Categoria Geral  Noticia Atualizada em 25-07-2014

Formada em letras conta em livro sua história de prostituição; leia trechos
O prazer é todo nosso, de Lola Benvenutti, sai no dia 11 de agosto. Prévia exclusiva ao G1 fala de cura gay e casal de meia idade em crise.
Formada em letras conta em livro sua história de prostituição; leia trechos
Foto: www.maratimba.com

Literatura e sexo foram as atividades principais de Gabriela Natalia Silva, 22 anos, durante a graduação em letras. Ela se dividia entre o curso na Universidade Federal de São Carlos (SP), e a atividade de garota de programa. Ao se formar, começou a escrever na web sobre a experiência de prostituição, com o pseudônimo Lola Benvenutti. É assim que a garota de programa assina o livro em que volta a unir as duas atividades. "O prazer é todo nosso" (Editora MosArte) sai no dia 11 de agosto.
Em entrevista ao G1, Lola defendeu a escolha pela prostituição. "Tem uma categoria nos sites de acompanhantes de universitárias e fazem isso porque fazem faculdade particular e precisam pagar, mas eu nunca precisei disso, sou inteligente, fiz faculdade, optei por isso, qual o problema?". Ela rejeitou comparação com Bruna Surfistinha, que narrou a experiência em blog e livro. "Ela teve uma vida diferente da minha, com outras oportunidades."
No novo livro, a jovem nascida em Pirassununga (SP) conta sobre "momentos marcantes de sua vida como garota de programa, incluindo suas experiências com a alta sociedade", ela diz ao G1. A pré-venda começa no dia 30 de julho, no site da editora.
Leia abaixo trechos exclusivos de "O prazer é todo nosso":Nossa essência não tem cura
"Em função de minha profissão, dia a dia sou colocada diante de questões que me fazem pensar cada vez mais sobre as barreiras fortíssimas de nossa sociedade em relação à sexualidade e, sobretudo, em relação à liberdade sexual dos indivíduos.
Embora eu não seja formada em psicologia, o fato é que muitas pessoas me procuram crendo que eu posso ajudá-las. Um desses casos aconteceu com Juno. Ele me ligou tímido, a voz triste quase não saía e eu mal podia escutar o que ele me dizia. Explicou-me que era gay, como se isso devesse ser justificado de alguma maneira, e logo demonstrou que não se conformava com isso. Em linhas gerais, ele queria sair comigo para ver se gostava de mulheres, queria sair com uma puta para tentar provar que era "macho".

Sua súplica fez com que eu me compadecesse e cedi ao seu pedido. Foi um dos atendimentos em que fiquei mais tensa, pois eu queria realmente ajudá-lo, mas não acredito que se possa exorcizar o lado gay de uma pessoa, justamente porque esse dado não é uma doença, embora "psicólogos" sem ética vendam "curas" por aí, principalmente nas portas das igrejas

O que eu queria era que Juno percebesse que viveria em conflito até que conseguisse enfrentar seus medos, seus anseios e seus desejos. [...] Conversamos muito e percebi que se ele não entendesse e aceitasse sua orientação sexual, em um esforço de se enganar, ele seria muito infeliz.
Como não podia deixar de ser, embora haja exceções, Juno vinha de uma família ultraconservadora: o pai era um médico tradicional e a mãe uma dona de casa voltada exclusivamente às vontades do marido. O pai exaltou seu primeiro filho homem e determinou que o criariam para que fosse um macho capaz de "comer" uma menina por dia. Para isso não faltavam rituais: o doutor o levava a puteiros constantemente e, quando Juno finalmente ia para o quarto com uma garota, ficava tão inquieto e sem jeito que as garotas, entendendo sua situação, simplesmente se deixavam ficar no quarto, apenas esperando a hora combinada terminar.
O jeito como ele falava sobre as garotas evidenciava certa aversão em relação ao ambiente e ao próprio corpo feminino. Era um bloqueio e eu percebi isso quando tentei me insinuar algumas vezes. Juno fingia não me ver diante dele. Seu olhar fugia de mim, direcionando-se para o teto, os móveis, o quadro na parede... [...] Cada vez que ele se dava conta de que estava "fugindo" de mim, seus olhos começavam a lacrimejar [...] Então bolei uma estratégia [...]"

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Larissa Carrijo    |      Imprimir