Categoria Geral  Noticia Atualizada em 28-07-2014

Mais uma esperança renovada para o tratamento da hepatite C
Na data em que se comemora o Dia Mundial de Combate às Hepatites, uma reflexão sobre a doença no Brasil se faz oportuna. A princípio, o tratamento para a hepatite C pode parecer receita de bolo, quando os antivirais Ribavirina e Interferon Peguilado prati
Mais uma esperança renovada para o tratamento da hepatite C
Foto: g1.globo.com

O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde, baseado em evidências técnico-científicas, sempre apresenta restrições a certos grupos de pacientes. Ele só pode publicar os algorítimos de tratamento embasados por evidências técnico-científicas e nunca houve consenso entre as sociedades médicas. Isso reflete no Comitê Técnico Assessor do Departamento Nacional de DST/ Aids e Hepatites Virais, no que se refere a um tratamento para todos os portadores de hepatite C, pois entram fatores como genótipos, carga viral, e outros.

Já quanto a outros tipos de inclusão ou exclusão, como grau de evolução da fibrose, cirrose hepática compensada ou não, encefalopatia e outras características individualizadas da enfermidade, ao meu ver, todas fazem parte da evolução natural, sendo apenas uma questão de tempo.

Atualmente, há condutas médicas que optam por tratar os infectados somente quando os mesmos tiverem apresentando essa evolução, o que pode parecer equivocado, pois há muito questionamento sobre isso -- por que esperar piorar para tratar e assim afastar uma chance maior de cura?

Mais uma vez renova-se a esperança. Surge o medicamento Sofosbuvir. Ele trata a hepatite C com índice de cura superior a 90% e efeitos colaterais reduzidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que haja entre 130 a 150 milhões de pessoas no mundo infectadas com o vírus da hepatite C (HCV), que, muitas vezes, provoca doenças hepáticas relacionadas, incluindo a cirrose e o câncer de fígado, causando a morte de 350 a 500 mil pessoas ao ano.

No Brasil, a estimativa é de que haja três milhões de pessoas infectadas cronicamente. Em pesquisas clínicas de fase 2, obteve-ve com esse novo medicamento resultados excepcionais tratando coinfectados HCV/HIV, transplantados de fígado e pessoas em fila de transplante com cirrose descompensada. Estas são três das nossas maiores prioridades para o tratamento da hepatite C. Se tratarmos essas populações, milhares de vidas brasileiras poderão ser salvas.

Mais uma vez, a dificuldade de acesso recai sobre o preço, pois o laboratório Gilead, fabricante da droga Sovaldi (Sofosbuvir), estabeleceu o preço de mil dólares para cada comprimido (mais de dois mil reais), o que acarreta um custo de tratamento em US$ 84 mil (cerca de R$ 170 mil ) em 12 semanas ou US$ 168 mil (cerca de R$ 350 mil) em 24 semanas, conforme o genótipo da Hepatite C.

Relembrando a história da aids, vemos que, enquanto se buscava acordo para baixar os preços dos medicamentos, milhões de pessoas morriam sem acesso a eles. Não podemos permitir que esta tragédia se repita com a hepatite C.

Se o Legislativo e o executivo não se unirem para resolver a questão, o Judiciário será o último recurso. Porém, todos nós sabemos que esta solução desorganiza o orçamento da saúde, que já é debilitado, além de ser uma medida paliativa, uma vez que tem alcance reduzido a um número restrito de pessoas, o que viola o princípio da universalidade de acesso do direito à saúde.

Por tudo isso, solicitamos uma audiência pública na Câmara dos Deputados e contamos com o empenho dos bons representantes do povo para promover o debate dessa questão dos preços. Foi então, nessa audiência, reativada a Frente Parlamentar das Hepatites Virais, tendo como presidente e como vice-presidente os deputados federais Geraldo Thadeu e Maria Lucia Prandi. Com isso, esperamos assegurar efetivamente os direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros, sem perder de vista que a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República, conforme proclama o artigo 1º, inciso 3 da Constituição Federal e que a economia é apenas um instrumento para a promoção dos direitos fundamentais e nunca um fim em si mesma a ponto de sacrificar vidas humanas.


Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir