Categoria Geral  Noticia Atualizada em 26-07-2014

Rodoanel Leste segue com trechos sem comunicação e em obras
Rodovia foi entregue com itens pendentes na sexta-feira (4) na Grande SP. Concessionária ainda vai concluir ligação de 5 km com Via Dutra.
Rodoanel Leste segue com trechos sem comunicação e em obras
Foto: g1.globo.com

Vinte dias após a inauguração do trecho Leste do Rodoanel, a rodovia que corta a Grande São Paulo continua inacabada e com problemas de falta de comunicação e iluminação. A cada quilômetro percorrido é possível ver operários trabalhando na via que segue em obras.


O trecho entregue na sexta-feira (4) tem 37,7 km de extensão, ligando Ribeirão Pires até Itaquaquecetuba, passando por Arujá, Mauá, Poá e Suzano, na região metropolitana de São Paulo. Outro trecho de cerca de 5 km ligará o Trecho Leste até a Rodovia Presidente Dutra e deve ficar pronto em 60 dias.

O G1 percorreu todo o trecho, em ambos os sentidos, na última terça (22) e sexta-feira (25), e verificou diversas pendências na rodovia que foi inaugurada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no dia 3 de julho.

É comum ver trechos sem guard-rail e muitas vezes, operários, instalando o protetor de pista. Há casos em que faltam pedaços da mureta de proteção em concreto em um viaduto no sentido Ayrton Senna, podendo até provocar a queda de algum usuário da via.
Apesar disso, a SPMar, concessionárias responsável pelo trecho Leste do Rodoanel, diz que a via atende todos requisitos de segurança e sinalização regulamentar, exigida pelas normas técnicas brasileiras.

Segundo a concessionária, todos os dispositivos, placas e guard-rails necessários para a segurança viária já foram colocados. No entanto, na manhã de sexta, alguns guard-rails estavam na beira da pista para ser instalados.

Os call boxes, telefones de emergência instalados pela concessionária na rodovia, estão fora de operação e muitos ainda estão envoltos por um saco plástico preto.
Além disso, não há sinal de celular em vários trechos da rodovia, que fica totalmente sem comunicação.

A praça de pedágio ainda não estava pronta. Operários faziam a pintura de algumas cabines e havia cones sinalizando por quais guichês os veículos deveriam passar. A iluminação no local é inexistente, logo após o trecho do pedágio havia postes instalados, mas sem lâmpadas.
"Falta sinalização e radares. Meu celular ficou fora de área. Se precisar parar em um posto não tem", reclamou o motorista Aelson Lima, de 26 anos, sobre a falta de infraestrutura no local. "Se durante a noite, na escuridão, o carro quebrar, não tem o que fazer", ressaltou ele sobre a falta de iluminação. Uma dos pontos de apoio destinados aos usuários não está pronta.

Há poucas placas indicando a velocidade permitida na rodovia e as câmeras de vigilância e radares não estão presentes. O motorista também não tem nenhuma informação sobre qual município se encontra, em nenhum dos sentidos, já que não há placas com a indicação.

O letreiro luminoso dentro do túnel estava desligado. No local havia hidrantes, mas apenas de um dos lados e ainda havia restos de matérias de construção no acostamento. Na altura do km 116, o acesso de Suzano para o Rodoanel, no sentido Ayrton Senna, continua em obras.
Mesmo com veículos circulando, técnicos ainda colocavam juntas de dilatação nas pontes. Também é possível ver andaimes fixados em pontes e viadutos e placas fixadas com rasuras.

A SPMar informou que toda a iluminação legal da rodovia já foi instalada, de acordo com as normas técnicas e os itens contratuais nos trechos obrigatórios. A colocação de iluminação no restante das pistas foi uma iniciativa da concessionária não prevista entre as exigências do contrato.

Sobre os call boxes, a previsão de operação dos 40 primeiros é no dia 1º de agosto. Segundo levantamento da SPMar, apenas 3% dos pedidos de socorro são originados por ligações dos telefones de emergência. Durante este período a concessionária disse ter dobrado o efetivo de apoio para realizar o atendimento ao usuário, além de contar com apoio da Polícia Rodoviária.

Por enquanto, 85% das pistas são cobertas por sinal de celular de alguma operadora e a concessionária disse estar em contato com as operadoras para expandir esse serviço.
Quanto à sinalização, a concessionária alega que na fase atual de operação não há necessidade de indicações de acessos intermediários ao trecho, já que a rodovia só pode ser acessada no entroncamento do Trecho Sul e na rodovia Ayrton Senna.
Foram adquiridos para o Trecho Leste do Rodoanel 6 radares fixos e 2 móveis, que poderão ser colocados em vinte pontos diferentes de fiscalização.

Atraso

A obra começou em 2011 e foi entregue com atraso de mais de três meses - 114 dias. Segundo o governador Geraldo Alckmin, a concessionária SPMar, responsável pela obra, será multada em R$ 471 mil por cada dia de atraso. A obra, realizada pela SPMar, custou R$ 3,6 bilhões.
A obra não foi finalizada por completo. Faltará ainda um trecho de cerca de 5 km até a Rodovia Presidente Dutra, que deverá ficar pronto em 60 dias, quando a obra não poderá mais ser entregue pelo governador Alckmin em razão da legislação eleitoral. O governador é candidato à reeleição.

O custo do pedágio será de R$ 2,10. A data para o início da cobrança de pedágio neste trecho ainda não foi definida, de acordo com Karla Bertocco, diretora Geral da Artesp.
O Rodoanel Mário Covas é um anel viário construído para ligar as principais rodovias do estado, ligando municípios da região metropolitana, e evitar a passagem e circulação de caminhões na capital paulista. O primeiro trecho inaugurado foi o Oeste em 2002 com 32 km.

O trecho Sul, com 57 km de extensão, ficou pronto em 2010. O trecho de 44 km do Norte do Rodoanel já está em obras com seis frentes de trabalho. A conclusão desta obra está prevista para o primeiro semestre de 2016.

Jacu-Pêssego

A Avenida Jacu-Pêssego, uma das mais movimentadas da Zona Leste de São Paulo, virou uma das principais vias de circulação de caminhões após a implantação da Zona de Restrição Máxima, no ano de 2008.

Com isso, além do excesso de veículos, a via se tornou uma das mais perigosas da cidade, com altos índices de atropelamentos. Depois da abertura do trecho Leste do Rodoanel, a população que reside no local ou circula pela região diariamente teve a percepção que o tráfego de caminhões no local diminuiu consideravelmente.
"Diminuiu bastante o movimento de caminhões no Jacu-Pêssego, cerca de 40%", disse o caminhoneiro Marcelo Lopes, de 47 anos. "Vai ficar melhor [trecho Leste] a hora que liberar o trecho Norte, é bom porque tem mais uma alternativa pra gente atravessar a cidade", afirmou.
Para a dona de casa Alice Souza, de 28 anos, a avenida ficou mais segura para ela andar com o filho. "Tinha medo de andar até pelas calçadas quando ia buscar meu filho na escola, agora o movimento de caminhões ficou mais tranquilo e tô andando mais sossegada", alegou.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que não tem medições para aferir se houve diminuição do tráfego de caminhões na Jacu-Pêssego.
Desde que o foi inaugurado, o trecho do Rodoanel recebeu mais de 80 mil veículos. Segundo estimativa da concessionária, este primeiro trecho, que liga do entroncamento do Trecho Sul do Rodoanel até a rodovia Ayrton Senna, circulem 33,2 mil veículos por dia.

Com a entrega do segundo trecho, que ligará a Rodovia Ayrton Senna até o viaduto que passa sobre a Rodovia Presidente Dutra, a previsão é que o fluxo seja de cerca de 43 mil veículos por dia. Desse total, entre 40% e 50% devem ser caminhões.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir