Categoria Geral  Noticia Atualizada em 31-07-2014

A estreia da literatura russa em uma programação de Flip tev
Escritor é o primeiro do país a figurar em uma programação da Flip. Ele dividiu a mesa com norte-americana Elif Batuman.
A estreia da literatura russa em uma programação de Flip tev
Foto: www.maratimba.com

A estreia da literatura russa em uma programação de Flip teve frases fortes do escritor Vladímir Sorókin, que dividiu a mesa das 15h desta quinta (31) com norte-americana de origem turca Elif Batuman, que estudou autores russos em um trabalho que gerou o livro "Os possessos".
O G1 transmitirá ao vivo todas as mesas da Flip 2014, tanto com áudio traduzido (se a palestra não for em português) quanto com áudio original. Veja a programação até domingo ao final da nota.


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Logo no começo houve um problema relacionado ao canal de áudio da tradução e a conversa ficou suspensa por quase dois minutos. Após isso, os dois comentaram o primeiro contato com a literatura - como escritor ou como leitor - o peso de Dostoiévski na tradição literária e a fama de trágicos que os livros de lá tem em geral.
"A vida russa é bem severa. Duas coisas ajudam a superar isso: humor e a vodca. O problema é que o humor dos escritores russos não tem nada parecido com o inglês ou mesmo o brasileiro ou francês. Ele tem uma peculiaridade, a pessoa faz piada como se fosse morrer, como se fosse a última piada. E isso tem algo de amargo", disse Sorókin, que veio vestido todo de branco, quase como um pai-de-santo.
A norte-americana de origem turca Elif Batuman (Foto: Flavio Moraes/G1)
A norte-americana de origem turca Elif Batuman
(Foto: Flavio Moraes/G1)
Batuman concordou que existe de fato uma imagem de amargura sobre a literatura russa, mas disse que não é inteiramente justa, dado que há as ramificações do humor, como o representado por Gógol.
Conhecido como destacado oposicionista ao poder do presidente Vladimir Putin, ele fez referências diretas e indiretas ao mandatário russo. Quando comentava os tempos vividos sob o totalitarismo soviético, ele diz "Esse defunto do passado, o totalitarismo, eu não gostaria que voltasse à tona". E quando fala sobre a relação entre a literatura como forma de protesto e os atuais tempos, ele dispara: "Putin um dia vai. O romance fica".
Mas ele se diz contra o engajamento nas letras. "Não queria que a literatura entrasse na política. Você pode escrever um artigo para o , mas é importante não usar sua literatura como uma furadeira que atravessa uma parede."
A respeito da sombra que Dostoiévski projeta em cima de toda a geração posterior de escritores russos, Batuman afirma: "Eu estou do lado de Tolstói. Mas Dostoiévski é insubstituível. Você percebe lendo cada passagem como ele é importante hoje".
Já Sorókin tem uma imagem ligeiramente diferente e até crítica. "Há um ponto negativo sobre ele que se perde de tradução melhoram estilo. Dostoiévski escrevia muito rápido, os textos ficavam como um rascunho, ele quase nem relia. Um estilo muito pesado. Nabokov odiava Dostoievski. Mas lê-lo é uma carnificina psicológica de estilo. Faz do leitor carne moída. Por isso somos gratos a ele".
Veja a programação da Flip 2014 até domingo:
31 de julho – quinta-feira
17h15 – "Fabulação e Mistério", com Eleanor Catton e Joël Dicker; mediação: José Luiz Passos
19h30 – "Paraty, Veneza do Atlântico Sul", com Francesco Del Co e Paulo Mendes da Rocha; mediação: Guilherme Wisnik
21h30 – "Porque era ele, porque era eu", com Mathieu Lindon e Silviano Santiago; mediação: Paulo Roberto Pires
1º de agosto – sexta-feira
10h – "O guru do Méier", com Cássio Loredano, Claudius e Sérgio Augusto; mediação: Hugo Sukman
12h – "À mesa com", com Michael Pollan; mediação: Lúcia Guimarães
15h – "Marcados", com Claudia Andujar e Davi Kopenawa; mediação: Eliane Brum
17h15 – "Livre como um táxi", com Antonio Prata e Mohsin Hamid; mediação: Teté Ribeiro
19h30 – "Encontro com Andrew Solomon"; mediação: Otávio Frias Filho

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Larissa Carrijo    |      Imprimir