Categoria Geral  Noticia Atualizada em 16-05-2014

Paralisação de motoristas gera protestos de passageiros em Goiás
Até o fim da manhã, 27 ônibus foram depredados e 17 pessoas, detidas. Terminais Bandeiras e Praça A estão fechados; outros seis têm problemas.
Paralisação de motoristas gera protestos de passageiros em Goiás
Foto: g1.globo.com

Uma paralisação de motoristas de ônibus gera transtornos aos usuários do transporte coletivo nesta sexta-feira (16) na Grande Goiânia. Passageiros revoltados com a falta de atendimento começaram um protesto no início desta manhã, que resultou em quebra-quebra e depredação de, pelo menos, 27 ônibus, sendo 15 convencionais e 12 que fazem a linha do Eixo Anhanguera. Os terminais Bandeiras, no Jardim Europa, e Praça A, no Setor Campinas, estão fechados. Outros seis terminais estão com o atendimento comprometido. Até o final da manhã, 17 pessoas haviam sido detidas.

De acordo com a Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC), o atendimento no Terminal Bandeiras foi totalmente interrompido, depois que usuários quebraram lixeiras e depredaram 15 ônibus. O Batalhão de Choque da Polícia Militar foi acionado para garantir a segurança do local e chegou a usar balas de borracha e bombas de efeito moral.

Posteriormente, o batalhão foi deslocado para o Terminal Praça A. A situação foi controlada por volta das 11h20, mas policiais militares permanecem em todos os terminais da Região Metropolitana. Não há registro de feridos. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) informou que atendeu dois passageiros que passaram mal na Praça A e no Terminal Garavelo.

Segundo a PM, alguns passageiros também tentaram saquear máquinas que vendem alimentos e bebidas durante o protesto. Todos os detidos, segundo a corporação, devem ser autuados pela prática de vandalismo e depredação dos patrimônios público e privado.

A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), que regula o transporte público na Região Metropolitana, diz que houve uma tentativa de incêndio contra um ônibus biarticulado do Eixo Anhanguera. A Metrobus Transporte Coletivo, responsável pela operação do Eixo Anhanguera, informou que as linhas ficaram prejudicadas por 3 horas, mas a operação foi normalizada por volta das 11h.

Além do Terminal Bandeiras, segundo a RMTC, motoristas fecharam o Terminal Praça A, no Setor Campinas, em Goiânia, por volta das 10h30. Ainda há registro de problemas nos terminais Praça da Bíblia, na capital, e Cruzeiro, Garavelo, Veiga Jardim, Vila Brasília e Araguaia, em Aparecida de Goiânia, onde os ônibus circulam apenas por fora dos terminais.

Ainda de acordo com a RMTC, 131 linhas de ônibus das 272 que circulam na Grande Goiânia foram diretamente afetadas. Por dia, são atendidos cerca de 500 mil usuários. O órgão ainda não tem o levantamento de quantos passageiros foram prejudicados nesta manhã.

Transtornos

Devido à paralisação nos terminais, usuários dizem que tiveram de contar com ajuda de amigos para chegar ao trabalho ou então recorrer a táxi e mototáxi. O vendedor Marcos Paulo de Oliveira registrou a espera e insatisfação dos passageiros do Terminal Praça A, em Campinas.

"Eu me sinto completamente desrespeitado porque o poder público não faz nada. Eu ando de ônibus porque não tenho opção, porque não tem qualidade nenhuma no transporte",afirmou o vendedor, que enviou as imagens do tumulto no Terminal da Praça A (veja vídeo acima) pela ferramenta de jornalismo colaborativo VC no G1.

Para chegar ao trabalho, Marcos diz que precisou pagar R$ 30 para um mototaxista levá-lo ao trabalho. Segundo o vendedor, o valor é três vezes maior do que o cobrado em dias normais.

Reivindicações

De acordo com o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia e Região Metropolitana (Sindicoletivo), a paralisação dos motoristas ocorre porque a categoria não aprova o acordo feito pelo Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo de Passageiros de Goiânia (Setransp) e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Goiás (Sindittransporte), representante legal dos motoristas, que concedeu um aumento de 7% ao salário dos funcionários.

Com o acordo, o salário dos motoristas, que era de R$ 1.445,14, foi reajustado para R$ 1.546,30 e o vale-alimentação, que era de R$ 375, passa a ser R$ 435. Representantes do Sindicoletivo afirmam que não foram convidados para participar das negociações entre motoristas e empresas e avaliam a possibilidade de decretação de greve. "A categoria reivindica que as empresas façam uma assembleia com os motoristas para que a categoria avalie qual deve ser o reajuste na remuneração", afirmou ao G1 o advogado do Sindicoletivo, Nabison Santana Cunha.

Segundo o advogado, o Sindicoletivo lamenta os protestos registrados nesta sexta-feira. "Nós lamentamos esses atos da população. Não era a intenção da categoria provocar essa situação de quebra-quebra. Os motoristas também são tão vítimas dos problemas do transporte público quanto os usuários", ressaltou.

Procurado pelo G1, o presidente do Sindittransporte, Alberto Magno Borges, afirmou que o reajuste salarial de 7% foi amplamente discutido e aprovado pelos motoristas. "Fizemos consultas nas garagens, nos terminais de ônibus, com todos envolvidos. O Sindicoletivo não representa a categoria oficialmente e apenas tumultua as negociações. Não compactuamos com o ato promovido por eles hoje", ressaltou.

Já a assessoria de imprensa do Setranp informou que o órgão participou das negociações, juntamente com o Sindittransporte e com a anuência do Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT). Ainda segundo o sindicato, tudo feito "dentro da legalidade".

A CMTC ressaltou, ainda, que oficiou o MPT pedindo apoio na fiscalização em relação a possíveis movimentos grevistas sem a devida legalidade.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir