Categoria Geral  Noticia Atualizada em 26-07-2014

BC vai injetar R$ 30 bilhões na economia
O Banco Central anunciou ontem medidas para estimular a oferta de crédito no País. Foram alteradas normas de recolhimentos compulsórios – ou seja, o dinheiro que os bancos são obrigados a deixar depositados no BC, como forma de controlar o volume de recur
BC vai injetar R$ 30 bilhões na economia
Foto: g1.globo.com

Segundo o BC, para a decisão foram considerados: a evolução dos recolhimentos compulsórios nos últimos anos, que passou de R$ 194 bilhões ao fim de 2009 para cerca de R$ 405 bilhões atualmente; a recente moderação na concessão do crédito; a inadimplência em patamares relativamente baixos; e o recuo do nível de risco no sistema financeiro nacional.

O chefe do Departamento de Normas do BC, Sergio Odilon dos Anjos, disse que os bancos terão até R$ 45 bilhões a mais em caixa disponível para empréstimos. Isso porque, além dos R$ 30 bilhões de liberação de compulsórios, o BC projeta que o impacto potencial, ao longo do tempo, pode chegar a R$ 15 bilhões.

Entre as medidas, o banco do governo permitiu que até 50% do recolhimento compulsório relativo a depósito a prazo sejam cumpridos com operações de crédito. Também ampliou o rol de instituições financeiras elegíveis, de 58 para 134, à condição de vendedoras das operações aceitas para fins de dedução do recolhimento.



EFEITOS

Boa parte dos analistas ouvidos pela equipe do Diário considera as medidas do BC positivas, embora haja questionamentos em relação ao impacto, de fato, para o consumidor. "Tecnicamente, quando você diminui o compulsório, o dinheiro fica mais barato para os bancos emprestarem e aumenta a disponibilidade de recursos (por parte das instituições financeiras)", disse o professor de Finanças Empresariais da FIA (Fundação Instituto de Administração) Rodolfo Olivo.

Por outro lado, se a redução do compulsório não é acompanhada de política de redução da Selic (a taxa de juros básicos da economia), o efeito será reduzido nos juros para pessoa física e só será sentido no fim do ano, diz ele. Olivo considerou ainda que R$ 30 bilhões é muito pouco para o tamanho da economia brasileira. "Um volume significativo seria o dobro disso, mas, mais do que isso, seria interessante que o governo estabelecesse um cronograma e liberar R$ 10 bilhões por mês", afirmou.

Para o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, esse é um dos instrumentos que o BC poderia usar para injetar mais recursos na economia. "É uma atitude importante, já que não dá para baixar a Selic no momento", disse. No entanto, ele considera que isso não deve gerar redução de juros para o consumidor. "É mais para ativar linhas para o setor produtivo", avaliou.

Por sua vez, o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, Sandro Maskio, considerou que a iniciativa do BC é perigosa para a estabilidade econômica. "Na medida em que você quer segurar a inflação (com sequência de aumentos na taxa Selic), você não toma uma decisão como essa (de liberar mais recursos para crédito às famílias), principalmente quando o consumidor está altamente endividado", disse. Hoje, as dívidas chegam a 45,7% da renda das famílias.


SETOR AUTOMOTIVO

As medidas do BC para estimular o crédito podem ajudar na retomada de vendas de veículos, avalia o vice-presidente de Assuntos Corporativos da Ford para a América do Sul, Rogelio Golfarb.

"É fundamental para economia e especialmente para o automóvel, que tem um valor muito significativo no orçamento das pessoas. Esta medida é muito bem-vinda num cenário em que o mercado vem desacelerando", celebrou o executivo sobre a injeção de R$ 45 bilhões no caixa dos bancos para serem liberados em empréstimos.

(Colaboraram Lukas Kenji e Pedro Souza)


Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir