O poder est� num processo de mudan�a de natureza que revelou a sua for�a neste primeiro turno. A pol�tica pode - e deve - ser mais do que uma h�bil apresenta��o de empenho no poder pelo poder.
Foto: www.overmundo.com.br O poder est� num processo de mudan�a de natureza que revelou a sua for�a neste primeiro turno. A pol�tica pode - e deve - ser mais do que uma h�bil apresenta��o de empenho no poder pelo poder.
A democracia brasileira � bem mais do que o triunfo do n�mero e dos procedimentos eleitorais. Repousa na convic��o de que as luzes da raz�o tornar�o compat�veis as aspira��es individuais. Cada escolha individual s� ser� leg�tima se continuar compat�vel com outras escolhas, outras prioridades.
A sociedade n�o � um mecanismo implac�vel. Admitir a parte importante do que � aleat�rio � condi��o essencial da relativa estabilidade experimentada pela sociedade brasileira em nossos dias. A solidez de uma comunidade pol�tica depende, em primeiro lugar, da vontade dos indiv�duos que a comp�em.
As institui��es deveriam ter como prop�sito fundar comunidades pol�ticas novas, ao inv�s de apenas organizar e controlar o poder em comunidades pol�ticas preexistentes. A melhor maneira de exercer a liberdade que se reconhece em todos os cidad�os � juntar-se a um grupo ou fundar um novo.
Associa��es de fato conferem dinamismo � sociedade, funcionam como motor da vida democr�tica. Hoje os indiv�duos n�o s�o mais prisioneiros de antigas estruturas econ�micas, pol�ticas ou sociais. Da� que, atualmente, a cria��o de um poder torna-se ent�o mais importante que a transmiss�o do poder.
Nos dias de hoje, a organiza��o democr�tica da interdepend�ncia entre comunidades diversas sup�e que o compromisso se torne a regra. E ainda que institui��es s�lidas realmente organizem entre as diferentes comunidades as mais s�lidas vincula��es, numa negocia��o permanente e m�ltipla.
A melhor sociedade � a que permite ao indiv�duo ser o juiz dos objetivos fundamentais de sua vida, e que se desenvolve gra�as ao movimento que cada um infunde � sociedade a que pertence. A globaliza��o nos obriga a retomar a reflex�o sobre essa liberdade, sobre seus fundamentos e seus limites.
O que est� realmente em jogo � a extens�o das solidariedades. N�o se trata de pretender que a globaliza��o de trocas distribua igual e automaticamente a prosperidade entre todos. Em verdade, vantagens econ�micas, tens�es sociais, exig�ncia moral, todas devem igualmente ser levadas em conta.
*Tarcisio Padilha Junior � engenheiro
Jornal do Brasil
Fonte: Tarcisio Padilha Junior - Jornal do Brasil
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