Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-11-2014

Petrobras desfaz acordo com a Iesa Óleo e Gás
Contrato envolvia o fornecimento de módulos de plataformas
Petrobras desfaz acordo com a Iesa Óleo e Gás
Foto: jcrs.uol.com.br

Os problemas da unidade de construção naval da Iesa Óleo e Gás de Charqueadas não param de aumentar. A Petrobras confirmou ontem, através de nota, que o contrato assinado com a empresa para fornecimento do pacote III de módulos de replicantes (plataformas idênticas) foi rescindido. Ainda segundo o comunicado, "será realizada, oportunamente, nova licitação para a contratação dos serviços". As encomendas seriam feitas no município gaúcho.

"Para nós, não chega a causar surpresa", destaca o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Charqueadas, Jorge Luiz de Carvalho. A planta vem sofrendo com paralisações e férias coletivas constantes e está com os seus trabalhadores dispensados até a próxima segunda-feira. Com a perspectiva das atividades não serem mais retomadas, o sindicato já estuda medidas jurídicas para defender os direitos trabalhistas. Aproximadamente mil empregos serão afetados se a unidade for fechada.

Uma comitiva de representantes da comunidade de Charqueadas esteve ontem, em Brasília, uma audiência com o vice-presidente da República, Michel Temer, para discutir o tema. "A ideia do sindicato, da prefeitura, de todos os envolvidos é criar uma comoção geral para que se possa revitalizar o polo naval e que não se permita que caia no esquecimento como a usina Jacuí 1 (termelétrica inacabada)", ressalta Carvalho. O sindicalista cobra uma posição clara do governo federal se é viável ou não manter a operação do complexo. A alternativa levantada para que não se perca o empreendimento é que uma empresa assuma a iniciativa.

Outro participante do encontro de ontem, o deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS), considerou a reunião positiva, mas salienta que o assunto será solucionado entre uma empresa privada e a Petrobras. "Não se tem condições, aqui de Brasília, de resolver imediatamente", admite o paramentar. Por isso, foi decidido acionar o Ministério de Minas e Energia, pasta a qual a Petrobras é vinculada, para que a estatal defina, no menor espaço de tempo possível, qual será o prosseguimento da questão. "Porque não passa pela cabeça de ninguém, muito menos do vice-presidente, que o investimento feito será abandonado, até porque é esteado, principalmente, em financiamento público", destaca Padilha.

A unidade da Iesa no Rio Grande do Sul foi construída para fabricar módulos de compressão para plataformas de petróleo replicantes que serão instaladas na área do pré-sal. Inicialmente, a Iesa tinha garantido um contrato para fabricar 24 módulos, ao valor de US$ 720,4 milhões. Havia também a possibilidade de acrescentar a esse número mais oito módulos e elevar o acordo para US$ 911,3 milhões.

As estruturas foram encomendadas pela Tupi BV, que tem como acionistas a Petrobras, o BG Group e a Petrogal. A Iesa vem sofrendo dificuldades para operar sua unidade no Estado em razão de problemas econômicos enfrentados pelo seu grupo controlador (a Inepar), que entrou em processo de recuperação judicial. Esperava-se que a Andrade Gutierrez entrasse como parceira do empreendimento, porém o ingresso da companhia não aconteceu.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Charqueadas considera que as investigações das irregularidades cometidas dentro da Petrobras atrapalham as chances de que seja tomada uma medida para recuperar a unidade. Inclusive, o presidente da Iesa Óleo e Gás, Valdir Lima Carreiro, e o diretor da empresa Otto Garrido Sparenberg chegaram a ser presos pela Polícia Federal, dentro da Operação Lava Jato. A reportagem do Jornal do Comércio procurou a Iesa para se manifestar, contudo não obteve retorno da empresa.

Em nota, o governo do Estado lamentou o desfecho da crise da Iesa Óleo e Gás, mas destacou que a decisão não representa o fim do Polo Naval do Jacuí. Segundo o governo, a empresa Metasa, também instalada em Charqueadas, inicialmente como fornecedora da Iesa, já diversifica sua carteira de clientes, com novos contratos. De acordo com a nota, a área do polo tem localização privilegiada para a atividade naval e certamente será reocupada no futuro.

Fonte: jcrs.uol.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir