Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-09-2014

Mulher apanha após registrar conversa entre motorista
Funcionária pública levou socos dentro de ônibus em Votorantim (SP). Empresa diz que caso demonstra "falta de civilidade" entre as passageiras.
Mulher apanha após registrar conversa entre motorista
Foto: g1.globo.com

Uma funcionária pública de 45 anos foi agredida dentro de um dos ônibus de transporte coletivo intermunicipal da empresa São João, que faz a linha entre Sorocaba (SP) e Votorantim (SP). Ela denunciou o caso para a Polícia Civil, que investiga o incidente ocorrido no dia 11 de setembro.
A vítima conta que uma jovem entrou no ônibus, sentou-se perto do motorista e ficou conversando com ele. A funcionária pública achou que essa situação era errada, porque poderia tirar a concentração do motorista. Por isso, resolveu tirar fotos para fazer uma denúncia formal à empresa. Mas, segundo ela, quando decidiu fazer as fotos, foi ameaçada e agredida.
A vítima, que mora em Votorantim, trabalha em Sorocaba e utiliza a linha intermunicipal diariamente, denuncia a agressão: "Fui brutalmente agredida na volta do trabalho. Sou do tipo de pessoa que vê coisa errada e não consegue ficar quieta, então achei que deveria fazer alguma coisa. Por isso resolvi fotografar para denunciar para o fiscal com a prova, afinal, o motorista não estava prestando atenção no trânsito enquanto conversava com a amiga dele", conta a funcionária pública. Ela explica ao G1 que assim que pegou o celular e fez a foto, a mulher se levantou, passou pela catraca e a ameaçou. "Disse que a denunciaria por ameaça, então levei o primeiro soco na cara", diz.

O estudante Fabiano Oliveira, morador de Votorantim e usuário da mesma linha intermunicipal, registrou com o celular o momento da briga. Ele enviou o vídeo por meio da plataforma colaborativa VC no G1 (veja ao lado). O rapaz de 21 anos confirma que a agressão aconteceu depois que a vítima começou a fotografar a jovem conversando com o motorista. "Ela [vítima] dizia: "vai atrapalhar o motorista. É perigoso ele bater o ônibus"."
De acordo com Fabiano, antes da briga, o motorista tentou apaziguar a discussão das duas mulheres. "Ele chegou a pedir para a jovem ir para trás do ônibus". A garota foi para um assento no fundo ônibus, mas a discussão continuou, resultando na briga.

As mulheres trocaram socos e puxões de cabelo, até que a funcionária pública conseguiu dominar a jovem. "O motorista parou o ônibus e nos separou. Depois voltou a dirigir", complementa a funcionária pública. Ela conta que chamou a Polícia Militar de dentro do ônibus. "Ela [agressora] ria histericamente e dizia que mais um boletim de ocorrência na vida dela não faria diferença", afirma a funcionária pública.
Após receber atendimento médico, a vítima foi até o plantão policial acompanhada de policiais militares e no dia seguinte registrou a agressão na Delegacia de Defesa da Mulher. Depois disso, passou por exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal. "Não sinto raiva de nenhum deles, mas estou denunciando por ser minha obrigação moral. É na covardia das pessoas que os marginais se sentem livres e impunes", desabafa. A funcionária pública está afastada do trabalho temporariamente para se recuperar das lesões. "Tenho medo, me sinto refém desta situação por depender de ônibus e sei que terei que voltar a pegá-lo", conclui.

"Sem comprovação"
Segundo o gerente de serviços da Viação São João, Marco Franco, a empresa não fará nada sobre o incidente. "Não posso punir o motorista, não há nada comprovado. A situação não está muito clara e desavenças são comuns", explica o gerente, acrescentando que o caso da agressão da funcionária pública é algo que foge do controle da empresa. "Este incidente não envolve a empresa, é falta de civilidade entre as passageiras", avalia Marco.
Sobre a reclamação da desatenção do motorista, ele diz que a empresa orienta os funcionários a serem educados com os passageiros e responderem dúvidas. "O motorista alega que ele não estava conversando com a passageira, ele disse que estava esclarecendo algumas dúvidas dela, como não foi uma conversa, a atenção dele não foi tirada", avalia. Caso a conversa entre motorista e passageiro fosse comprovada – dependendo do histórico do funcionário – a penalidade pode variar de orientação verbal a demissão.

O gerente de serviços ressalta ainda que o motorista parou o ônibus para intervir e que todos os funcionários da empresa passam por treinamentos regulares para manter a qualidade dos serviços prestados. A Viação São João conta com 70 ônibus que realizam o transporte coletivo intermunicipal. Seis deles estão com câmeras em fase de teste.
De acordo com a Polícial Militar de Votorantim, a única solicitação registrada foi a da vítima. Não há registros de solicitação da empresa de ônibus.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir