Categoria Geral  Noticia Atualizada em 09-12-2014

Presidente do BC vê alta do dólar e inflação na meta central
Tombini afirma que não haverá complacência do BC com a inflação. Estoque de swaps deve ser renovado no futuro observada demanda, diz.
Presidente do BC vê alta do dólar e inflação na meta central
Foto: g1.globo.com

O dólar, que já vem batendo as maiores cotações desde 2005, deve continuar se valorizando no ano que vem – o que ajudará as exportações, segundo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Falando em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, Tombini também previu que a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve se aproximar mais fortemente da meta central de 4,5% somente em 2016.
"As perspectivas para o setor externo em 2015 são mais positivas e sustentam-se na perspectiva de um maior crescimento global e desvalorização do real [alta do dólar], que devem contribuir para um melhor desempenho da balança comercial", declarou ele, que permanecerá no comando do BC no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
Nesta terça-feira, o dólar está sendo negociado ao redor de R$ 2,60. A expectativa de economistas dos bancos, coletada por meio de pesquisa da autoridade monetária com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, é que a moeda avance para R$ 2,70 no fim de 2015. Dólar mais alto barateia as exportações e torna as compras feitas no exterior mais caras - assim como as viagens de brasileiros para outros países.
Convergência da inflação para 4,5%
Alexandre Tombini também informou que a inflação oficial, que ficou em 6,56% em doze meses até novembro deste ano – acima portanto, da meta central de inflação de 4,5% e, também, do teto do sistema brasileiro (de 6,5%) – deve retomar a trajetória de convergência para a meta central "ao longo de 2015". Segundo ele, essa trajetória "se estende até o fim de 2016".
Desde agosto, a inflação se mantém acima de 6,5%, o teto da meta de inflação estipulada pelo governo. Essa meta, no entanto, só vale para anos fechados – ou seja, o governo só terá descumprido a meta se a inflação em 12 meses seguir acima de 6,5% em dezembro. A expectativa do Ministério da Fazenda, e do mercado, é de que a inflação não estoure o teto de 6,5% em todo este ano.
De acordo com o presidente do BC, o fortalecimento da política fiscal, com o aumento da meta de superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) para 1,2% do PIB em 2015 - o equivalente a R$ 66,3 bilhões - e para, ao menos, 2% do PIB em 2016 e 2017, deverá, "ao longo do tempo", facilitar a convergência da inflação apra a meta de 4,5%.
"Atuando de forma independente, mas complementar, a política fiscal [ajuste nos gastos públicos] e política monetária [definição dos juros para conter as pressões inflacionárias], em ambiente de estabilidade e solidez do sistema financeiro, serão cruciais para a retomada da confiança de empresários e investidores", acrescentou Tombini.
Taxa de juros
O presidente do BC lembrou que a autoridade monetária subiu os juros em 0,25 ponto percentual, para 11,25% ao ano em outubro, e que promoveu nova alta – de 0,50 ponto percentual em dezembro para 11,75% ao ano – e acrescentou que o objetivo destas elevações é "viabilizar um cenário de inflação mais benigno em 2015 e 2016" e fazer com que a inflação "retorne o mais rápido possível" para trajetória de convergência em direção à meta central de inflação de 4,5%.
"Não haverá complacência do Banco Central [com a inflação]. A política monetária [definição dos juros para conter pressões inflacionárias] deve se manter ativa para combater efeitos de segunda ordem dos ajustes de preços relativos. Deve evitar que esses ajustes se espalhem para o resto da economia com aumentos persistentes da inflação", declarou o presidente do Banco Central.
Ao anunciar a elevação de 0,50 ponto percentual no juro no início deste mês, para 11,75% ao ano, o BC informou que que a taxa deverá continuar subindo no futuro, mas que isso poderá acontecer de forma menos intensa, com "parcimônia". A expectativa do mercado financeiro é de que os juros básicos da economia subam para 12% ao ano em janeiro, para 12,25% em março e para 12,50% ao ano em abril de 2015.
Crescimento da economia
Sem citar números, o comandante do BC informou que estima uma "recuperação gradual da economia doméstica em 2015". Para este ano, o mercado financeiro prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,18% e, para 2015, a estimaiva é de uma aceleração do crescimento para 0,73%.
"Há mudanças favoráveis na demada e oferta. O consumo deve continuar em expansão, mas em menor timo que anos recentes, com aumento da renda e moderado do crédito. O cenário de maior crescimento global combinado com a depreciação do real [alta do dólar] deverá impulsionar exportações", declarou ele, acrescentando que, para 2015, a previsão é de um novo recorde na safra de grãos e que as condições de trabalho continuem favoráveis.
Contratos de "swap cambial"
Segundo Alexandre Tomibni, do BC, o programa de oferta de "swaps cambiais" pela autoridade monetária - instrumentos que funcionam como venda de dólares no mercado futuro, o que impede uma pressão maior de alta no mercado à vista da moeda norte-americana - tem "atingido plenamente seus objetivos".
"Em funcionamento desde agosto de 2013, [o programa] permitiu amortecer ajustes no câmbio e fornecer proteção [contra a alta do dólar] aos agentes", declarou ele, observando que o estoque atual destes contratos, em mercado, somam o equivalente a cerca de US$ 100 bilhoes - menos de 30% das reservas internacionais.
"Não significa necessidade de reversão [do estoque de swaps cambiais em mercado] no curto e médio prazos. O estoque já atende de maneira significativa [às necessidades] e vem sendo administrado em operações [de rolagem dos vencimentos]. Deve continuar a ser renovado no futuro observadas as condições de demanda", acrescentou o comandante da autoridade monetária.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir