Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-08-2014

PF usou projeção de disfarces na busca por Roger Abdelmassih
Sistema simulou como o foragido ficaria usando óculos, perucas e chapéus. Condenado a 278 anos de prisão no Brasil, ele foi preso no Paraguai.
PF usou projeção de disfarces na busca por Roger Abdelmassih
Foto: g1.globo.com

A Polícia Federal (PF) usou um "sistema de reconhecimento facial com projeção de disfarces" na procura pelo ex-médico Roger Abdelmassih, foragido desde 2011. A técnica simulou como ele ficaria usando óculos de grau ou escuros, chapéus, boinas, perucas, barba e bigode. As informações, segundo a PF, ajudaram na captura do foragido no Paraguai nesta terça-feira (19).

O ex-médico foi preso no bairro Villa Morrá, em Assunção. Ele foi pego por agentes ligados à Secretaria Nacional de Antidrogas do governo paraguaio com apoio da Polícia Federal brasileira.
Após o procedimento de deportação sumária, Abdelmassih chegou ao Brasil às 18h por Foz do Iguaçu (PR), cidade na fronteira com o Paraguai, de onde será transferido para São Paulo. A PF ainda não confirmou a data. "A chegada dele está prevista para as 13h desta quarta, em Congonhas. Em seguida, vai para o IML para o corpo de delito", informou procurador-geral de Justiça Márcio Fernando Elias Rosa.
O ex-médico era considerado um dos principais especialista em reprodução humana no Brasil e foi acusado por 35 pacientes que disseram ter sido atacadas dentro da clínica que ele mantinha na região dos Jardins, área nobre da cidade de São Paulo. Após sua condenação e fuga em 2011, passou a ser um dos criminosos mais procurados pela Polícia Civil do estado de São Paulo. A recompensa por informações sobre seu paradeiro era de R$ 10 mil

Investigações em São Paulo
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo afirmou que a prisão do ex-médico "somente foi possível por informações obtidas em investigações do Ministério Público do Estado (MPE) que contaram com a colaboração da Polícia Civil do Estado de São Paulo". "As apurações incluíram o cumprimento de mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça numa fazenda de propriedade do médico em Avaré, em maio. Dos trabalhos, participaram promotores e policiais civis", acrescenta o comunicado.
Mapa do Paraguai (Foto: Arte/G1)
Denúncias e condenação
Roger Abdelmassih foi acusado por 35 pacientes que disseram ter sido atacadas dentro da clínica que ele mantinha na Avenida Brasil, na região dos Jardins, área nobre da cidade de São Paulo. Ao todo, as vítimas acusaram o médico de ter cometido 56 estupros.
As denúncias contra o médico começaram em 2008. Abdelmassih foi indiciado em junho de 2009 por estupro e atentado violento ao pudor. Ele chegou a ficar preso de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de responder o processo em liberdade.
Em 23 de novembro de 2010, a Justiça o condenou a 278 anos de reclusão. Abdelmassih não foi preso logo após ter sido condenado porque um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava a ele o direito de responder em liberdade.
O habeas corpus foi revogado pela Justiça em janeiro de 2011, quando ex-médico tentou renovar seu passaporte, o que sugeria a possibilidade de que ele tentaria sair do Brasil. Como a prisão foi decretada e ele deixou de se apresentar, passou a ser procurado pela polícia. Em maio de 2011, Abdelmassih teve o registro de médico cassado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo.
Médico alegava inocência
O ex-médico sempre alegou inocência. Chegou a dizer que só ‘beijava’ o rosto das pacientes e vinha sendo atacado por um "movimento de ressentimentos vingativos". Mas, em geral, as mulheres o acusaram de tentar beijá-las na boca ou acariciá-las quando estavam sozinhas - sem o marido ou a enfermeira presente.
Algumas disseram ter sido molestadas após a sedação. De acordo com a acusação, parte dos 8 mil bebês concebidos na clínica de fertilização também não seriam filhos biológicos de quem fez o tratamento.

Em nota, os advogados Márcio Thomaz Bastos e José Luis Oliveira Lima afirmaram que a defesa "aguarda o julgamento da apelação interposta perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo" contra a decisão que o condenou.

A defesa alega que, por isso, a sentença não transitou em julgado. "No tocante a sua prisão, a defesa não irá se manifestar", informaram em nota.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir