Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-09-2014

Dilma quer ressuscitar o medo na campanha, afirma Marina
Candidata participou de s�rie de entrevistas do G1 com presidenci�veis. Ela prometeu formular proposta para mandato de cinco anos sem reelei��o.
Dilma quer ressuscitar o medo na campanha, afirma Marina
Foto: g1.globo.com

A candidata a presidente da Rep�blica pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro), Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira (3), em entrevista na s�rie do G1 com presidenci�veis, que a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata � reelei��o, "est� querendo ressuscitar o medo" na campanha eleitoral.
Em resposta a uma quest�o sobre se a campanha eleitoral est� se tornando mais agressiva, a candidata repetiu o bord�o usado pelo ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva na campanha de 2002 � "a esperan�a venceu o medo".
"Eu acredito profundamente que a esperan�a venceu o medo. A sociedade brasileira, quando faziam todo esse terrorismo contra o Lula, repetia essa frase. E eu acho que a popula��o brasileira acredita e confia nisso, confia na nossa democracia. Infelizmente, quem est� querendo ressuscitar o medo � a presidente Dilma. E a pior forma de se fazer pol�tica � pelo medo. Eu prefiro fazer pol�tica pelas duas coisas que orientaram a minha vida: pela esperan�a e pela confian�a", declarou.

Consultada pelo G1, a assessoria da campanha de Dilma informou que n�o comentar� a declara��o. Nesta ter�a-feira (2), a presidente afirmou que, se aplicado, o programa de governo de Marina "reduz a p�" a pol�tica industrial. No mesmo dia, o ministro Guido Mantega afirmou que o programa de Marina pode "paralisar a economia". No hor�rio eleitoral da TV, a campanha de Dilma comparou Marina aos ex-presidentes J�nio Quadros e Fernando Collor, que n�o conclu�ram seus mandatos � J�nio renunciou e Collor sofreu impeachment.
Durante cerca de 45 minutos, Marina Silva respondeu a perguntas de internautas e do portal, em tr�s blocos, conduzidos pelos jornalistas Tonico Ferreira, da TV Globo, e Nathalia Passarinho, do G1. A ordem dos candidatos na s�rie de entrevistas com os presidenci�veis (veja ao final desta reportagem) foi definida por sorteio na presen�a de representantes dos partidos de todos os candidatos. A presidente Dilma Rousseff, candidata sorteada para o primeiro dia (28 de julho) da s�rie de entrevistas, n�o compareceu por problemas de agenda, segundo a assessoria do Pal�cio do Planalto. Al�m de Marina Silva, foram entrevistados Z� Maria (PSTU), A�cio Neves (PSDB), Mauro Iasi (PCB), Eduardo Campos (PSB), Rui Costa Pimenta (PCO), Levy Fidelix (PRTB), Eymael (PSDC), Eduardo Jorge (PV), Pastor Everaldo (PSC) e Luciana Genro (PSOL) � confira todas as entrevistas.
Mandato de cinco anos
Marina Silva tamb�m prometeu enviar ao Congresso uma proposta para aumentar para cinco anos o mandato presidencial, sem reelei��o. Ela disse que, se eleita, cumprir� os quatro anos de mandato e n�o tentar� a reelei��o.
"Acabar com a reelei��o ser� uma grande contribui��o para o pa�s. Estou assumindo compromisso de quatro anos de mandato. Eu vou cumprir quatro anos. O pr�ximo ter� cinco anos. Vamos mandar uma emenda", afirmou
Ela relembrou falas dos ex-ministros S�rgio Mota, do governo Fernando Henrique Cardoso, e do ex-ministro Jos� Dirceu, do governo Luiz In�cio Lula da Silva, de que os projetos de PSDB, no primeiro caso, e do PT, no segundo, eram para per�odos de 20 anos no poder. Ela afirmou que n�o poderia "sacrificar" a democracia em favor de um mandato mais longo. "Democracia � altern�ncia de poder", declarou.
Ela disse ter tomado a decis�o de n�o tentar a reelei��o, caso seja eleita presidente, motivada pelo exemplo do l�der sul-africano Nelson Mandela. "Tenho inspira��o na figura do Mandela. Ele acabou com o apartheid, mas n�o buscou um segundo mandato. Deixou a �frica do Sul buscar seu caminho", disse.

