Categoria Geral  Noticia Atualizada em 18-07-2014

Banco dos Brics pode virar o jogo, diz economista dos EUA
Afirma��o � do economista Mark Weisbrot, codiretor do Center for Economic and Policy Research
Banco dos Brics pode virar o jogo, diz economista dos EUA
Foto: g1.globo.com

A cria��o de um banco de desenvolvimento pelos Brics (grupo formado por Brasil, R�ssia, �ndia, China e �frica do Sul) "tem o potencial de virar o jogo" no cen�rio financeiro internacional, disse � BBC Brasil o economista Mark Weisbrot, codiretor do Center for Economic and Policy Research, com sede em Washington.

Com capital inicial de US$ 50 bilh�es para financiar obras de infraestrutura em pa�ses pobres e emergentes, o Novo Banco de Desenvolvimento dos Brics vem sendo encarado como uma alternativa ao Banco Mundial e ao FMI (Fundo Monet�rio Internacional). Para Weisbrot, o novo banco dever� reduzir a influ�ncia internacional dos Estados Unidos e da Uni�o Europeia. "J� estava mais do que na hora de o mundo ter um banco como esse", afirma.

"Setenta anos � muito tempo para ter todas as institui��es internacionais com alguma capacidade de decis�o em quest�es econ�micas sendo controladas pelos EUA e um punhado de aliados ricos", diz, referindo-se � Confer�ncia de Bretton Woods, em 1944, que levou � cria��o do FMI e do Banco Mundial. "O banco dos Brics tem o potencial de virar o jogo."

O tratado que formaliza a cria��o do banco foi assinado nesta ter�a-feira pelos l�deres dos cinco pa�ses-membros dos Brics, durante o 6� F�rum dos Brics, em Fortaleza. Os membros dos Brics, assim como outros pa�ses emergentes, reivindicam h� anos reformas que lhes garantam mais voz e mais poder de decis�o no FMI e no Banco Mundial. O argumento � o de que a estrutura atual das duas institui��es, tradicionalmente dominadas pelos Estados Unidos e por pa�ses europeus, � ultrapassada e ainda reflete a ordem mundial do p�s-guerra.

Reservas
Weisbrot ressalta a import�ncia do fundo de US$ 100 bilh�es que tamb�m foi anunciado pelos Brics. Batizado de Arranjo Contingente de Reservas, esse fundo poder� ser acionado para socorrer pa�ses-membros do grupo que passem por risco de calote. "Se for bem-sucedido, vai fazer enorme diferen�a. Talvez at� os pa�ses europeus busquem ajuda", afirma.

Segundo Weisbrot, para se ter uma ideia do impacto do novo banco na geopol�tica financeira, basta observar o que ocorreu nos �ltimos 15 anos, quando o FMI perdeu influ�ncia em v�rios pa�ses de renda m�dia ap�s a crise financeira asi�tica. "Olhe para a Am�rica Latina, veja como cresceu mais r�pido na �ltima d�cada do que nas duas d�cadas anteriores. � claro que n�o foi somente por causa do (menor poder do) FMI, mas em grande parte, sim."

A expectativa � de que o novo banco comece a operar em 2016. Sua cria��o precisa ser aprovada pelos congressos dos cinco pa�ses. A sede ser� em Xangai, na China. A presid�ncia ser� rotativa, com o primeiro mandato, de cinco anos, a cargo da �ndia.

Temores
O capital inicial de US$ 50 bilhoes ser� dividido igualmente entre os cinco pa�ses. No caso do fundo de US$ 100 bilh�es, a maior parte do montante vir� da China (US$ 41 bilh�es). Brasil, R�ssia e �ndia contribuir�o cada um com US$ 18 bilh�es, e a �frica do Sul entrar� com US$ 5 bilh�es. O an�ncio provocou temores de que, do mesmo modo que o Banco Mundial e o FMI s�o muitas vezes criticados por serem instrumentos da hegemonia americana, o novo banco possa se transformar em ferramenta para servir aos interesses chineses.

Weisbrot, no entanto, diz achar pouco prov�vel que isso ocorra. Ele observa que os chineses "t�m uma filosofia diferente" e lembra que n�o costumam vincular condi��es em seus empr�stimos na �frica. "A China n�o � um pa�s neoliberal, o Estado � dono da maior parte do sistema financeiro e das grandes companhias, e n�o o contr�rio, quando as grandes companhias s�o donas do Estado", diz o economista americano. "Isso n�o quer dizer que n�o v�o defender seus interesses. Mas h� uma diferen�a entre defender seus interesses e remodelar uma sociedade inteira � imagem que voc� deseja."

Outra preocupa��o em rela��o ao novo banco vem de ONGs, que dizem temer que a institui��o financie projetos com impacto social ou ambiental negativo. "� uma possibilidade", admite Weisbrot. "Mas o que o Banco Mundial faz? Houve algumas reformas, � verdade, mas foram pequenas. Eles ainda financiam grandes projetos de combust�veis f�sseis e todo tipo de coisa destrutiva ao meio ambiente", afirma.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir