Precisamos identificar o que cada um fez para a condenação", afirmou aos jornalistas. Os três estão presos preventivamente por 30 dias.

O menino foi morto com uma injeção letal, segundo a Polícia Civil, o que ainda deverá ser confirmado pelo laudo. O corpo dele passará por perícia, já que foi encontrado em estado de decomposição.

De acordo com a família, Bernardo saiu de casa no dia 4 de abril, para dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do colega, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4 de abril, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a criança estava no carro.

"O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada", relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga da PRF. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir