Categoria Geral  Noticia Atualizada em 08-05-2014

Com 20 anos de carreira, Gisele rejeita o posto de número 1: "meu título mesmo é o de mulher feliz"
Top fala dos filhos, da relação com Tom Brady e do amor por chocolate meio amargo
Com 20 anos de carreira, Gisele rejeita o posto de número 1:
Foto: ela.oglobo.globo.com

RIO - Minutos antes de ter o meu primeiro encontro oficial com Gisele Bündchen, em fevereiro, durante a semana de moda de Nova York, dei uma rápida olhada no Instagram para conferir a tal foto que todos estavam comentando, em que a modelo aparecia com um vestidinho preto que marcava toda a sua silhueta. Gisele estava estonteante. Quando finalmente entrei na sala, lá estava ela, com o mesmo look, mas totalmente relaxada, comendo um wrap de lagosta.

Sem cerimônias, Gisele, capa da revista Ela Luxo - que circula nesta quinta-feira dentro da versão impressa do GLOBO - me cumprimentou com um beijo e um abraço, e se acomodou ao meu lado. A pauta — para usar um termo jornalístico — era sobre o lançamento do novo perfume da estilista venezuelana Carolina Herrera. Mas a top mal falou sobre a fragrância. À vontade, ela foi logo dando uma receita: uma musse de frutas bem simples — não bastasse ser a modelo número um do mundo, Gisele ainda sabe cozinhar.

— Eu amo fazer sobremesas. Eu adoro doces, mas não vou comer qualquer coisa com açúcar, que é um veneno. Nosso corpo não consegue processá-lo bem. O açúcar te deixa para cima, mas logo você fica para baixo. Tenho um arquivo cheio de receitas no meu computador — comenta Gisele, que toda manhã toma uma xícara de água morna com limão (às vezes, ela incrementa a bebida com pimenta-caiena) para limpar o organismo logo cedo.

De bom humor, a modelo engatou num papo animado sobre os mais diversos assuntos, incluindo as mil definições que ganhou ao longo de quase 20 anos de carreira. Os títulos, aliás, ela dispensa:
— As pessoas que me conhecem sabem que moda é o meu trabalho. Não é algo que me define. Aliás, nada me define. Não gosto de definições. Quando sou definida, tenho que caber numa "caixa". E eu não quero isso. Não quero ficar prisioneira. Quero experimentar. O meu título mesmo é o de mulher feliz.

Motivo para tanta felicidade não falta. Aos 33 anos, Gisele, natural de Horizontina, Rio Grande do Sul, é muito bem casada com Tom Brady, jogador de futebol americano, com quem tem dois filhos lindos: Benjamin, de 4 anos, e Vivian Lake, de 1 ano.

— Benjamin é supercarinhoso com a Vivian. Tem horas em que ele adora ser o irmão mais velho, mas em outros momentos tem aquele ciúme natural. Tento ao máximo passar um tempo individual com cada um deles — diz Gisele, que faz questão de ensinar português às crianças. — Quando alguém fala em inglês, chamo logo a atenção. A primeira palavra que ambos falaram foi "mamãe", mais como "mama" do que "mamãe". O Tom sabe algumas palavras táticas, como "eu te amo", para soltar quando precisa.

Além de conversar com os filhos em sua língua, Gisele mantém contato com suas irmãs diariamente:
— Costumo dizer que somos uma empresa familiar. O que é tão bom. Eu vou ao Brasil umas cinco ou seis vezes ao ano. Eu sei o que acontece no país, quando chego, leio os jornais.
Gisele fica ainda mais entusiasmada ao falar de sua marca de lingerie, a Gisele Bündchen Intimates. Ela não desenha as peças, mas acompanha todo o processo, dá palpites e seu toque pessoal à coleção. É praticamente o seu terceiro filho.

— Temos um grupo de estilistas trabalhando para buscar inspiração para a marca. Eu também procuro trazer novidades de minhas viagens pelo mundo. A ideia é que a marca esteja sempre conectada com o que há de mais atual no mundo da moda. Estamos sempre tentando inovar de todas as formas. Aliás, acabamos de lançar o novo site da grife, que tem uma navegação mais fácil e um layout bem moderno — avisa a modelo.

Sem pudores, Gisele, que ocupou o cobiçado posto de angel da Victoria’s Secret, ganhando, inclusive, asas poderosas, revelou suas preferências no universo do underwear:
— Tudo depende da ocasião. Para o dia a dia, gosto de lingeries mais básicas, mas sem perder o lado sensual. Calcinhas fio-dental são uma boa opção para não marcar a roupa. Para os momentos mais especiais, adoro peças com renda e seda.

Em público, ela não economiza: costuma abusar de decotes generosos e de fendas vertiginosas.

— Geralmente, recebo várias opções de looks para escolher. Seleciono as peças de que mais gosto para provar e aí decido o que fica melhor. Procuro estar de acordo com o que a festa propõe. Se o estilo é mais rock, encaro um visual mais descontraído (pense no baile de gala do MET do ano passado, quando a modelo elegeu um vestidinho bem sexy do estilista belga Anthony Vaccarello), se for um evento mais formal, uso algo mais discreto. O mais importante é que eu me sinta bem com o que estou vestindo — aponta a gaúcha.
Aproveito a deixa para saber o segredo de sua comentada forma.

— Carregar meus filhos é o exercício número um, ainda mais quando os dois querem colo ao mesmo tempo — diverte-se a top. — O tipo de exercício que faço depende muito do lugar em que estou. Tento praticar todos os dias, mas, quando estou com agenda de viagem, acabo não conseguindo. De qualquer forma, procuro tirar pelo menos 15 minutos no dia para me alongar e fazer um pouco de ioga e meditação. Sou eclética quando o assunto é exercício. Gosto de kung-fu, surfe, vôlei, pilates, boxe. E também gosto de caminhadas ao ar livre. Adoro movimentar meu corpo.
E futebol americano?

— Demorei um pouco até entender todas as regras, é bem complexo, com muitos jogadores. Mas já compreendo bem. Definitivamente, não é o tipo de esporte que eu tentaria jogar, pois o contato físico é superintenso.

Gisele também é cuidadosa com a alimentação, ainda mais depois que passou dos 30 anos:
— Mudei bastante minha alimentação. Procuro ingerir alimentos orgânicos, como vegetais, frutas e grãos. Eventualmente, peixe e, raramente, frango ou carne vermelha. Tenho uma quedinha por chocolate meio amargo e como um pedaço todos os dias. Percebi que, comendo dessa forma, sinto mais energia, além de ter menos oscilações de humor.

Ano que vem, Gisele Bündchen completará duas décadas de carreira ("Tenho várias ideias nas quais estou trabalhando para celebrar a data. Vejo como uma grande conquista poder comemorar 20 anos nessa profissão"), mas ela jura que nunca imaginou que chegaria tão longe, que ocuparia a primeira colocação no ranking das modelos mais ricas e influentes do mundo, deixando para trás Kate Moss, Cindy Crawford, Claudia Schiffer, Helena Christensen, Christy Turlington, Stephanie Seymour, Naomi Campbell e Linda Evangelista — tops que ganharam fama nos anos 1990 e que seguem na ativa:
— Desde que surgiu a oportunidade de eu ser modelo, sempre trabalhei duro e dei o melhor de mim. Mas não tinha ideia da proporção que isso poderia tomar, até porque, na época, não entendia muito sobre esse mundo. Apesar das dificuldades iniciais, de ter recebido "não" para vários trabalhos, logo que comecei minha carreira percebi que, de alguma forma, me encaixava na profissão, não só por ser alta e magra, mas porque o trabalho me envolvia.

Tinha curiosidade sobre tudo. Gostava de observar e aprender sobre luz, moda, maquiagem, cabelo... Estava interessada em todos os aspectos da criação. Mas foi quando fiz minha primeira capa de "Vogue" América, aos18 anos, que senti que tinha um potencial maior.
Com campanhas para Dolce & Gabbana, Dior, Versace, Balenciaga, Givenchy, Louis Vuitton, Loewe, Isabel Marant, Valentino, Roberto Cavalli, Emilio Pucci e Missoni — só para citar algumas, que fique claro — no currículo, Gisele não pensa em aposentar o salto alto. Ela quer muito mais.

— Apesar de já ter feito muitas coisas no mundo da moda, acho que sempre há algo novo para experimentar, novos desafios. Eu sou uma pessoa movida a sonhos. Também estou em constante busca do autoconhecimento e ainda tenho muito para aprender — diz a modelo.
Acostumada a discutir qualquer tema que entre na roda, pergunto se tem algo que ela gostaria que as pessoas soubessem a seu respeito:
— Sou perguntada sobre os mais diferentes assuntos, mas acho que nunca falei profundamente sobre minhas crenças. Eu realmente acredito que o amor pode mudar tudo. Se pudesse deixar uma mensagem aqui, diria: trate o mundo (pessoas, animais e meio ambiente) com mais amor.

O mundo está precisando de mais amor.

A conversa ficou mais séria ao colocarmos espiritualidade na roda:
— Eu vejo a vida como um presente. É muito linda a oportunidade de termos uma experiência num corpo. Quanto mais você olha para dentro, mais felicidade e alegria você encontra. A resposta nunca está fora.

Antes de nos despedirmos, Gisele ainda entregou que é fã número um de Chico Xavier, que seu filme "fa-vo-ri-to" é "Nosso lar" e que não abre mão de um bom livro. Após essas "revelações", dei um até logo, com a promessa de que teríamos belas fotos para ilustrar esta matéria.

Com Gisele Bündchen é assim: promessa feita, promessa cumprida.

Fonte: ela.oglobo.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir