Operação Delegada terá fiscalização em grupos, em vez de duplas.
Camelô foi morto por PM nesta quinta após confusão durante ação policial.
Foto: g1.globo.com A Polícia Militar (PM) vai mudar a forma de fiscalizar o comércio ilegal em São Paulo depois que um ambulante foi morto por um policial com um tiro na cabeça na quinta-feira (18), como informou o SPTV. Segundo o coronel Glauco Carvalho, comandante de policiamento da capital, serão empregados grupos de policiais na fiscalização, e não duplas, como ocorre atualmente.
O camelô Carlos Augusto Muniz foi morto no fim da tarde de quinta durante uma operação da PM na Rua Doze de Outubro.
Na ocasião, três policiais faziam a prisão de outro ambulante quando Carlos tentou tirar uma lata de spray de pimenta da mão do policial Henrique Bueno de Araújo (veja vídeo acima).
O PM reagiu e atingiu o vendedor com um tiro na cabeça. Ele morreu em seguida. Já Araújo foi autuado em flagrante e indiciado por homicídio com dolo eventual, que ocorre quando se assume o risco de matar. O policial foi levado para o Presídio Militar Romão Gomes.
O policial, que trabalha há nove anos na corporação, sustenta a versão de que o tiro foi acidental. Em depoimento, ele afirmou que se assustou quando a vítima tentou tirar o gás de pimenta de sua mão e a arma disparou.
A confusão aconteceu durante fiscalização da Operação Delegada. Nesta operação, o salário dos policiais militares é pago pela Prefeitura de São Paulo. Na ocasião, os policiais faziam patrulhamento para coibir a venda de mercadoria ilegal.
Depois do disparo, houve um protesto. Ruas foram bloqueadas, um ônibus foi depredado, cinco pessoas foram detidas por vandalismo e uma por desacato. Todas as pessoas foram liberadas.
Segundo Jadilson Lira, ambulante que falou ao SPTV, os policiais costumam agir com truculência no local. "Eles pegam a mercadoria da gente, batem na gente, correm atrás, o que não tem necessidade", disse.
PM foi levado a presídio militar
O policial militar que baleou e matou o camelô foi encaminhado para o presídio militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo. Nesta sexta-feira, ele deixou o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) após prestar depoimento. Colegas de trabalho do policial dizem que o disparo foi acidental. Testemunhas negam.
Imagens gravadas em celulares por pessoas próximas aos fatos mostram o momento em que os policiais dominam um camelô. Carlos Augusto Muniz se aproxima dos policiais. Não é possível ver o disparo, mas dá para escutar o barulho.
De acordo com dados divulgados pelo SPTV, no primeiro semestre de 2014 foram 163 pessoas mortas por policiais militares na capital paulista. O número supera o dobro do registrado no mesmo período de 2013, quando aconteceram 66 mortes.
A Secretaria de Segurança Pública afirmou, em nota, que não compactua com desvio de conduta de policiais. O caso é apurado pela Corregedoria da Polícia Militar e pela Polícia Civil.
Enterro no Piauí
A família estave no Instituto Médico Legal (IML) da capital paulista na manhã desta sexta (19) para liberar o corpo de Carlos. O velório e o enterro do ambulante devem ocorrer no Piauí, estado onde nasceu.
"A esposa dele está muito mal, sem explicação, a gente não tem palavras para dizer", desabafou a tia Aparecida Muniz.
Primo do ambulante, Diego Pereira descreveu o ambulante como uma pessoa tranquila. "Gente boa, humilde, um cara bastante inteligente, bem gente boa mesmo", disse.
Fonte: g1.globo.com
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