Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 22-09-2014

Um bom exemplo que vem de fora

Um bom exemplo que vem de fora

Atribui-se ao saudoso economista M�rio Henrique Simonsen um interessante pensamento a respeito do nosso pa�s: "O bonde da hist�ria passa muitas vezes. O Brasil perdeu os �ltimos, mas haver� outros".

Fiquei a pensar nesta frase h� poucos dias, lendo uma interessante not�cia publicada no jornal ingl�s The Times, sugestiva de que a esta��o pela qual passa o bonde pode ser a mesma na qual podemos pegar um trem. Confiram: "Os avi�es deveriam ser substitu�dos por trens de alta velocidade nas viagens dom�sticas, declarou o Secret�rio de Transportes [da Inglaterra]".

Al�m dos �bvios benef�cios econ�micos para o pa�s, o Governo deu ainda um outro motivo para esta troca: "Dada a substancial redu��o na emiss�o de carbono e benef�cios ambientais de car�ter geral, � de absoluto interesse p�blico que n�s iniciemos a substitui��o sistem�tica dos avi�es pelos trens de alta-velocidade".

E os recursos para esta substitui��o? Eis a resposta: "Se n�s considerarmos esta troca uma prioridade nacional, os recursos existir�o. Caso contr�rio, n�o. � simples assim".

Enquanto isto li na BBC, tamb�m inglesa, not�cia sobre a nossa regi�o retratando um triste contraste com este bom exemplo: "As demandas por transporte a�reo na Am�rica Latina demandar�o a compra de 1.700 avi�es que custar�o US$ 120 bilh�es nos pr�ximos 20 anos, conforme estimou a empresa Boeing".

O mais chocante, por�m, veio a seguir: "A Am�rica Latina � vista como uma regi�o atraente para a ind�stria aeron�utica ... em fun��o da sofr�vel rede de transportes e do crescente n�mero de pessoas em condi��es de arcar com os custos de passagens a�reas".

E l� vai o nosso Brasil sacolejando de carro e caminh�o pelas esburacadas e car�ssimas estradas que temos, ou ent�o a bordo de n�o menos onerosos jatos, adquiridos a peso de ouro, que posam em nossos t�o dispendiosos e muitas vezes obsoletos aeroportos.

Enquanto isso segue imp�vida nossa velha malha ferrovi�ria! Temos 28.798 km, dos quais 10 mil constru�dos por D. Pedro II. Uns 7 mil km est�o desativados, por falta de conserva��o. Some a isso equipamentos obsoletos e tra�ados igualmente inadequados ao s�culo XXI, e conclua que quase 40% de nossa j� rid�cula malha ferrovi�ria est� em estado deficiente.

Por conta disso a velocidade m�dia dos nossos trens � de apenas 20 km/h, contra 80 km/h dos similares norte-americanos - ali�s, os EUA tem 14 vezes mais ferrovias que n�s. Ou, utilizando uma outra compara��o, o imenso Brasil tem uma malha ferrovi�ria do tamanho da do pequenino Jap�o (o pior � que a semelhan�a est� s� no tamanho - esque�a o quesito "efici�ncia").

Vamos a mais alguns n�meros: os EUA transportam 25% de suas mercadorias por hidrovias, 50% por ferrovias e pouco menos de 25% por rodovias. Aqui no Brasil � o contr�rio: transportamos inacredit�veis 70% do que produzimos por rodovias, no lombo de caminh�es car�ssimos produzidos por empresas transnacionais.

Por conta de um tr�fego t�o intenso em nossas estradas, 600 mil brasileiros morreram nelas nos �ltimos 20 anos. E nas pr�ximas duas d�cadas? Quantos morrer�o? Outros 600 mil? 800 mil? Um milh�o? Eu? Voc�? Nossas fam�lias?

Fico a pensar se Roberto Campos tinha em mente esta realidade, que j� data de d�cadas ou mesmo s�culos, quando exclamou que "a burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor".

Fonte:
 
Por:  Pedro Valls Feu Rosa    |      Imprimir