Categoria Geral  Noticia Atualizada em 28-07-2014

Não pode se emocionar muito, diz Dunga em entrevista para
Novo técnico acredita que seleção brasileira deveria ter mais privacidade. Dunga fala também sobre o seu relacionamento com a imprensa.
Não pode se emocionar muito, diz Dunga em entrevista para
Foto: www.maratimba.com

O retorno do Dunga ao comando da Seleção, oficializado esta semana, pegou muita gente de surpresa. Quem poderia imaginar que ele, tão criticado na Copa da África, receberia outra chance?
Dunga disse ao Fantástico que, na nova administração, vai exigir dos jogadores mais foco e autocontrole. Um longo trabalho que começa agora para reconquistar a confiança do torcedor.
Fantástico: Dunga, você está tendo uma oportunidade que pouquíssimos profissionais têm, voltar à Seleção Brasileira. O que, nesse momento, não sai da sua cabeça, que você quer muito conseguir realizar?
Dunga: Eu quero começar logo os jogos, assim acaba a polêmica.
Falta pouco mais de um mês pro Dunga ficar na beira do campo, comandando a Seleção Brasileira. Como ele fez de 2006 até o Mundial de 2010. Depois disso, treinou o Internacional por um ano e foi campeão gaúcho de 2013.
Fantástico: Como você se preparou nesses quatro anos em que você ficou fora da Seleção?
Dunga: Eu lia muito, via muitos jogos, via treinamentos, acompanhava. Trocava muitas informações, principalmente com o pessoal da Europa.
Como vai ser a nova seleção do Dunga? O que ele não gostou de ver na última Copa dá algumas pistas.
Fantástico: Você disse agora que não era para falar de terra arrasada, que não é assim.
Dunga: A partir dessa Copa do Mundo, a gente não pode colocar como terra arrasada, teve muitas coisas boas, teve outras que a gente tem que modificar.
Fantástico: Dá um exemplo para a gente de uma coisa que você vai mudar.
Dunga: O foco maior tem que ser a Seleção Brasileira. Quando você for dar entrevista, você tem que dar entrevista com o chapeuzinho da Seleção Brasileira. Ou não dá. É notório que quando as outras equipes vão lá, os caras vão com a cara limpa. Então o Brasil tem que ir com essa cara limpa. O Brasil tem que ter o marketing pelo futebol, pela qualidade.
Fantástico: Como assim?
Dunga: As pessoas têm que falar muito mais do que eu faço no campo do que eu faço extracampo.
Fantástico: Então você diria, durante a Copa, se você tivesse lá: Ô, Daniel Alves, ô, Neymar, não pinta o cabelo agora não.
Dunga: Sem dúvida, acho que tem que ser concreto. Ou antes ou depois. Eu tenho que pensar na Copa do Mundo. Os problemas que eu tenho de contrato, de marketing, de família, eu resolvo antes de chegar na seleção ou depois. Trinta dias não vai mudar.
Fantástico: O que você não repetiria, por exemplo, que foi feito agora na Copa do Brasil?
Dunga: Isso é uma polêmica, né? Eu acho que em um certo momento, a Seleção Brasileira tem que ter uma privacidade.
Fantástico: Mas o que dizer dos holandeses, dos alemães que tiveram toda aquela liberdade, pareciam estar bem à vontade, inclusive nos momentos de lazer e de treino?
Dunga: Perfeito. Só que eles tinham essa privacidade quando eles saíam fora do muro deles. Aí eles tinham essa exposição da mídia. O treinamento deles teve pouco.
O treinador quer orientar os jogadores com relação a alguns comportamentos. Como, por exemplo, a emoção na hora do hino à capela.

Dunga: Se criou isso do Hino Nacional desde a Copa das Confederações, que acabava o hino e o torcedor continuava cantando. Isso mais ou menos introduziu dentro da Seleção Brasileira. Que é legal, mas quem está ali dentro não pode se emocionar muito. Tu tem que criar uma barreira. Essa exposição acho que deve ter atrapalhado um pouquinho.
Fantástico: Faltou equilíbrio emocional em alguns momentos dessa Copa?
Dunga: É difícil de dizer porque tu não está lá diariamente. Talvez tenha se sentido um pouco essa ansiedade que se criou a expectativa de que o Brasil tinha que ganhar de qualquer forma. E não é assim.
Fantástico: A comissão técnica anterior vendia o favoritismo da seleção. O Felipão e o Parreira falavam do favoritismo da seleção. Você não faria o mesmo?
Dunga: Você tem que jogar com as palavras. Vamos jogar para ganhar. É diferente de você: vamos ganha. Quando você fala afirmativo não tem outra forma.
Fantástico: Você faria diferente, então?
Dunga: Cada um é cada um. Eu ia falar que o Brasil ia jogar para ganhar, que a gente joga em casa, é favorito, como sempre o Brasil é.
Fantástico: Dunga, que nota você daria ao técnico Luiz Felipe Scolari?
Dunga: O cara foi campeão do mundo cara, campeão do mundo não se discute. Você paga pelas suas decisões, bem ou mal. E ele teve a hombridade de chegar e falar: é isso, eu que estou aqui para tomar as decisões e tomei.
Se a seleção começou a Copa com algum favoritismo, foi embora humilhada. Dunga estava no Mineirão quando o Brasil foi derrotado por 7 a 1 pela Alemanha.
Dunga: Eu senti o que o torcedor, o que todo mundo sentiu. Ninguém estava acreditando. Era um apagão. Ninguém acreditava.
Fantástico: Um técnico consegue, na hora de um jogo como esse, prever isso que vai acontecer? Perdemos o controle?
Dunga: Ninguém espera, acho que ninguém está preparado para isso. Até porque você sabe os jogadores que tem em mãos, que você trabalhou, jamais você iria imaginar esse tipo de coisa. Eu acho que até o treinador está perplexo. Não é possível.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Larissa Carrijo    |      Imprimir