Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-11-2014

Fotos da polícia mostram detalhes da reconstituição do caso
Inquérito foi obtido com exclusividade pela EPTV; mãe e padrasto são réus. Morte do menino completa 1 ano e não há data para o julgamento do casal.
Fotos da polícia mostram detalhes da reconstituição do caso
Foto: g1.globo.com

Fotos obtidas com exclusividade pela EPTV, um ano após a morte do menino Joaquim Ponte Marques em Ribeirão Preto (SP), mostram os últimos passos do padrasto da criança, Guilherme Longo, entre a noite e a manhã do desaparecimento do garoto de 3 anos. As imagens feitas pela Polícia Civil no dia da reconstituição do crime e anexadas ao inquérito remetem às ações descritas dentro e fora da casa da família por Longo, preso há um ano acusado por homicídio triplamente qualificado.

A mãe de Joaquim, Natália Ponte, também é acusada pela morte do filho por omissão. Ela chegou a ficar presa por 31 dias, mas obteve um habeas corpus e está em liberdade desde janeiro deste ano. Atualmente, ela mora com os pais e o filho mais novo em São Joaquim da Barra (SP).

Segundo o Ministério Público, Joaquim morreu no dia 5 de novembro após receber uma alta dose de insulina, hormônio usado por ele para o tratamento da diabetes, aplicada por Longo. Em seguida, o padrasto jogou o corpo da criança no córrego Tanquinho, próximo à casa da família. O menino foi encontrado cinco dias depois, boiando no Rio Pardo em Barretos (SP). O casal nega as acusações.

De acordo com a promotoria, o julgamento deve acontecer em 2015.

Reconstituição
A EPTV teve acesso com exclusividade ao inquérito formado por 2,5 mil páginas. Na reconstituição, Longo refez as ações descritas à polícia em depoimento. Na noite de 4 de novembro, o técnico em TI disse que terminou de dar banho em Joaquim, após pedido de Natália. Depois de colocar o pijama no menino, Longo e o enteado foram para o quarto do casal e Natália mediu a glicemia do filho.

Longo diz que Natália dormiu em seguida, e que Joaquim ficou brincando com um celular na cama do casal, até que começou a cochilar. O padrasto diz ter levado o menino para o quarto dele depois de conseguir tirar o aparelho da criança, que pediu a mamadeira. Instantes depois, Longo chegou a voltar ao quarto do menino, que já dormia.

Chovia por volta das 23h, quando o padrasto saiu de casa a pé, levando um guarda-chuva. Ele diz que deixou a porta da sala fechada, mas não a trancou. Passou pelo portão, mas o fechou com cadeado.

Longo refez o trajeto até o local onde diz ter ido para comprar cocaína. Ele passou pela Rua Brigadeiro Tobias de Aguiar em direção ao bairro Campos Elíseos. Em depoimento, disse que fez o trajeto em 40 minutos, mas no dia da reconstituição foram apenas 16 minutos, conforme a polícia.

Como não encontrou a droga, o padrasto fez o caminho de volta para casa. Ao chegar ao local, ele diz ter encontrado o portão como deixou, assim como a porta do quarto de Joaquim. Durante a madrugada, Longo diz ter sido acordado por Natália por causa do choro do bebê, filho dele com a psicóloga, e que se levantou para preparar a mamadeira.

O casal acordou às 7h30 e foi ao quarto de Joaquim para aplicar insulina na criança, e percebeu que Joaquim não estava mais na cama. Segundo Longo, os dois procuraram o menino pela casa, mas sem saber o que poderia ter acontecido Natália ligou para a Polícia Militar informando sobre o desaparecimento.

Um ano depois
Guilherme Longo foi preso no dia 10 de novembro, logo após o corpo de Joaquim ter sido encontrado. Em janeiro deste ano, ele foi levado para a Penitenciária II em Tremembé (SP), onde aguarda julgamento.

Em setembro deste ano, a Justiça começou a ouvir os depoimentos de mais de 20 testemunhas – três, no entanto, ainda não foram encontradas.

Para o advogado de Longo, Antônio Carlos Oliveira, o Ministério Público não tem provas que incriminem o padrasto de Joaquim.

Segundo o advogado de Natália Ponte, Nathan Castelo Branco, a mãe de Joaquim não poderia prever, como alega o MP, que Longo poderia matar o menino.

Para o promotor Marcus Túlio Nicolino, é difícil que Longo não seja condenado pelo crime. Já a condenação de Natália por omissão dependerá da interpretação que a sociedade dará ao comportamento da psicóloga. "O Guilherme não tem como escapar. Ele foi o responsável direto pela morte da criança. Eu entendo que a Natália foi omissa, mas quem vai decidir isso é a sociedade ribeirão-pretana. É a sociedade que vai definir se ela como mãe falhou ao não tirar a criança do convívio com o Guilherme. A sociedade é que vai julgar", afirma.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir