Categoria Geral  Noticia Atualizada em 04-08-2014

Família procura despachante desaparecido em favela do Rio
Atual esposa diz que ele "saiu andando" após recusar ir para hospital. Filha de criação desconfia de versão. "Há algo mais além disso"
Família procura despachante desaparecido em favela do Rio
Foto: g1.globo.com

Os filhos de Luiz Augusto Gonçalves Campos, de 52 anos, procuram pelo pai que sumiu no dia 26 de julho na Favela Kelson, na Penha, Zona Norte do Rio. Amanda Nogueira, filha de criação do despachante de veículos, contou que Campos estava em uma festa na comunidade com a mulher, Rosângela Campos, e que só foi avisada sobre o desaparecimento na segunda-feira (29). Amanda afirmou que ela e os irmãos desconfiam das versões apresentadas por Rosângela.
"A família não acredita que tenha sito apenas um desaparecimento, tem alguma coisa nesta história. Ela [Rosângela] disse que se a gente queria ajudar a procurar o meu pai não era para procurar a polícia e sim os hospitais. Foi isso que levantou a nossa suspeita", afirmou Amanda Nogueira.
A esposa de Luiz Augusto, Rosângela Campos, afirma que não procurou a polícia imediatamente porque ele já havia saído andando de perto dela em outras ocasiões. "Achei que ele fosse voltar para casa, como tinha feito das outras vezes", disse ela. "Não consigo acreditar no que está acontecendo", lamentou.
Segundo ela, ele estava passando com frequência a mão no rosto no dia da festa, 26 de julho, e que ela resolveu levá-lo a um hospital, mesmo com ele dizendo que ele não estava sentindo nada. Nos últimos meses, diz ela, ele vinha sentindo dores em várias partes do corpo.
"Por volta das 22,23h, eu disse que iria levar ele a um hospital. Quando chegamos perto do carro, ele simplesmente saiu andando em direção à Avenida Brasil.
Rosângela afirma que, depois que Luiz Augusto saiu da empresa Brilhauto, onde trabalhava como despachante, os problemas financeiros aumentavam muito, e que a falta de dinheiro era motivo constante de brigas. "Ele estava até pegando dinheiro emprestado com uma pessoa. Muito triste essa situação", diz ela.
Versões para o desaparecimento
Segundo Amanda, a atual mulher do pai teria dado três versões para o desaparecimento, uma para cada um dos filhos.
"Primeiro ela contou que eles chegaram na festa, o carro enguiçou, ele foi chamar um mecânico e desapareceu. Depois ela disse que eles discutiram e ele saiu da festa. A terceira versão ela falou que ele se sentiu mal, por causa da pressão alta, ela ofereceu para leva-lo ao hospital, ele não quis e depois saiu", contou a filha.
Os filhos fizeram buscas pelo pai no Instituto Médico Legal (IML), Hospital Getúlio Vargas, Hospital Geral de Bonsucesso, UPA Penha e Hospital Souza Aguiar e não tiveram nenhuma informação. O registro de ocorrência foi feito pelos filhos na 22ª DP (Penha).

Episódios de brigas
A filha de Campos contou que os filhos se distanciaram do pai após a união com Rosângela. Moradores do Méier, ela contou que as brigas entre o casal eram recorrentes.
"Desde que o meu pai foi morar com ela, nós perdemos muito o contato. Ela só queria dinheiro. A briga deles era apenas por dinheiro, eles só não se separaram porque ele tinha um filho pequeno", afirmou Amanda.
De acordo com a filha, o inventário dos bens do avô estaria em fase final. Campos seria herdeiro de uma concessionária de carros. O despachante de veículos tem quatro filhos – o menor tem 5 anos e seria fruto do terceiro casamento com Rosângela.

Camila Gonzalez, enteada de Luiz Augusto, confirma a versão da mãe de que ele estava passando a mão no rosto com frequência no dia em que desapareceu e que havia uma disputa jurídica pela herança da parte dele da Brilhauto. "Existe um testamento, e ele está sendo contestado juridicamente, porque o pai dele queria que a herança fosse para a esposa. Ha 7 irmãos contestando isso", diz Camila. Ela afirma ainda que as brigas por causa de dinheiro na casa eram constantes. "Era briga por causa de água, de luz, de tudo", conta.
O delegado Reginaldo Guilherme da Silva, titular da 22a DP, disse que outro registro foi feito também na 23a DP. "Não descartamos nenhuma linha de investigação, incluindo essa questão relativa à herança", disse ele.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir