Categoria Policia  Noticia Atualizada em 16-07-2014

"Detido" se xinga e pede perdão a PMs em vídeo; corregedoria apura
Homem aparenta estar algemado em gravação postada por suposto sargento. Rapaz parece ser coagido; vídeo não indica local onde o registro foi feito.

Foto: g1.globo.com

A Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal investiga a autoria e a possibilidade de crime na filmagem de um vídeo em que um rapaz, com os braços para trás e aparentemente algemado, é supostamente coagido a se autoofender e a "pedir perdão" ao Grupo Operacional Tático da PM. As imagens foram postadas em uma rede social na segunda-feira (14), no perfil de alguém que se identifica como um sargento da corporação.

O registro dura 40 segundos e mostra o rapaz com uma blusa de frio e bermuda. Ele está sentado e parece ser orientado por alguém a falar. Um homem diz algo, mas não é possível distinguir as palavras usadas. O jovem pede perdão aos militares do Núcleo Bandeirante, ao "Clóvis" e ao Grupo Operacional Tático da PM. Por duas vezes, ele diz que vai "pegar o revólver e colocar no c...".

Pela filmagem, não é possível identificar onde o rapaz está. Mas, na postagem, o perfil que se identifica como sendo de um sargento ironiza a situação. "Eu não consigo entender os vermes, gravam os vídeos ameaçando a polícia, que fazem e que acontecem, e depois, quando [os] pegamos, viram mocinhas. GTOP, huuura!!", escreveu.
Em conversa com o G1, o responsável pela publicação disse não ser o autor do vídeo e afirmou que o recebeu por meio do WhatsApp. Ele contou ainda que o jovem teria feito uma gravação anterior, afirmando que colocaria um revólver no c... de policiais. "Só está pagando com a língua."

De acordo com o chefe da comunicação social da PM, Luís Eduardo Goulart, as imagens foram encaminhadas para a corregedoria assim que a corporação tomou ciência da gravação, na terça-feira (15). "Esse é o nosso procedimento padrão, a gente sempre manda investigar. Pode parecer montagem, pode parecer forçado, mas a gente sempre investiga tudo o que chega", explicou.

Goulart disse que o setor deve apontar em quais condições foram feitas as imagens e se houve abuso por parte de policiais. Caso isso fique comprovado, os agentes serão penalizados.

"Esse não é o comportamento adequado, não concordamos com essa postura. Se for verdade que as coisas aconteceram desse jeito, pode ter certeza, haverá punição. Essa não é maneira como um PM deve se portar", afirmou o o chefe da comunicação social.
Especialista em direito penal, o defensor público Carlos André Bindá Praxedes afirmou que, ainda que as circunstâncias da gravação do vídeo sejam desconhecidas, é possível notar "o alto grau de constrangimento e desconforto" do rapaz em elogiar os PMs e em falar de si da forma como foi mostrada. Para ele, à primeira vista, é possível concluir que a declaração não foi espontânea.

"A sociedade civilizada espera sempre uma postura ética dos profissionais de segurança pública do Estado, que, fiadores da lei e da Constituição, devem ser exemplo de responsabilidade e conduta ilibada e não podem, em hipótese alguma, sob quaisquer pretextos, nivelarem-se a atos criminosos daqueles que decidiram seguir pelo caminho da desordem e da ilegalidade", declarou Praxedes.

Sexo em viatura

A corregedoria também investiga a origem e a veracidade de fotos divulgadas por meio de uma rede social e do aplicativo para smartphone WhatsApp que mostram supostos servidores da corporação fazendo sexo com uma mulher em uma viatura da polícia. A apuração começou na semana passada e, por causa da dificuldade em levantar informações, não tem previsão para ser concluída. A corporação disse que só vai se posicionar sobre o caso quando concluir a investigação.

O G1 teve acesso a três imagens. A primeira delas mostra um homem nu com a mulher apoiada no capô da viatura, enquanto outros dois, com as calças abaixadas, assistem à cena. Na segunda, a mulher está deitada no banco traseiro do carro com um deles por cima. Na última, ela está de costas e sobre o capô. O autor das fotos não foi identificado.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Emella Simões    |      Imprimir