Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-07-2014

"Passamos a noite bem", diz mãe de Sofia sobre primeiro dia
Criança fará exames no Jackson Memorial, em Miami. Ela sofre com síndrome rara e terá que transplantar três órgãos

Foto: g1.com.br

O bebê Sofia Gonçalves de Lacerda passa pela primeira bateria de exames no Jackson Memorial Hospital, em Miami (EUA), nesta quinta-feira (3). A criança, que sofre de uma síndrome rara, foi internada após uma viagem de mais de 15 horas entre Sorocaba (SP) e os Estados Unidos.
Sofia nasceu com a Síndrome de Berdon, que compromete o intestino, estômago e bexiga. A única chance de sobrevivência é com o transplante dos três órgãos, cirurgia complexa que é realizada com sucesso nos Estados Unidos.
A criança fará uma série de exames no hospital. Os médicos querem avaliar o quadro de saúde da criança e traçar as metas de tratamento. Na rede social que mantém, a mãe de Sofia, Patrícia Lacerda, disse que a criança está tranquila. "Ainda estou dormindo, eu e mamãe passamos a noite bem", escreveu.
A página da rede social também mostra que o médico brasileiro Rodrigo Vianna já conheceu sua pequena paciente. Em abril, Vianna enviou uma carta para a família de Sofia informando que aceitava fazer o transplante. "Ela sofre de uma rara doença autossômica recessiva com uma alta taxa de mortalidade durante o primeiro ano de vida. Mesmo com a nutrição materna podendo prolongar a sua vida, o prognóstico de um longo período para pacientes afetados por esta síndrome é muito baixa sem o transplante", relatou, à época.

A família aguarda a doação dos órgãos para o transplante, o que demora, em média, seis meses nos Estados Unidos. Depois da cirurgia, a criança permanecerá em tratamento por dois anos. De acordo com os médicos, a chance de êxito é de 85%. No começo, Sofia, pai e mãe ficarão hospedados na casa de um brasileiro que se ofereceu para ajudar. Ela também terá o acompanhamento de médicos e enfermeiros durante o dia e a noite. "Obrigada por nos passar essa energia positiva, suas orações têm nos fortalecido cada dia mais, obrigada por acreditarem que é possível tudo quando temos Deus no coração e amor", completa a mãe na página da rede social.
Meses de angústia
O drama de Sofia começou assim que a família descobriu a doença. Para sobreviver, a menina precisa de um transplante de três órgãos, que custa mais de R$ 2 milhões. Desde que nasceu ela já passou por três cirurgias, mas ainda necessita de atendimento especializado, que só é feito nos Estados Unidos.
Quando descobriu a doença, a família pediu ajuda financeira de todas as formas para conseguir uma viagem até os EUA. A campanha foi intitulada "Ajude a Sofia" e ganhou força nas redes sociais: quase 640 mil pessoas já curtiram e compartilharam a página, inclusive celebridades.
Desde que nasceu, no hospital da Universidade de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, Sofia só saiu de lá para ser transferida para o Hospital Samaritano, em Sorocaba. O bebê nunca fez xixi ou cocô e só se alimenta por nutrição parenteral – quando uma solução manipulada pelo médico é aplicada diretamente na corrente sanguínea.
Após diversas questões judiciais, o desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) determinou a transferência da menina para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde ela passaria por novos exames que confirmassem a síndrome de Berdon e a possibilidade de realizar o transplante no Brasil.

No entanto, a família recusou um novo procedimento cirúrgico, e médicos especialistas também atestaram que a tecnologia nacional não era avançada o suficiente para realizar o transplante com sucesso. Dessa forma, a menina foi novamente encaminhada para o Hospital Samaritano, de onde saiu para ser levada aos Estados Unidos.
Na madrugada desta quarta-feira (2) finalmente Sofia, a mãe e uma equipe de profissionais do Ministério da Saúde embarcaram em um jatinho especial para os Estados Unidos. A partida de Sorocaba emocionou médicos e enfermeiros do hospital onde ela permaneceu internada e amigos da família. O pai de Sofia, Gilson Gonçalves da Silva, embarcou em um voo comercial.
O nome de registro de nascimento da criança é com "ph" (Sophia), mas, em virtude de a campanha de ajuda ter sido iniciada com "Sofia", a própria família adotou essa grafia para evitar problemas com as doações.



Fonte: g1.com.br
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir