Categoria Geral  Noticia Atualizada em 18-09-2014

Mulher de réu do caso Bernardo diz que foi pressionada
Luciane Saldanha, de 19 anos, falou à Justiça em Frederico Westphalen. Evandro Wirganoviz, irmão de Edelvânia, também é acusado do crime.
Mulher de réu do caso Bernardo diz que foi pressionada
Foto: g1.globo.com

Emocionada e nervosa, a mulher do réu Evandro Wirganovicz no caso Bernardo Boldrini prestou depoimento à Justiça na manhã desta quinta-feira (18) no Fórum de Frederico Westphalen, na audiência do processo que investiga a morte do menino de 11 anos. Luciane Saldanha, de 19 anos, caiu em contradição em relação ao testemunho dado anteriormente à Polícia Civil. Ela mudou a versão apresentada e disse que foi "pressionada" pelos policiais.

"Eles [a polícia] diziam para eu confessar que ele fez o buraco. Eles diziam que se eu não confessasse que ele fez o buraco ele ia pegar mais tempo de cadeia", afirmou, no último dos oito depoimentos do dia.

O corpo de Bernardo foi localizado no dia 14 de abril ano enterrado em um matagal na área rural de Frederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, onde o garoto morava com a família. O menino estava desaparecido desde 4 de abril. Evandro, que foi preso um mês após o crime, é irmão de Edelvânia Wirganovicz, também ré no processo por homicídio e ocultação de cadáver. Além dos dois, o pai de Bernardo, Leandro Boldrini, e a madrasta da criança, Graciele Ugulini, também são acusados da morte.

Luciane, porém, não tem obrigação de dizer a verdade à Justiça. "Eles (a polícia) recomendavam que eu colocasse respostas no meu depoimento. Se eu não sabia o que dizer, os policiais indicavam o que tinha que falar. Eu nunca disse que ele não pegou peixes. Eles me perguntaram quatro vezes se ele foi pescar. Aí no depoimento colocaram como se eu tivesse dito que não. E eu também não disse que ele chorou e não comentou nada. Eu tive medo (da polícia) e vergonha (do advogado), para não dizer que fui pressionada", desabafou.

A versão foi confirmada pelo advogado de Evandro, ao final da oitiva. "Ela (Luciane) foi induzida, pressionada a dizer certas coisas. Está bem claro isso, vocês puderam ver. Então o depoimento policial para mim não tem legitimidade nenhuma", avaliou Helio Sauer.

A Polícia Civil diz que ambos concordaram com a transcrição do depoimento na época. "Eu não tenho muito o que dizer sobre isso. Já era esperado que ela (Luciane) fosse mudar a versão dela. Foi a delegacia de Frederico Westphalen que colheu o depoimento dela. E tanto ela, quanto o advogado (Hélio) aceitaram os termos das declarações. Eles leram o que foi escrito e concordaram", afirmou ao G1 a delegada Caroline Bamberg, responsável pelo inquérito do caso da morte de Bernardo. "Agora eles estão contestando? Que tipo de advogado é esse?", questiona.

Ao entrar na sala de audiência, Luciane chorou muito. Pediu água para se acalmar.
Atrás do advogado Hélio Sauer, que defende o réu, estava Evandro, que também chorou muito no início da oitiva. O casal não trocou olhares. "Ele não tem participação [no crime]", resumiu Luciane logo no início.

Durante o testemunho, o último e mais longo do dia, Luciane descreveu o final de semana que o menino desapareceu. "Nós estávamos de férias naquela época, fomos passear na mãe dele. Fomos para dormir lá. Íamos com frequência, quase todo final de semana. Ele foi pescar à tardinha, ia seguido quando estava na casa da mãe. Às vezes ele ia a pé, às vezes de carro. Eu já estava deitada quando voltou e no outro dia eu vi os peixes".

À polícia, a mulher afirmou que não sabia se Evandro tinha voltado para a casa da mãe com peixes. "Ele limpou os peixes no outro dia. Tinha aqueles com barbinha grande e uns pequeninhos", acrescentou.

Ao ser perguntada sobre sua relação com a irmã de Evandro, disse que havia uma amizade, mas que encerrou depois da divulgação do crime. "Me dava bem com Edelvaânia. Isso que ela fez, ter ajudado a outra... De ter feito o buraco", continuou.

A outra contradição no depoimento dado à Justiça se apresentou quando Luciane afirmou que Evandro chorou de raiva por causa da irmã. À polícia, a mulher do réu havia dito que ele "só chorou", "nada comentou" e que ela teria suspeitado do próprio marido. "Ele não falou nada acho que de raiva dela. Ele chorou de raiva dela, dela ter feito isso. Ele nunca pensou que ela fosse fazer isso. Nunca desconfiei dele", disse.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Gabrielly Rebolo    |      Imprimir