Categoria Geral  Noticia Atualizada em 05-12-2014

Governo pode negar nova ajuda a distribuidoras de energia
Previsto para cobrir gastos de 2014, empréstimo de R$ 17,8 bi acabou. Novo aporte do Tesouro, em dívida com o setor, é considerado improvável.
Governo pode negar nova ajuda a distribuidoras de energia
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As distribuidoras de energia podem ser obrigadas a arcar com os gastos extras do setor nos meses de novembro e dezembro após a verba do empréstimo bancário, feito pelo governo para cobrir essa conta bilionária durante todo o ano de 2014, ter sido totalmente consumida até outubro.
De acordo com um representante do setor no governo ouvido pelo G1, essa é hoje a "opção natural", mais provável, mas o governo ainda tem cerca de um mês para discutir saída diferente. Ainda de acordo com ele, a ampliação do financiamento bancário, que já foi adotada pelo governo uma vez, está agora totalmente descartada. Isso porque, quando do acordo para a tomada do segundo empréstimo, em agosto, os envolvidos firmaram compromisso, informal, de que não haveria um terceiro.
Um novo aporte de recursos do Tesouro para socorrer as distribuidoras ainda não foi discutido, mas é visto como improvável. Isso porque o Tesouro, pressionado pelo aumento de gastos do governo federal e queda na arrecadação, vem atrasando repasses que havia se comprometido a fazer para um fundo que financia ações do setor elétrico, a CDE. Dos cerca de R$ 13 bilhões prometidos para 2014, cerca de R$ 4 bilhões não foram pagos.
Como os gastos extras do setor são pagos sempre dois meses depois, a conta de novembro será conhecida só no início de janeiro e, a de dezembro, em fevereiro de 2015. Por isso o governo tem tempo para avaliar qual medida tomar. A fatura dos dois meses somados pode chegar a R$ 3 bilhões, dinheiro de que as distribuidoras alegam não dispor.
A entrada em vigor das Bandeiras Tarifárias, em janeiro, que vai elevar automaticamente o preço que os consumidores pagam pela energia em situações de aumento do custo de geração, como acontece atualmente, proporcionará uma receita extra para a distribuidoras. Isso deve facilitar uma decisão do governo de não fazer um novo socorro a essas empresas para quitar os gastos extras de novembro e dezembro.
Empréstimo
Na quarta-feira (3), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) confirmou que, mesmo com uma segunda captação de recursos, que elevou o empréstimo bancário de R$ 11,2 para R$ 17,8 bilhões, a ajuda do governo não vai ser suficiente para cobrir os gastos extras das distribuidoras em 2014.
Esse empréstimo será pago pelos consumidores brasileiros, via reajustes mais altos nas contas de luz entre 2015 e 2017. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), somados os juros, a fatura chega a R$ 26,6 bilhões.
Os gastos de outubro, que serão pagos neste início de dezembro, somam R$ 1,5 bilhão, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Este valor é maior que o saldo atual da conta e, para quitá-lo, vão faltar R$ 266 milhões.
Esse gasto extra é resultado da falta de chuvas e consequente queda acentuada do nível dos reservatórios das principais hidrelétricas, que obrigou o país a ampliar o uso de energia gerada pelas termelétricas, que é mais cara. Além disso, essa situação provocou a disparada no preço da energia no mercado à vista, onde distribuidoras precisam recorrer para obter parte da eletricidade para atender aos seus clientes.
Isso tudo gerou uma contra extra bilionária para as distribuidoras, que alegaram não ter recursos suficientes para fazer frente a ela. Por isso em março o governo anunciou que faria um empréstimo bancário, no valor de R$ 8 bilhões, para socorrê-las. A medida também evitou reajustes ainda maiores nas contas de luz em 2014.
Depois, o governo anunciou que o empréstimo seria de R$ 11,2 bilhões e, como o valor se mostrou insuficiente, fez em agosto uma segunda captação junto aos bancos, que elevou o total do socorro para R$ 17,8 bilhões.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir