Categoria Geral  Noticia Atualizada em 21-07-2014

Família de morto em porta de hospital quer R$ 1,5 milhão
Vigia morreu na porta de centro médico em Itaquera, Zona Leste de SP. Hospital diz que a vítima foi "irresponsavelmente" abandonada.
Família de morto em porta de hospital quer R$ 1,5 milhão
Foto: g1.globo.com

A família de Nelson França, segurança que morreu após ter atendimento recusado na porta do Hospital Santo Expedito na quarta-feira (16), vai entrar na Justiça contra o centro médico e os envolvidos no incidente. O advogado dos familiares, Ademar Gomes, disse que pedirá indenização de aproximadamente R$ 1,5 milhão e mais uma pensão para os três filhos do morto, todos menores.

Testemunhas contaram que a vítima ficou cerca de uma hora agonizando na entrada do hospital particular em Itaquera até que os bombeiros chegassem. Segundo as testemunhas, um enfermeiro do hospital dizia que a equipe não poderia realizar o atendimento do lado de fora e que os pedestres também não poderiam carregar o homem para dentro. Nelson, porém, não foi socorrido no Santo Expedito. Ele foi colocado numa ambulância e levado para um hospital municipal a 3 km de lá.
"Aquilo ali foi uma sentença de morte. Eles decretaram a morte do Nelson", disse Delcídio de Souza, 57 anos, porta voz da família. Souza, metroviário, é casado com Roseli Robeiro Santos de Souza, cabeleireira e cunhada de Nelson.
"Eles estudaram para deixar uma pessoa ter vida ou para deixar morrer nos pés?", questionou Roseli. Segundo ela, a família de Nelson, que deixou uma esposa e três filhos de 10, 12 e 14 anos, além de uma enteada de 19, está inconsolável. "Que imagem vai ficar para essas crianças?", disse a cunhada de Nelson, ao ser lembrar do vídeo em que ele aparece agonizando.

Em nota, a direção do Hospital Santo Expedito disse que não corrobora de forma alguma com qualquer tipo de omissão de seus profissionais e, caso seja apurada a responsabilidade de algum envolvido, não hesitará em punir com rigor. O hospital afirmou ainda que a vítima foi "irresponsavelmente" abandonada por um condutor de uma lotação e que, se tivesse entrado no hospital, isso não teria acontecido.

Processo

De acordo com a defesa da família de Nelson, os envolvidos serão processados por "omissão de socorro". "Para o presidente do hospital, os diretores e o médico de plantão, será uma ação cível de danos morais e materiais. Para todos e eles e também o enfermeiro, uma ação criminal", explicou Gomes.

Nelson França tinha 48 anos e morava em Cidade Tiradentes, na Zona Leste. Ainda de acordo com o advogado, o vigia ganhava cerca de R$ 2.700 mensais em "bicos". "Um pai de família ser tratado como um verme, um lixo, na porta do hospital, sem eles prestarem os primeiros atendimentos, deixa a gente muito triste mesmo", afirmou a cunhada da vítima.

A polícia disse que aguarda o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) e abriu investigação para saber se houve omissão de socorro. Mauro Aranha de Lima, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), disse que o órgão vai "apurar severamente o acontecido nesse dia com essa pessoa que acabou por falecer".





Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir