Categoria Geral  Noticia Atualizada em 05-06-2014

Testemunha nega versão do hospital sobre socorro a fotógrafo no Rio
Passageiro de ônibus diz que 3 pessoas pediram ajuda no INC. Fotógrafo de 63 anos passou mal e não conseguiu socorro no hospital.
Testemunha nega versão do hospital sobre socorro a fotógrafo no Rio
Foto: g1.globo.com

Uma nova testemunha sobre a tentativa de socorro ao fotógrafo Luiz Cláudio Marigo, que morreu dentro de um ônibus em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia (INC) em Laranjeiras, Zona Sul, na segunda-feira (2), rebateu a versão da direção do hospital, que negou a omissão no atendimento. Como mostrou o Bom Dia Rio desta quinta-feira (5), Bruno Py, um dos passageiros do ônibus da linha 432, procurou a equipe de reportagem para contar a versão dele sobre o episódio.

"Que eu tenha visto, o motorista foi pedir ajuda, uma outra senhora chegou a pedir ajuda, eu fui até o local pedir ajuda. No mínimo, umas 3 pessoas foram até o local pedir ajuda", disse.

O relato desta testemunha rebate a explicação da médica Cynthia Magalhães, diretora do IMC, que afirmou em entrevista no estúdio nesta de terça-feira (3) que uma passageira foi pedir ajuda aos funcionários da recepção e que "a senhora não soube precisar a gravidade" no caso.

"Não houve omissão de socorro e não houve erro, na nossa avaliação interna. Nenhum membro da equipe médica ou de enfermagem foi notificado de que havia um paciente passando mal dentro de um ônibus. Funcionários de portaria e segurança disseram que uma senhora chegou dizendo que precisava de alguém para ver um paciente passando mal na rua. Acho que houve uma má informação da gravidade do que estava acontecendo ali", explicou.

No entanto, Bruno disse ainda que os passageiros que foram ao hospital detalharam sim a gravidade da situação e que três funcionários do IMC negaram atendimento por falta de emergência no local.

"Eu pedi pras pessoas que estavam na recepção. Havia 3 pessoas ali no momento. Dois homens e uma mulher. Falei que havia um senhor desmaiado, que estava inconsciente dentro do ônibus, estava com a respiração fraca, batimento cardíaco fraco e precisava de ajuda, pelo menos pra alguém prestar o primeiro socorro. Um me respondeu que ali não havia emergência, que não poderiam fazer nada e não era a primeira vez que aquilo acontecia no local, que já havia casos desse tipo e eles não podem fazer nada devido a não ter emergência no local", detalhou Bruno.

A viúva de Luiz Cláudio Marigo, Cecília Banhara, também contestou a explicação da direção da unidade hospitalar. Para ela, a falha de diagnóstico da equipe médica sobre o que ocorria do lado de fora, no ônibus parado em frente à portaria do IMC, é "imperdoável".
"Não acredito que esse segurança não percebeu nada. Um ônibus parado fora ponto, em frente ao hospital, um motorista pedindo socorro, não acredito nessa historia que ela contou, isso é imperdoável."

Em nota, o Instituto Nacional de Cardiologia (IMC) disse que vai aguardar a investigação da Polícia Civil para se manifestar novamente sobre o episódio. A direção afirmou ainda que está colaborando para que o resultado da apuração saia o mais rápido possível.
O Ministério da Saúde, responsável pelo Instituto, informou que só vai se pronunciar após o término das investigações. Sobre o protocolo de atendimento a pacientes, que chegam passando mal a unidades sem emergência, o Ministério também disse que qualquer mudança só vai ocorrer depois da apuração policial.

Investigações

A Polícia Civil segue com as investigações para saber se houve omissão de socorro. Na tarde desta quarta (4), agentes da 9ª DP (Catete) estiveram no Instituto Nacional de Cardiologia para fazer diligências. O segurança do hospital, que estava de plantão quando o ônibus chegou, foi o primeiro a ser ouvido pelos policiais. O motorista e o cobrador, que já tinham prestado depoimento no registro da ocorrência, vão ser ouvidos novamente.
Pela manhã, o filho de Luiz Cláudio Marigo agradeceu o motorista, que tentou salvar a vida do pai. O motorista ganhou dois livros do fotógrafo, que, ao longo de 30 anos de profissão, lançou livros sobre a fauna e flora brasileiras e até fanhou prêmios.

"O mais importante era dar uma abraço nele e agradecer ele ter feito, ele ter sido um ser humano, de ter a humanidade de tentar salvar a pessoa, enquanto que quem poderia ter salvo, infelizmente não foi humano", disse Victor Banhara, filho do fotógrafo.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir