Categoria Geral  Noticia Atualizada em 10-11-2014

Crianças são impedidas de escovar os dentes em escola de Mai
Escola justificou suspensão alegando falta de água na cidade. Concessionária nega problema de abastecimento na unidade.
Crianças são impedidas de escovar os dentes em escola de Mai
Foto: g1.globo.com

Uma escola municipal em Mairinque (SP) enviou um comunicado aos pais informando que as crianças não poderão mais escovar os dentes na escola. Por meio de uma carta a unidade, que atende 170 alunos do maternal até a segunda fase do ensino infantil, afirma que a suspensão foi motivada por causa da falta de água no município.

Na carta, enviada aos responsáveis pelos estudantes na terça-feira (4), a escola Thereza Cristina Whitaker Ribeiro de Lima informa os pais que está devolvendo as canecas e as escovas de dente das crianças devido à suspensão motivada pelo problema no abastecimento. A unidade encerra o comunicado pedindo para que os pais continuem o "procedimento de escovação em casa".

A proibição, válida por tempo indeterminado, revoltou os pais dos estudantes. "Eu achei ridículo. Não tem lógica. As crianças vão ficar das 7h30 até as 15 horas sem escovar os dentes", disse uma mãe que prefere não ter o nome divulgado. Durante o período em que permanecem na escola, as crianças fazem três refeições, sendo o almoço e dois lanches divididos entre manhã e tarde. "Fiquei indignada porque o que deu para entender que escovar o dente não é uma coisa importante. Achei inapropriado", completa ao comentar que não teve problemas de falta de água em sua casa. "Alguns moradores do meu bairro chegaram a reclamar, mas eu não fui afetada."

Após ser questionada pelo G1, a prefeitura disse que a escovação deve voltar a ser permitida na escola porque "o abastecimento melhorou". Por meio de nota a prefeitura confirmou que a escola tomou a atitude devido a "crise de abastecimento que afeta o município".

"Em algumas escolas de Mairinque, as aulas chegaram a ser suspensas devido à falta de água. Portanto, essas medidas garantiram que as aulas não fossem interrompidas com a utilização da água em apenas situações essenciais", alega o Executivo ao confirmar que a escovação também foi suspensa em outras escolas da cidade.

Já a concessionária Saneaqua afirma que não há registro de reclamações tanto por parte da escola quanto de outros moradores do bairro Jardim Cruzeiro, onde a unidade está instalada. "Não procede a informação de que falta água na escola citada. A Saneaqua está promovendo a distribuição para que todas as localidades recebam água em algum horário do dia. Os pontos altos do município são os prejudicados pela redução de pressão nas redes, devido os baixos níveis dos reservatórios de distribuição."

Crise na cidade
Em Mairinque, os reservatórios do Fiscal e do Carvalhal, que compõem o sistema de captação de águas superficiais, estão com os níveis muito baixos, segundo informou a concessionária responsável na cidade. "Calcula-se que, em volume, o reservatório do Fiscal esteja com uma redução de 2/3 da sua capacidade. Isso resulta na produção de água na Estação de Tratamento de um volume 30% menor do que o esperado para essa época do ano". A concessionária, no entanto, evita falar em crise no abastecimento na cidade. "A crise hídrica é geral, em todo o estado, mas não específica no município".

De acordo com a prefeitura, na maioria dos bairros da zona rural os poços secaram e a população depende unicamente dos caminhões pipa. "Em alguns bairros próximos ao Centro, como o Granada e Monjolinho, a água fornecida pela concessionária não chegava às torneiras e passaram, também, a depender do caminhão pipa".

Ainda segundo a prefeitura, enquanto o abastecimento de água não for normalizado plenamente, campanhas de conscientização continuarão a ser realizadas na cidade junto com a concessionária por meio de carros de som e distribuição de panfletos nas residências.

A concessionária também está notificando moradores flagrados lavando calçadas, carros e ruas com a utilização de mangueiras abertas, diz o Executivo. "Caso as notificações não inibam o desperdício, a prefeitura pode utilizar um novo decreto, desta vez com força de multar o cidadão que esbanjar o precioso liquido".

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir