Categoria Geral  Noticia Atualizada em 25-07-2014

Intrigas amorosas são citadas em inquérito sobre manifestant
Testemunha diz que foi a protestos para reconquistar namorado. Outra namorou por um mês um Black Bloc que fabricava explosivos.
Intrigas amorosas são citadas em inquérito sobre manifestant
Foto: g1.globo.com

Pelo menos duas testemunhas que prestaram depoimento no inquérito da Polícia Civil que acusa manifestantes do Rio de Janeiro de formação de quadrilha armada tiveram relações amorosas com réus citados no processo. Segundo o documento, elas são ligadas, respectivamente, a Luiz Carlos Rendeiro Júnior, o Game Over, e um outro que era menor à época do início das investigações, acusado de ser um dos mais violentos entre os Black Blocs.

A primeira testemunha, Anne Josephine Rousencrantz, conta que tem Game Over como companheiro é que possui com ele uma filha de dois anos. Atualmente morando em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, ela afirma que ficou separada de Game over entre abril e setembro de 2013. Neste período, o manifestante acabou se envolvendo com Elisa Quadros Sanzi, a Sininho, compondo com ela talvez o casal mais conhecido entre os manifestantes. A testemunha afirma que passou a ir às manifestações para "reconquistá-lo e tentar tirá-lo desse meio", e dirige todas as suas acusações para Sininho.

Foi através do seu depoimento que o MP ofereceu um dos argumentos mais fortes para sua denúncia contra 23 ativistas: a incitação de Sininho à queima da Câmara Municipal em agosto de 2013, quando orientou outros manifestantes a levar três galões de gasolina para o local, mas foi supostamente impedida pelos ocupantes de terminar o que havia planejado.
Houve até uma suposta tentativa de chantagem emocional, contada pela própria testemunha: Josephine diz que mentiu para Game Over dizendo que estava grávida, para que ele deixasse os protestos. Segundo o inquérito da Polícia Civil, o contra-ataque de Sininho foi na mesma moeda: ela disse a Game Over que também estava grávida, para que o manifestante voltasse a atuar em protestos violentos no Rio. Game Over, porém, parou de ir às manifestações depois de junho.

Acusações

Em seu depoimento, realizado no dia 11 de junho, um dia antes da abertura da Copa do Mundo, ela afirma que a manifestante "manipula os mais ignorantes" e que "só pensava em dinheiro", inclusive patrocinando financeiramente os manifestantes.

Sininho também seria responsável por organizar as doações recebidas, e que o Sindicato dos Petroleiros (Sindpetro) doava "quentinhas" de comida para os manifestantes que permaneciam nas Ocupações, como o Ocupa Câmara. Ela ainda deixa no ar a acusação de que Sininho teria desviado o dinheiro que seria revertido para as ocupações. "o dinheiro sempre desaparecia das mãos de Sininho", e que ela comprou presentes para alguns manifestantes, como uma "bermuda da Nike" para um manifestante que tem a mão torta.

Segundo o inquérito, Anne Josephine afirma ainda que Sininho mandava em todos os manifestantes, com sua "postura de líder", e que se envolveu em uma discussão com Sininho quando esta lhe disse que teria que "conquistar o seu espaço". Quando Josephine alegou que o "movimento" era da população e não de Sininho, essa última respondeu que "Joe", como Josephine era conhecida entre os manifestantes, teria que ganhar sua confiança.

Em outro trecho do depoimento, ela afirma que Sininho "é inteligente e manipula as pessoas", e que acha que Game Over foi "usado" por Sininho, garantindo ainda que ele nunca atirou coquetéis molotov contra a Polícia.
No inquérito, o consumo excessivo de drogas e álcool também é ressaltado, sempre com a participação de Sininho: Josephine afirma que já viu Sininho e outros manifestantes consumindo drogas na Lapa, em uma rua próxima à Escadaria Vermelha, e também outros manifestantes fazendo o mesmo próximo ao Cine Odeon, no Centro do Rio.

Paixão e ameaça

Um manifestante, que era menor de idade no início do inquérito, teve um relacionamento de pouco mais de um mês com uma outra manifestante, chamada Sabrina dos Santos Vieira. No inquérito, ela conta que conversava muito com ele pelo Facebook, em que se conheceram na página Black Bloc Verdade e foi duas vezes a manifestações, e que este menor era um dos mais violentos dentre os participantes de manifestantes adeptos da tática Black Bloc, ao lado de Gabriel Marinho e Daniel Valente. Ela afirma que ficou com o manifestante somente uma vez, em uma manifestação no Largo do Machado.

Sabrina é adepta da ideologia anarquista, a mesma a que pertencem os adeptos da tática Black Bloc, e que se tornou também uma adepta através do namorado, mas que nunca realizou atos violentos. Ela conta que este manifestante preparava coquetéis molotov e que estava ansioso com o "Junho Negro", como os manifestantes se referiam ao período da Copa do Mundo, entre 12 de junho e 13 de julho.

Ela afirma que o relacionamento acabou depois que seu ex-namorado soube que ela havia prestado um depoimento na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, em maio de 2014. Ele perguntou se ela o havia denunciado, e se ela havia dito algum detalhe sobre o relacionamento amoroso dos dois. Ele disse que, se a polícia soubesse de alguma coisa, "os dois poderiam acabar morrendo". E ameaçou: "Toma cuidado, eu sei de tudo". Depois dessa conversa, Sabrina diz que ficou com medo e desativou sua conta no Facebook, não conversando mais com ele.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir