Juiz disse que não foi apontada nenhuma nova prova que altere panorama.
Família sustentou que provas indicariam que mulher não cometeu suicídio.
Foto: g1.globo.com A Justiça de Três Passos negou o pedido de desarquivamento do inquérito policial sobre a morte de Odilaine Uglione, mãe do menino Bernardo Boldrini, ocorrida em 2010. A defesa da avó materna do garoto, Jussara Marlene Uglione, pediu a reabertura sustentando terem surgido novas provas indicando que a mulher não teria cometido suicídio, mas sido assassinada.
Entretanto, o juiz Marcos Luís Agostini disse que não foi apontada nenhuma nova prova que altere o panorama probatório. O magistrado acolheu a manifestação do Ministério Público, referindo a inviabilidade da reabertura do inquérito. "Nem mesmo o órgão acusador vislumbra a presença dos requisitos estabelecidos na lei, isto é, prova formal e substancialmente nova que altere o panorama probatório identificado no momento em que os autos foram arquivados", analisou o juiz em despacho.
O pedido de desarquivamento ocorreu após o assassinato de Bernardo, encontrado morto no dia 14 de abril, enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, no norte gaúcho, a cerca de 80 km de Três Passos, onde morava. Ele estava desaparecido desde 4 de abril. O pai, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, a assistente social Edelvania Wirganovicz e seu irmão Evandro Wirganovicz estão presos e são réus pela morte do menino.
A solicitação da família de Odilaine foi baseada em lesões no antebraço direito e lábio inferior da mulher, bem como vestígios de pólvora na mão esquerda da vítima, que era destra, entre outras alegações sobre as informações do laudo pericial. Também levantou suspeita sobre o perito que realizara a necropsia, por ser sogro de um primo de Leandro Boldrini.
Citando o parecer do Ministério Público, o magistrado registrou que a presença de pólvora na mão esquerda da vítima foi esclarecida pelo perito, pois a mão direita, que segurava o revólver, foi auxiliada pela outra mão, estando a esquerda sobre a primeira. Segundo ele, as duas equimoses arroxeadas no antebraço direito da vítima são decorrentes das punções venosas realizadas no hospital local após o disparo. Além disso, Marcos Luís Agostini entendeu não haver prova de amizade ou vínculo de familiaridade entre Leandro Boldrini e o perito que examinou o corpo.
Entenda
Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No dia 6 de abril, o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.
No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.
O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. No dia 14 de abril, o corpo do garoto foi localizado. De acordo com a delegada responsável pela investigação, o menino foi morto por uma injeção letal.
O processo criminal
No dia 16 de maio, a Justiça aceitou a denúncia contra os suspeitos. Leandro Boldrini, Graciele Ugulini e Edelvânia Wirganovicz são réus por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima). Os três mais Evandro Wirganovicz respondem na Justiça por ocultação de cadáver.
No mês passado, a Justiça negou um novo pedido de liberdade para Leandro Boldrini, no processo sobre o assassinato do filho. O pedido de habeas corpus foi feito pelo advogado de Leandro, Jader Marques.
Segundo o Tribunal de Justiça (TJ-RS), o defensor alegou "falta de requisitos para manter a prisão cautelar do acusado", além de solicitar a transferência do processo da Comarca de Três Passos para Frederico Westphalen, onde o menino foi encontrado morto.
Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem de um sedativo e depois enterrado em uma cova rasa.
O inquérito apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ainda conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita azul. Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune, e contaram com a colaboração de Edelvania e Evandro, diz a polícia.
Fonte: g1.globo.com
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