Categoria Geral  Noticia Atualizada em 16-09-2014

Homossexuais celebram união em 1º casamento coletivo gay
Ao todo, 14 casais oficializaram relacionamentos em cerimônia em Manaus. "Grande passo para quebrar o preconceito", ressaltou uma das noivas.
Homossexuais celebram união em 1º casamento coletivo gay
Foto: g1.globo.com

O que era para ser apenas mais um dia no calendário se tornou uma data especial na história de 14 casais em Manaus. Nesta terça-feira (16), homens e mulheres homossexuais puderam oficializar suas respectivas uniões no primeiro casamento coletivo homoafetivo da região Norte e quarto do Brasil. No auditório da sede da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Amazonas (OAB), na Zona Centro-Sul de Manaus, o clima era de emoção. Entre lágrimas e olhares, casais que já viviam juntos há anos - alguns, até décadas - comemoraram bastante.

Sem conter o choro, o personal trainer Sidcley do Valle, de 39 anos, não escondeu a felicidade por finalmente ter seu relacionamento com o administrador José Simões, 37, reconhecido. "É um grande passo para tentarmos quebrar o preconceito que ainda existe. Temos o direito de estar juntos como qualquer pessoa", disse o personal trainer, que está com José há 12 anos. "Temos uma união estável de seis anos e a sorte de poder andar de mãos dadas, por exemplo. No futuro, queremos adotar uma criança", revelou.
Se a adoção é um plano para os próximos anos na vida de Sidcley e José, para o casal formado pela motorista Marta Queiroz, 45, e pela manipuladora de alimentos Marinete Ferreira, 36, isso já é uma realidade. Juntas há um ano e meio, elas contaram com a torcida da pequena Letícia, de sete anos. Em processo de adoção da menina, o casal aproveitou a chance de oficializar o relacionamento. "É a realização de um sonho. Manaus está reagindo bem [a essa decisão], mas sabemos que nunca vai ser 100%. Por isso, nos comportamos como um casal em público, mas sempre respeitando o espaço do outro", ponderou Marta, antes de dar um beijo na noiva.

‘Respeito, acima de tudo’
Há quatro anos, a advogada Neila Dantas, hoje com 50, viu uma mensagem curiosa em uma rede social. Era a técnica de enfermagem Mara Silva, 36, pedindo seu número de telefone. Um mês depois, as duas começaram a conversar e agora têm a chance de celebrar o relacionamento trocando alianças perante a um juiz de paz - no caso, a advogada Simone Minelli. "Eu costumo dizer que a única diferença é que estou me relacionando com uma pessoa do mesmo sexo. Passamos pelas mesmas dificuldades que um casal heterossexual. Por isso, digo que esse evento tem a função de abrir os olhos da sociedade. Me sinto muito vitoriosa", resumiu Neila.
Agora, as duas contam com o apoio de amigos e familiares, como o filho de Mara, de 18 anos. "Nosso rol de amizade tem pessoas maravilhosas que nos aceitam como somos. Não vivo de hipocrisia e nem tento esconder esse relacionamento. É importante termos respeito, acima de tudo", frisou a advogada, que chegou a ser noiva de um homem anos antes de conhecer Mara. "Me faltava o companheirismo. Ela chegou na hora certa", disse, orgulhosa.

Casamento civil dá direitos a parceiros
A cerimônia reuniu centenas de convidados, que testemunharam a troca de alianças feitas de prata e tucumã. Além dos 14 casais homoafetivos, uma união heterossexual também foi oficializada. Ao G1, a presidente da Comissão de Diversidade Sexual da OAB/AM, Aleandra Zangerolame, afirmou que essa iniciativa visa o reconhecimento do parceiro perante a sociedade. "Todos os cartórios são obrigados a autorizar esse casamento. Com ele, também asseguramos a segurança jurídica contra herança e os direitos como pensão alimentícia, por exemplo", informou, acrescentando que o próximo casamento coletivo será realizado em março de 2015 na capital amazonense.
A coordenadora do Fórum LGBT no Amazonas, Sebastiana Silva, acredita que este 16 de setembro de 2014 foi "um dia memorável" para o movimento. Apesar da vitória, ela acredita que ainda existem outros degraus a serem percorridos. "Caminhamos em passos lentos. Esperamos que, a partir do ano que vem, essa cultura se torne mais comum perante a sociedade. Essa iniciativa é importante para mostrar para todos que temos os nossos direitos e deveres, garantidos constitucionalmente. Ainda há muita desinformação", finalizou Sebastiana, lamentando casos de violência como o registrado no Rio Grande do Sul, quando o local que abrigaria uma cerimônia de casamento homossexual foi incendiado.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir