Categoria Vírus & Cia  Noticia Atualizada em 29-07-2014

Entenda por que o surto de Ebola está fora de controle
Desde o início do ano, vírus já causou mais de 660 mortes em quatro países no oeste africano. Propagação da epidemia em áreas urbanas e crenças populares ajudam a explicar a dimensão que o problema tomou
Entenda por que o surto de Ebola está fora de controle
Foto: www.maratimba.com

A pior epidemia de Ebola da história, como classificou Organização Mundial da Saúde (OMS), já infectou mais de 1 000 pessoas e matou ao menos 660 no oeste da África. A doença, para a qual não existe cura ou vacina, é conhecida por ser altamente transmissível e mortal: a taxa de óbitos entre infectados pode chegar a 90%. Neste fim de semana, com a confirmação do primeiro óbito na Nigéria, o surto passou a afetar quatro países, incluindo Serra Leoa, Guiné e Libéria.

O vírus Ebola foi descoberto em 1976, quando houve 431 mortes. Desde então, os principais surtos aconteceram em 1995 (254 óbitos), 2000 (224) e 2007 (224), todos na África. O atual surto teve início em março na Guiné e, em maio, se espalhou para Serra Leoa após um curandeiro infectado transitar entre os dois países. Profissionais de saúde que ajudam a tratar pacientes infectados estão entre as vítimas, como um médico que liderava o combate à doença na Libéria, morto no sábado.

Propagação — Alguns fatores ajudam a explicar por que a epidemia cresceu tanto. Um deles é o fato de que, pela primeira vez, o vírus ultrapassou áreas rurais e chegou às capitais, onda a densidade demográfica é mais alta. "Os surtos anteriores foram localizados, o que facilitou o isolamento dos pacientes e o controle da doença", disse ao jornal britânico The Guardian Nestor Ndayimirije, representante da OMS.

Além disso, crenças populares e falta de informação atrapalham o combate à moléstia. Como não existe prevenção contra a doença, medidas como identificar pessoas infectadas rapidamente e colocá-las em quarentena para evitar transmissão do vírus ajudam a controlar o surto. No entanto, nos países endêmicos, há relatos de pessoas que escondem familiares doentes; de pacientes que fogem do isolamento; e de famílias que mantêm o cadáver de um parente por vários dias em suas casas.

A OMS afirma que divulgar o maior número de informações sobre a doença para a população é importante para prevenir os surtos de Ebola. Mas o baixo investimento em saúde nos países acometidos pela doença dificulta essa estratégia. Segundo reportagem da rede americana CNN, na Guiné, por exemplo, onde a expectativa de vida da população é de 58 anos, o governo gastou uma média em 7 dólares por pessoa em saúde em todo o ano de 2011. No mundo, a média em 2010 foi de 571 dólares per capita.

Algumas autoridades de saúde africanas, porém, acreditam que os relatos de casos e mortes têm dado mais atenção ao Ebola. "Não estamos dizendo que está tudo bem, mas agora há menos pessoas morrendo em silêncio", disse Sakouba Keita, ministro da Saúde da Guiné.

Medidas — Um comunicado da OMS divulgado na semana passada exigiu que os governantes adotassem medidas "drásticas" para combater o surto atual diante da preocupação com a possibilidade de transmissão a países vizinhos.

No domingo, a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, anunciou o fechamento da maior parte das fronteiras terrestres do país. Os poucos pontos que não foram interditados, segundo ela, terão centros para auxiliar na prevenção da epidemia. Ellen também determinou que hotéis e restaurantes exibam a seus clientes um vídeo de 5 minutos contendo informações sobre a moléstia e proibiu eventos públicos e manifestações, para reduzir o risco de contágio.

Mundo — A OMS considera baixo o risco de contágio entre pessoas que viajam a regiões endêmicas, já que a transmissão do vírus acontece a partir do contato com fluidos corporais dos doentes (sangue, suor, urina e saliva, por exemplo) – e não pelo ar, por exemplo.

Nesta terça-feira, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou que o governo brasileiro segue as recomendações da OMS – não há recomendação para que pessoas deixem de viajar a países endêmicos. "A situação nesses países se agrava pois são regiões em conflito, aonde os profissionais de saúde muitas vezes têm dificuldades para chegar. Mas, pelas características de transmissão da doença, não há risco de disseminação global", afirmou Chioro.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Larissa Carrijo    |      Imprimir