Categoria Geral  Noticia Atualizada em 14-11-2014

Professor que investiga abusos pede afastamento da USP
Paulo Saldiva ocupa cargo na instituição desde 1996 e disse que "cansou de engolir sapo".
Professor que investiga abusos pede afastamento da USP
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O professor e médico patologista Paulo Saldiva, que presidia a comissão que apura denúncias de abusos sexuais na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pediu afastamento nesta quarta-feira. Ele ocupa o cargo desde 1996 e o deixará assim que acabar seu período de licença-prêmio.

A USP confirmou a informação, mas alegou que ainda não tem um posicionamento oficial da instituição sobre o caso.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o professor afirmou que "cansou de engolir sapo" e que as mais recentes denúncias (confira o histórico abaixo) foram a "gota d"água" para sua saída.

"A faculdade se comportou mal. Houve demora da congregação, ficaram na defensiva [sobre as denúncias de estupro das alunas]. Há uma crise de conduta, de valores. Cansei de engolir sapo. Como professor, sinto que falhei, não desempenhei meu papel. Todos os professores deveriam se sentir assim. Isso diz respeito a todos nós. Precisamos incorporar o conteúdo de respeito à dignidade humana ao currículo. Chega de intenção. É preciso prática", disse ao jornal.

O deputado Adriano Diogo (PT), que presidiu a Comissão, declarou ter sido "assediado" para que não levasse adiante a sessão sobre a FMUSP. "Nem presidindo a Comissão da Verdade eu fui tão pressionado a não realizar uma audiência. Impressionante como a gente é assediado quando tenta trazer uma sujeira que está debaixo do tapete", afirmou.

Após a audiência – que começou às 15h e terminou às 20h40 –, ele afirmou que o autor do assédio foi o próprio diretor da FMUSP, professor José Otávio Costa Auler Júnior.

O silêncio começa a ser rompido agora, mas os casos de estupro, trote violento e discriminação são velhos conhecidos da FMUSP. As denúncias recebidas pela Comissão datam, pelo menos, de 2002, mas um dos casos mais emblemáticos de violência na instituição é ainda mais antigo, de 1999, quando o calouro Edison Tsung Chi Hsueh, de 22 anos, foi encontrado morto em uma piscina após um trote.

Fonte: www.jb.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir