Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-11-2014

Que futuro aguarda Vettel, na Ferrari, e Alonso, na McLaren?
F�s e profissionais da F�rmula 1 questionam o que levou os pilotos, considerados os mais talentosos atualmente ao lado de Lewis Hamilton, a mudarem de equipe.
Que futuro aguarda Vettel, na Ferrari, e Alonso, na McLaren?
Foto: globoesporte

Sebastian Vettel j� falava, meio sem perceber, como piloto da Ferrari em 2015 desde a sa�da da Red Bull, conhecida em Suzuka, no Jap�o, no in�cio de outubro. Mas nesta quinta-feira saiu o an�ncio oficial.


O tetracampe�o do mundo vai pilotar os carros italianos nas tr�s pr�ximas temporadas. A McLaren-Honda, contudo, espera a defini��o de seu principal patrocinador para fazer como a Ferrari hoje no Circuito Yas Marina e anunciar, em grande estilo, a contrata��o de Fernando Alonso para 2015 e 2016. F�s da F�rmula 1 e at� mesmo profissionais do evento questionam o que levou os dois pilotos, com um retrospecto de impressionantes seis t�tulos mundiais, considerados os mais talentosos atualmente na F-1 ao lado de Lewis Hamilton, a mudar de equipe? Que futuro os aguarda?


"Eu sempre sonhei em pilotar uma Ferrari. Quando �ramos pequenos, no kart, nosso �dolo era Michael Schumacher. Ele estava na Benetton, mas depois na Ferrari s� vencia, vencia", disse Vettel. De fato, o componente emocional pesou na decis�o de Vettel de trocar uma organiza��o como a Red Bull, campe� dos oito campeonatos que disputou nos �ltimos quatro anos, os quatro dele como piloto e do time como construtor. Mas n�o seria exagero afirmar que dentre os fatores levados em conta por esse alem�o de 27 anos talvez seja o de menor import�ncia.


O que ent�o teria sido decisivo? Dois componentes dessa hist�ria em especial: evitar novo confronto com o ainda companheiro de Red Bull, Daniel Ricciardo, em 2015, e deixar a equipe quase ao mesmo tempo em que o principal respons�vel pela superefici�ncia t�cnica dos seus carros, o engenheiro Adrian Newey. "Senti que era o momento de sair. Voc� reflete sobre tudo, ouve o seu cora��o e..." explicou Vettel.


Este ano, antes de o campeonato come�ar, at� mesmo gente de dentro da F-1 acreditava que talvez Ricciardo corresse apenas um ano pela Red Bull, como o substituto de Mark Webber. Parecia prov�vel que Vettel, um destruidor de recordes, iria ofusc�-lo completamente. O australiano tinha como experi�ncia dois campeonatos na Toro Rosso e meio na HRT, dois s�timos lugares nos GPs da China e da It�lia em 2013 como melhores resultados. Vettel, junto dos quatro t�tulos, 45 pole positions e 39 vit�rias. Ricciardo precisaria ser forte para n�o ser destru�do.


O GP de Abu Dabi, cujos treinos livres come�am nesta sexta, � o 19.� do calend�rio. E o que a temporada apresentou at� agora em termos da disputa entre Vettel e Ricciardo? O jovem de 25 anos venceu tr�s etapas, Canad�, Hungria e B�lgica, soma 214 pontos e � o terceiro na classifica��o do Mundial. Vettel tem como melhor resultado o segundo lugar na prova de Cingapura. Obteve 159 pontos, ou 55 a menos de Ricciardo, e ocupa o quarto lugar no campeonato. Na luta por quem larga na frente, o placar � 10 a 8 para o australiano.


"Daniel est� fazendo um grande trabalho", afirma Vettel. Ricciardo atribui a sua intimidade com carros n�o excepcionalmente equilibrados, como o da Red Bull, este ano, a sua vantagem sobre o alem�o. "E eu exploro tamb�m melhor as caracter�sticas do pneu da Pirelli este ano", complementou.


Tudo o que Vettel n�o pode, com o objetivo de preservar a imagem de supertalento constru�da nos �ltimos anos, e j� arranhada, � perder novamente a disputa com Ricciardo. "Vamos ver os resultados de Sebastian quanto ele n�o tiver mais um carro t�o superior aos demais", dizia, repetidas vezes, Fernando Alonso no passado. Na sua cabe�a, obteve a resposta este ano.


Deixar a Red Bull agora para Ricciardo e aceitar a proposta da Ferrari representa uma decis�o estrat�gica para Vettel. Os maus resultados deste ano ser�o, para parte da sua torcida, relacionados �s dificuldades com as rea��es do carro e do novo sistema de freio traseiro, controlado eletronicamente, de efeito pr�tico distinto do adotado at� ent�o pela F-1. O que Vettel n�o pode � repetir a cat�strofe. "Eu perguntei a Adrian se ele continuaria na Red Bull e depois de me responder que sim eu renovei meu contrato." Essa foram palavras de Vettel em 2012, quando estendeu seu compromisso com a Red Bull at� o fim de 2015. Mas Newey j� no ano que vem dever� dedicar apenas 30% do seu tempo ao time.


"Preciso novos desafios de engenharia", afirma o ingl�s. "A F-1 virou uma competi��o de unidades motrizes, n�o produzidas por n�s. N�o h� mais �rea no carro onde um projetista pode compensar defici�ncia em outras, as limita��es aerodin�micas s�o muito grandes."
Isso tudo mostra que Vettel tinha motivos demais para sair da Red Bull. N�o � dinheiro o fator de atra��o na Ferrari, embora estima-se que v� receber cerca de 30 milh�es de euros (R$ 100 milh�es) por ano, cerca de 10 a mais que na Red Bull. As verdadeiras raz�es s�o fugir do risco de ver suas conquistas associadas quase que apenas aos fant�sticos carros de Newey para a Red Bull, no caso de outra surra de Ricciardo, e a perspectiva de o time austr�aco cair bastante de produ��o com o seu diretor t�cnico sendo apenas um consultor.



E Fernando Alonso, por que decidiu deixar a Ferrari?
O rep�rter do Globo Esporte perguntou a ele, nesta quinta-feira, em Abu Dabi, se em setembro, quando comunicou � dire��o da Ferrari seu desejo de deixar o grupo, tinha j� uma proposta de algu�m? A resposta foi "n�o". Mais uma vez o espanhol avaliou mal o que aconteceria no mercado. Como � considerado pela maioria como o piloto mais completo em atividade, achou que correria por quem desejasse, ou seja, a Mercedes. "Tenho a sorte de poder escolher para quem vou competir", costuma afirmar ultimamente. A realidade, no entanto, � outra.



A exemplo do experimentado no fim de 2007, Alonso descobriu que apesar de seus dotes extraordin�rios de piloto, sempre anda mais que o carro, ficou sem op��o de escolha. N�o existia outra alternativa para o campe�o do mundo de 2005 e 2006, pela Renault, a n�o ser a McLaren-Honda. E na entrevista coletiva no Circuito Yas Marina, hoje, ele foi questionado se a nova escolha lhe dar� o que a Ferrari n�o lhe ofereceu, um carro vencedor. "Confio que sim", respondeu, sem se referir explicitamente a McLaren-Honda.



Ser� surpreendente se a Honda, sem ter um ano de experi�ncia com o novo regulamento da F-1, como Mercedes, Renault e Ferrari, as produtoras das unidades motrizes da F-1 hoje, entregar a McLaren j� em 2015 um conjunto que permita a Alonso sair lutando pelas vit�rias. A pr�pria escuderia tem um atraso importante no seu chassi em rela��o � concorr�ncia. "V�o precisar de um tempo para tornarem-se competitivos, mas ser�o", afirma ningu�m menos de Bernie Ecclestone, promotor da F-1.



Em outras palavras, Alonso deixou a Ferrari para correr por um time com um carro melhor. Mas na verdade andou para tr�s. Todos os elementos apontam que a McLaren-Honda muito provavelmente produzir� menos do que a Ferrari em 2015. A n�o ser que haja uma grande surpresa. Historicamente n�o se recupera uma desvantagem t�o grande como a da McLaren e da Honda de um ano para o outro.


A Ferrari apresentar� para Vettel um carro concebido por uma dupla de projetistas com retrospecto respeitado na Lotus, time de poucos recursos, James Allison e Dirk de Beer, equipado com a segunda gera��o da unidade motriz, com as modifica��es permitidas pelo regulamento. A perspectiva � de fazer mais do que este ano. A Ferrari tem 210 pontos, quarta entre as escuderias, diante de 651 da Mercedes, j� campe�, 373 da Red Bull e 254 da Williams.


Alonso ter� um carro que tem n�o o dedo, mas a m�o do ex-vice de Newey na parte de aerodin�mica da Red Bull, o ingl�s de origem cipriota Peter Prodromou, o que � um avan�o, mas talvez n�o para levar a organiza��o t�o � frente, e uma unidade motriz que far� seus primeiros testes, efetivos, ter�a e quarta-feira pr�ximas, tamb�m no Circuito Yas Marina. Mercedes, Renault e Red Bull come�ar�o 2015 com milhares de quil�metros de experi�ncia a mais.


Assim, a l�gica sugere que Vettel poder� dispor na Ferrari, no ano que vem, de um equipamento mais veloz e equilibrado que o de Alonso, hoje. Embora um tanto distante, ainda, provavelmente, da Mercedes. Mas Alonso ter� de trabalhar muito para tornar o conjunto McLaren-Honda primeiro confi�vel e depois r�pido.


Faz todo sentido, diante de como as coisas funcionam na F-1, que a McLaren-Honda necessite de pelo menos a primeira metade do pr�ximo campeonato para desenvolver minimamente seu conjunto. � isso o que Alonso deve enfrentar em 2015. N�o trocou o seis por meia d�zia, mas ao menos no primeiro ano, 6 por 4. O companheiro de Alonso? Foi perguntado a ele se gostaria que fosse Jenson Button, com o ingl�s do seu lado. O espanhol saiu da cadeira, foi at� o jornalista e respondeu baixinho: "Sim".

Fonte: globoesporte
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir