Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-06-2014

Secretário da Segurança diz que PM falhou na segurança
Fernando Grella disse ao G1 que corporação deveria ter impedido vandalismo. Secretário responsabilizou MPL por violência de black blocs.
Secretário da Segurança diz que PM falhou na segurança
Foto: g1.globo.com

O Secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse nesta sexta-feira (20) que a Polícia Militar falhou ao não impedir depredações contra agências bancárias, concessionária e um carro de emissora de TV em ato realizado na quinta pelo Movimento Passe Livre (MPL). Em entrevista ao G1, ele criticou o comando da operação, que acompanhou a passeata.
Pelo menos cinco agências foram quebradas. Ninguém foi detido. Segundo o movimento, cerca de 6 mil pessoas participaram da passeata. Já a PM contou 1.300 pessoas. A concessionária de veículos Caltabiano concluiu uma reforma há uma semana e agora tem um prejuízo estimado de R$ 3 milhões. Uma caçamba do lado de fora ainda tinha grande quantidade de pedras da obra e serviram de munição para os vândalos.

Desta vez, a PM não manteve policiais ao lado dos manifestantes como fez durante todos os atos anteriores. Durante o protesto, a corporação informou ao G1 que adotou "estratégia diferente" e acompanhou "à distância". A Tropa de Choque interveio para desbloquear a Marginal Pinheiros cerca de 20 minutos após as depredações ocorrerem. Ninguém foi preso.
"Eu queria, em primeiro lugar, deixar claro que realmente houve uma falha, especialmente no tempo de resposta da PM em torno do episódio de ontem [quinta], no acompanhamento da manifestação para intervenção nos momentos em que se colocaram os atos de violência", disse.
A Polícia Militar responsabilizou o MPL pelos atos de depredação. Segundo o coronel Leonardo Torres Ribeiro, comandante do policiamento da capital, a PM atendeu o pleito do movimento, que enviou um oficio à corporação pedindo que o efetivo se mantivesse afastado. Trechos da carta divulgados pela corporação mostram que o MPL alegou que os movimentos devem ter autonomia para promover sua "própria segurança".
Para o secretário, o único acordo possível entre a Polícia Militar e os líderes desse movimento "seria de garantia da ordem pública". "E a PM cabe exatamente a garantia da ordem pública. Nenhum outro acordo seria viável no contexto como o de ontem."
O MPL rebate a PM. Para uma militante do movimento, a acusação da corporação "é uma tentativa de criminalizar os movimentos sociais". Ao G1, a jovem, que prefere não ter o nome completo divulgado, disse que "havia o acompanhamento policial de longe. Não pode dizer que não teve acompanhamento".

Para Grella, o MPL tem responsabilidade nesses episódios de violência. "Evidentemente, porque todas as manifestações que eles têm convocado a gente tem visto a presença dos black blocs e portanto a ocorrência." Procurados, representantes do Passe Livre não atenderam os telefonemas da equipe de reportagem na tarde desta sexta-feira.
Festa popular
Segundo militantes do MPL, o movimento conseguiu cumprir parcialmente o proposto. A ideia do ato era pedir tarifa zero, a readmissão dos metroviários desligados após greve da categoria e celebrar um ano da revogação do aumento na tarifa dos transportes.
"Conseguimos chegar no nosso trajeto de forma tranquila, e realizar um pouco do que a gente queria." O Passe Livre pretendia utilizar a Marginal Pinheiros para realizar uma "festa popular", com apresentações musicais, teatrais e jogos juninos.
Os manifestantes chegaram a ensaiar uma partida de futebol na pista, o rapper Rincon Sapiência cantou a música "Transporte público", mas afirmam que interromperam a celebração quando foram informados que a Tropa de Choque da PM estava a caminho.

"Começamos a dispersar para o Largo da Batata e não sabemos mais o que aconteceu. Quando soubemos que o Choque estava chegando, já começamos a acelerar as pessoas para não acontecer nenhuma tragédia."
Da concentração ao tumulto
Os manifestantes se reuniram às 15h na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. De lá, o grupo seguiu para a Marginal Pinheiros, nas imediações da Ponte Eusébio Matoso.
No caminho para Pinheiros, o grupo interditou totalmente a Avenida Rebouças nos dois sentidos. Diversos carros que tentavam entrar na via tiveram que retornar na contramão.

Cerca de duas horas após o ato começar, um grupo de mascarados atacou ao menos quatro agências bancárias, agrediu um cinegrafista arremessando um cone e quebrou vidros de um carro de reportagem da TV Gazeta. O tumulto ocorreu na Avenida Rebouças, já na esquina com a Avenida Brasil. Uma parte dos manifestantes, alguns deles também com o rosto coberto, tentou impedir as depredações de outras agências bancárias e de concessionárias na Avenida Rebouças.

Por volta das 18h10, os primeiros integrantes do grupo chegaram à Marginal Pinheiros e interditaram as vias expressa e local no sentido Rodovia Castello Branco.
O MPL incendiou seis catracas de papelão simbolizando o apelo por tarifa zero no transporte público, principal reivindicação do movimento. Nesta quinta, o MPL pedia também a readmissão dos 42 metroviários desligados da companhia após paralisação de cinco dias.
Às 19h, boa parte dos manifestantes se dispersou. Um grupo de black blocs, porém, montou uma barreira com pedaços de madeira, ferragens, pneus encontrados em uma concessionaria, e manteve a interdição na Marginal Pinheiros.
Carros de luxo depredados
Na sequência, os mascarados depredaram uma concessionária Caltabiano. Todos os carros da agência foram destruídos. Mascarados usaram pedras, extintores e pedaços de pau para quebrar vidros e amassar os veículos de luxo. Entre eles, Mercedes-Benz e Smarts. O prejuízo pode chegar a R$ 2 milhões.
Somente por volta das 19h15 policiais da Tropa de Choque chegaram à Marginal Pinheiros e removeram as barricadas. Os manifestantes se afastaram, correndo pelo bairro. Houve confronto com policiais em Pinheiros, nas imediações do Bar Pirajá. Os mascarados usaram rojões em direção aos PMs, que revidaram com bombas de gás.
Durante o tumulto, a Estação Pinheiros da Linha 4 – Amarela do Metrô chegou a ser fechada. Na região do Largo da Batata, vândalos depredaram bicicletas que estavam estacionadas em um ponto de empréstimo mantido pelo Banco Itaú.

Bandeiras do Brasil que adornavam carros também foram retiradas. Nas ruas Butantã e Teodoro Sampaio, os manifestantes atearam fogo em lixos, lixeiras e nas ruas e depredaram vidros de agências bancárias.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir