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Travestis rompem preconceitos e fazem sucesso no mundo do funk

MC Xuxu, MC Transnitta e Mulher Banana se consolidam como cantoras. Internet ajuda a fazer com que o trabalho se torne mais conhecido.
Travestis rompem preconceitos e fazem sucesso no mundo do funk

Foto:Foto: Cristina Boeckel

Se durante muito tempo o funk foi considerado um ritmo com profus�o de letras homof�bicas, uma gera��o de artistas homossexuais est� disposta a mostrar que o g�nero tamb�m tem espa�o para o p�blico LGBT.

Tr�s deles, as cantoras e compositoras Carol Vieira, a MC Xuxu; Camilla Monforte, a MC Transnitta; e Julyanna Barbosa, a Mulher Banana; levam para o p�blico m�sicas que colocam em pauta os seus dilemas particulares. Em outras de suas obras, os temas s�o absolutamente universais.

Com dez anos de estrada e com uma carreira voltada para o humor, Julyanna Barbosa come�ou a cantar em bailes funk quando o �nico homossexual que subia ao palco era Lacraia, dan�arina de MC Serginho.
Ela afirma que se descobriu como homossexual com 4 anos. "Eu cheguei na escola e vi que o meu uniforme era diferente. Eu queria saber por que n�o podia ter o cabelo grande, usar fita, meia tr�s quartos e saia de pregas."

M�sica ajudou em transi��o
Naquele tempo, ela ainda tinha formas masculinas e era professor de lambaer�bica em Queimados, na Baixada Fluminense. Sua trajet�ria come�ou a mudar quando ganhou espa�o no programa de r�dio de uma amiga.
Ap�s pedir permiss�o aos pais para se expor e, consequentemente, acabar revelando a sua sexualidade para toda a vizinhan�a no programa de r�dio, Julyanna come�ou a ganhar espa�o usando o pseud�nimo de Garota X. Ao longo do tempo, passou a compor vers�es com a vis�o gay de sucessos consagrados. Logo, come�aram a ser pedidas pelos ouvintes.
Mas a Garota X saiu do arm�rio definitivamente quando em uma apresenta��o em um pagode, ela decidiu cantar.

Um DJ da Furac�o 2000 ouviu e percebeu que ali estaria um sucesso.
A transi��o para as formas femininas que possui atualmente aconteceu diante do p�blico. "Quando eu comecei a cantar, a minha apar�ncia era masculina ainda, porque eu n�o tinha certeza de que ia dar certo. Era um menino com maria chiquinhas, com umas roupas engra�adas. A garota X era um personagem que eu colocava s� no palco. As pessoas come�aram a me reconhecer nas ruas, mesmo trajada com roupas masculinas. Ent�o eu resolvi tirar a Garota X do arm�rio.

Foi quando eu comecei a fazer uso de horm�nios. Foi acontecendo gradativamente com a minha carreira. Eu cantava de cal�a, a minha apar�ncia foi mudando, fui colocando uma cal�a capri e, mais tarde, uma roupa de colegial, que era o meu sonho de inf�ncia."
Julyanna afirma que a presen�a de gays nos bailes funk passou a ser mais comum quando eles come�aram a se enxergar no palco nas figuras dela e de sua amiga Lacraia. E, em todas as apresenta��es, fez quest�o de passar mensagens contra a homofobia ao seu p�blico.
Quando veio a �poca das mulheres-fruta, mais uma vez apelando para o humor que sempre foi comum em duas letras, ela criou o personagem da Mulher Banana, uma evolu��o mais sensual e amadurecida de si.

A m�sica, com versos como: "N�o tem Mulher Melancia, Mulher Jaca ou Moranguinho/ sou a Mulher Banana sou mais o meu popozinho." Acabou por atingir um p�blico inesperado, o das crian�as, e ganhou algumas vers�es de f�s no YouTube.
MC Xuxu faz shows em todo o pa�s
Nascida em Juiz de Fora (MG), a cantora e compositora Carol Vieira, mais conhecida como MC Xuxu, come�ou a carreira cantando rap. "Na minha comunidade, existe a Posse de Cultura Hip Hop Zumbi dos Palmares. Eu ganhei uma letra de um dos membros, a trabalhei e comecei a cantar. Meu primeiro show foi em uma escola, fui bem recebida e gostei da ideia de ser uma cantora porque, at� ent�o, eu s� dan�ava."
A influ�ncia do funk veio ap�s uma temporada de dois anos que a cantora viveu em Jacarepagu�, na Zona Oeste do Rio. Na capital fluminense, Carol frequentou v�rios bailes e passou a gostar da energia do ritmo. "Acabei voltando para a minha cidade com este amor pelo funk carioca" conta ela.

A inspira��o do Rio se reflete em algumas letras que foram compostas na cidade. Este � o caso de Desabafo, seu �ltimo clipe.

Com a influ�ncia de cantoras como Wanessa e Beyonc�, Xuxu utiliza a internet como a principal arma de divulga��o para falar com seu p�blico. Dona do hit Um Beijo, que tem quase um milh�o de visualiza��es, faz quest�o de participar de todas as etapas de produ��o de cada v�deo que vai para a internet.
"O meu foco � o p�blico LGBT. Todas as minhas m�sicas s�o voltadas para n�s. Nas letras eu tento amenizar a homofobia, mostrar a diversidade e tudo o que fale da nossa vida e da minha vida, de uma travesti de 25 anos. Tudo o que eu penso, o que eu vivo eu procuro colocar nas minhas m�sicas," diz ela.

Fonte: g1.globo.com

Por: Maratimba.com | Imprimir