Programa de governo
A candidata desafiou os advers�rios A�cio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) a apresentarem seus programas de governo, a exemplo do que ela, Marina, fez na semana passada (veja os principais pontos do programa).
"Dilma n�o apresentou programa, A�cio n�o apresentou. Ent�o, espero que eles possam apresentar, para a gente fazer o cotejamento", declarou, em rela��o �s cr�ticas que sofreu por ter alterado o programa em dois pontos (casamento gay e energia nuclear) depois de t�-lo divulgado.
Ela voltou a justificar a altera��o, dizendo ter se tratado de um erro. "S� as pessoas que se consideram infal�veis s�o as que acham que nunca v�o cometer um erro. Para governantes, � fundamental que, se houver um erro, haver� disposi��o para corrig�-lo", declarou.
Primeiro ou segundo turno
Na pergunta sobre se j� vislumbra a possibilidade de vencer no primeiro turno, Marina disse que o momento � de andar com os "p�s no ch�o".
"Tenho brincado que, neste momento, temos que andar de p� no ch�o com sand�lias de algod�o. Quem decide � o eleitor. Ele est� olhando para os candidatos, para suas propostas", afirmou.
Ela n�o respondeu se aceitaria o apoio de A�cio Neves, do PSDB, em um eventual segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff. Para Marina, "segundo turno deve ser discutido no segundo turno".
"Eu tenho um respeito pelos concorrentes. Em 2010 eu ficava muito incomodada quando voc�s perguntavam quem eu ia apoiar no segundo turno.Segundo turno a gente discute no segundo turno", disse.

Rede Sustentabilidade
A candidata afirmou que continuar� "como presidente eleita pelo PSB" ao ser questionada se, como presidente, se filiar� � Rede Sustentabilidade, partido que n�o conseguiu criar para disputar a elei��o deste ano.
"Eu vou continuar como presidente da Rep�blica eleita pelo PSB porque n�o quero Instrumentalizar esse lugar [de presidente]", declarou. Ela disse ter o "compromisso" de ajudar o PSB "a encontrar sua estabilidade interna" e afirmou que a cria��o da Rede n�o depende s� dela.
O grupo pol�tico de Marina Silva se abrigou no PSB depois que ela firmou uma alian�a com o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. A ex-senadora n�o conseguiu obter a tempo o registro da Rede na Justi�a Eleitoral, e os integrantes da nova legenda se filiaram ao PSB para poder concorrer nas elei��es deste ano.
"Melhores"
A candidata foi questionada sobre a proposta apresentada durante a campanha de governar com a ajuda dos "melhores" quadros de todos partidos, mesmo os que n�o sejam aliados.
Ela comentou a possibilidade de n�o haver essa esperada ades�o de nomes de outros partidos. Segundo afirmou, "as pessoas n�o v�o se omitir".
"J� sinto que h� uma mudan�a muito grande em rela��o a muitas pessoas dentro dos partidos. Pude experimentar isso como senadora. Quando o FHC mandou a CPMF, meu partido era contra, mas eu e o senador Suplicy votamos a favor [...] Tenho 16 anos de vida pol�tica dentro do Congresso. Sei que tem muitas pessoas boas. Sei que se houver um movimento bonito da sociedade brasileira de me eleger, as pessoas n�o v�o se omitir de me ajudar", disse a candidata.
Igrejas e templos
A candidata, que � evang�lica, defendeu um princ�pio de "isonomia" ao ser indagada se era favor�vel � taxa��o de igrejas e templos. Segundo ela, a Igreja Cat�lica n�o sofre taxa��o e por isso as demais igrejas devem ser tratadas com "equidade".
"N�o se pode ferir o princ�pio da isonomia. N�s temos de trabalhar na lei com o princi�pio da isonomia, para que n�o se tenha dois pesos e duas medidas", afirmou.

Casamento gay
Marina Silva afirmou que o programa de governo que apresentou � o que mais assegura direitos � comunidade LGBT (l�sbicas, gays, bissexuais e transg�neros).
Questionada sobre se � favor�vel ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo (pelo qual, cada parceiro passa legamente a ter a condi��o de "casado"), ela afirmou que "no nosso programa, no nosso debate, o consenso que foi estabelecido � o da uni�o civil".
Pela uni�o civil, os parceiros t�m os mesmo direitos legais, mas permanecem com a condi��o de solteiros.
Efici�ncia do gasto p�blico e minist�rios
Marina Silva disse que pretende "corrigir" o que apontou como erros em obras estrat�gicas em andamento no pa�s. Segundo ela, h� projetos em execu��o que s�o "uma verdadeira m�quina de destrui��o dos recursos dos contribuintes".
Ela mencionou o exemplo da transposi��o do Rio S�o Francisco. "Ser� que o que est� sendo feito hoje � o mesmo projeto origin�rio? O primeiro ponto � buscar efici�ncia, transpar�ncia, gest�o. Existem os mecanismos de controle. As obras s�o necess�rias e estrat�gicas. Voc� tem de corrigir", declarou.
A candidata n�o quis revelar quais minist�rios pretende extinguir se eleita. Nas propostas de campanha, ela prega a redu��o do n�mero de pastas.
"A decis�o de que vamos fazer essa redu��o, ela est� tomada. Agora, quais ser�o reduzidos, � algo quevoc� faz no momento em que est� eleito. Ningu�m pode fazer qualquer ila��o se voc� ainda n�o est� � frente do processo", disse.
Pol�tica externa
A presidenci�vel disse que a pol�tica para a �rea de rela��es exteriores ser� se orientar por "princ�pios e valores".
Segundo ela, os valores fundamentais para a pol�tica externa do Brasil s�o respeito � democracia, � liberdade e aos direitos humanos.
Ela se disse favor�vel ao fortalecimento do Mercosul, mas tamb�m quer acordos bilaterais. "Defendemos o fortalecimento do Mercosul. Isso n�o significa que seja feito em preju�zo da autonomia que temos para fazer acordos bilaterais", declarou.
Segundo a candidata, "n�o precisamos ficar de costas para Europa e EUA para nos relacionarmos com Africa e Am�rica do Sul".
Pr�-sal
A candidata tamb�m respondeu sobre a opini�o que tem com rela��o aos investimentos no petr�leo do pr�-sal. A presidente Dilma Rousseff tem criticado o programa do PSB na parte que se refere ao pr�-sal. Ela chegou a dizer que a vis�o de Marina sobre o tema � "obscurantista".
"N�o � verdade isso que est� sendo dito pelos concorrentes sobre o pr�-sal. O pr�-sal � uma realidade que continua com a prioridade que tem e precisa ter. Mas vamos priorizar tamb�m outros investimentos [...] N�o h� necessidade de tirar recursos do pr�-sal para o etanol. precisamos � corrigir pol�ticas err�ticas que o governo fez em rela��o aos combust�veis. A explora��o do pr�-sal vai gerar riquezas para podermos investir os 10% em educa��o e investir em tecnologia e inova��o para outras formas de energia, uma matriz mais limpa", disse.
Pinga-fogo
Ao final da entrevista, os jornalistas pediram � candidata respostas "sim" ou "n�o" para perguntas num formato "pinga-fogo".
Marina se disse favor�vel � ado��o de crian�as por casais homossexuais, desde que, segundo ela, sejam respeitados os crit�rios que a Justi�a imp�e nos casos de ado��o. Tamb�m respondeu "sim" ao voto obrigat�rio. Afirmou que � contra a eutan�sia, a redu��o da maioridade penal e a revis�o da Lei da Anistia.
Ela afirmou que "os juristas dizem que n�o � poss�vel" uma assembleia constituinte exclusiva para elaborar uma reforma pol�tica, proposta lan�ada pela presidente Dilma Rousseff.
Sobre aborto em caso de estupro, a candidata disse que "o previsto em lei deve ser mantido" � estupro � um dos casos em que lei brasileira permite o aborto.
Sobre imposto para grandes fortunas, disse que o tema deve ser discutido na reforma tribut�ria. Disse que deve ser feita uma discuss�o sobre o fim do servi�o militar obrigat�rio. Em rela��o ao ensino religioso obrigat�rio nas escolas, Marina respondeu que a quest�o j� foi definida pela lei.
As entrevistas
Veja abaixo todas as entrevistas da s�rie do G1 com os presidenci�veis:
- 31 de julho: Z� Maria (PSTU) - assista na �ntegra
- 4 de agosto: A�cio Neves (PSDB) - assista na �ntegra
- 7 de agosto: Mauro Iasi (PCB) - assista na �ntegra
- 11 de agosto: Eduardo Campos (PSB) - assista na �ntegra
- 20 de agosto: Rui Costa Pimenta (PCO) - assista na �ntegra
- 22 de agosto: Levy Fidelix (PRTB) - assista na �ntegra
- 25 de agosto: Eymael (PSDC) - assista na �ntegra
- 27 de agosto: Eduardo Jorge (PV) - assista na �ntegra
- 29 de agosto: Pastor Everaldo (PSC) - assista na �ntegra
- 2 de setembro: Luciana Genro (PSOL) - assista na �ntegra
- 3 de setembro: Marina Silva (PSB) - assista na �ntegra
Leia abaixo a �ntegra da entrevista da candidata Marina Silva bloco a bloco:



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir