Categoria Geral  Noticia Atualizada em 29-07-2014

General diz à CNV que investigação de atentado do Riocentro
Advogado orientou que militares se calassem na Comissão da Verdade. Nilton Cerqueira foi convocado a depor sobre casos Riocentro e Araguaia.
General diz à CNV que investigação de atentado do Riocentro
Foto: g1.globo.com

O general aposentado Nilton Cerqueira, convocado para prestar depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV, em audiência pública no Arquivo Nacional, no Centro do Rio, nesta terça-feira (29), considerou "absurda" a investigação dos casos do atentado do Riocentro e do Araguaia 30 anos depois do ocorrido. Os episódios ocorreram durante a Ditadura Militar.

Cerqueira que por cerca de uma hora foi perguntado por sua atuação nos episódios respondeu o tempo todo: "Nada a declarar". Segundo Rosa Cardoso, membro da CNV, ele perdeu a oportunidade de dar sua versão dos fatos.


"Ele pediu pra a imprensa se retirar da audiência pública dizendo que mídia distorce tudo. Fizemos de dez a 12 perguntas e ele não respondeu nenhuma", contou Rosa Cardoso.
Cerqueira era o comandante geral da PM na época do Riocentro e determinou a retirada do policiamento do local, quando uma bomba explodiu no estacionamento matando um militar e ferindo outro. No local ocorria um show em celebração pelo Dia do Trabalahdor.

O general responde por homicídio doloso, atentado qualificado por motivo torpe, por não dar direito de defesa às vítimas, e por uso de explosivos.
O coordenador da CNV Pedro Dallari, ao encerrar os três depoimentos marcados para a manhã desta terça, lamentou que os três militares tenham optado por não falar.

"É uma contradição. Quem é inocente aproveita esse momento para se defender. Eles perderam a oportunidade de mostrar o outro lado, de contar suas versões dos fatos. É a manifestação completamente contraditória. Se há erro ele só pode ser corrigido com depoimentos, elementos e documentos e não com o silêncio", disse Dallari, acrescentando que a CNV não mudará a forma de apurar os casos.

A partir das 14h as audiências serão retomadas. Mais sete depoimentos estão previstos.

Morte deputado Rubem Paiva

Outros dois militares usaram do direito de permanecer em silêncio, na investigação sobre a
morte do deputado Rubens Paiva. O primeiro foi o capitão Jacy Ochsendorf, segundo a depor na Comissão Nacional da Verdade. De acordo com as investigações do MPF-RJ, a tortura e o assassinato de Rubens Paiva aconteceram dentro do Destacamento de Operações de Informações (DOI).

Capitão Jurandyr Ochsendorf foi terceiro, e também se negou a dar qualquer informação. O advogado Rodrigo Roca, que defende os três militares que deveriam depor nesta terça-feira, disse que orientou seus clientes a permanecer em silêncio.

"O silêncio é orientação minha. Não é desrespeito, não é desprestígio nem desprezo pela comissão. Isso é para evitar o açodamento de alguns declarastes que acabam induzindo a Comissão ao erro, como aconteceu no caso do coronel Perdigão. Ele teria sido reconhecido numa foto do acidente da estilista Zuzu Angel. Só que não é ele na foto. Isso é um erro, um erro histórico que tem de ser evitado", disse Roca.

Atentado ao Riocentro

Em 30 de abril de 1981, véspera do Dia do Trabalho, um show reuniu milhares de pessoas no Riocentro, na capital do Rio. O evento acabou entrando para a história pelo lado trágico, com a explosão de duas bombas no local.

A primeira bomba explodiu dentro de um carro, ferindo o capitão Wilson Luis Chaves Machado e matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário. A segunda explodiu na casa de força do Riocentro, sem causar vítimas. Após mais de 30 anos, o atentado não foi totalmente esclarecido.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir