Categoria Geral  Noticia Atualizada em 12-12-2014

Após suspensão de patrocínio, atletas se unem e cogitam boic
Jogadores se unem após interrupção de pagamento do Banco do Brasil: "Eu não jogo vôlei para sustentar falcatrua", disse o ponteiro Lipe, atleta da seleção e do Taubaté
Após suspensão de patrocínio, atletas se unem e cogitam boic
Foto: globoesporte.globo.com

Após o anúncio da suspensão dos pagamentos do Banco do Brasil, principal patrocinador da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), personalidades do esporte usaram as redes sociais para se manifestarem sobre as irregularidades apontadas pela Controladoria Geral da União (CGU) na administração da entidade máxima do vôlei nacional. Algumas postagens foram radicais e cogitaram inclusive um protesto de atletas com a paralisação da Superliga.
Campeão olímpico em Atenas e hoje no elenco do Canoas, Gustavo Endres é um dos mais engajados a pedir esclarecimentos da CBV e convocou os colegas de profissão a tomarem uma posição pública.

- E nós atletas, o que vamos fazer? Paralisar a Superliga? Ou vamos deixar como está? E os clubes, vão assumir a gestão ou vão se calar?

Jogador da seleção e do Taubaté, Lipe também quer a mobilização dos atletas e cobrou explicações das autoridades que regem o vôlei nacional. Até o momento, tanto a CBV quanto o ex-presidente da entidade, Ary Graça, se manifestaram através de notas oficiais divulgadas por suas respectivas assessorias de imprensa.

- Ou eles resolvem dar as caras ou a gente para a Superliga! Eu não jogo vôlei pra sustentar falcatruas – postou Lipe no Twitter, marcando na postagem Gustavo e Murilo Endres, além do levantador William Arjona.

Parceiro do vôlei verde-amarelo há 23 anos, o Banco do Brasil anunciou nesta quinta-feira que suspendeu o pagamento de verbas relacionadas ao patrocínio da CBV após o relatório final da Controladoria-Geral da União (CGU) apontar irregularidades na gestão do dinheiro público na entidade. Os contratos irregulares têm juntos o valor de R$ 30 milhões em pagamentos feitos entre 2010 e 2013. A entidade máxima do vôlei nacional emitiu nota de esclarecimento sobre o relatório do CGU, mas não comentou a suspensão do patrocínio do Banco do Brasil.

Entre as irregularidades encontradas na auditoria realizada pelo órgão do Governo Federal estão pagamentos para empresas possivelmente fantasmas de genros do ex-presidente da Confederação, Ary Graça. A CGU também identificou que bônus de performance não eram repassados aos atletas.

O Banco do Brasil afirma que retomará o patrocínio - o atual contrato vai até 30 de abril de 2017 - caso a CBV adote as recomendações solicitadas pelo relatório da CGU, que isenta o Banco de responsabilidade pelas irregularidades identificadas.

"A CBV deve adotar medidas para sanear as irregularidades encontradas na auditoria com vistas a manter o seu patrocínio com o Banco do Brasil e reduzir o risco de imagem de ambos. A principal providência é adotar as medidas administrativas e legais cabíveis para o ressarcimento dos gastos com serviços sem comprovação de execução, bem como a apuração da existência de outros serviços pagos e não executados para também providenciar a devolução desses recursos", aponta o relatório da CGU.

A suspensão da verba de patrocínio feita pelo Banco do Brasil foi uma recomendação do relatório da CGU. O ex-presidente da CBV e hoje presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), Ary Graça, também emitiu nota oficial se defendendo das acusações. Ainda informa que ainda não teve acesso ao relatório do CGU.

Confira a íntegra da nota oficial do Banco do Brasil
"O Banco do Brasil informa que suspendeu os pagamentos à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) referentes aos contratos de patrocínio e condiciona a retomada dos pagamentos - e a continuidade do patrocínio - à adoção imediata pela CBV de todas as medidas corretivas apontadas pela Controladoria Geral da União (CGU), além de outras identificadas pelo Banco como necessárias. Parte das medidas apontadas pela CGU foram previamente identificadas pelo BB e constam de aditivo contratual que foi negociado com a CBV, porém sem resposta final por parte da Confederação. O Banco do Brasil reitera que não irá compactuar com qualquer prática ilegal, ou que seja prejudicial ao esporte e à comunidade do vôlei, e entende ser necessário que a CBV adote novas práticas de gestão que tragam mais disciplina e transparência à aplicação dos recursos."

Confira a íntegra da nota oficial da CBV
"A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) recebeu na tarde de 04/12/2014 o relatório nº 201407834 de auditoria da Controladoria Geral da União, depois da série de denúncias da ESPN sobre a gestão do ex-presidente Ary Graça Filho.

Mesmo antes do relatório final, a nova gestão tomou providências visando implantar uma governança responsável e, acima de tudo, ética. Entre as medidas sugeridas pela CGU no relatório final já havia contratado auditoria para analisar os exercícios anteriores, cancelando contratos que possuíam vícios éticos, abrindo as contas e disponibilizando documentos para as entidades de fiscalização, sem restrição nenhuma. Desde abril de 2014 publica mensalmente balancetes em seu sítio eletrônico, tem um modelo de governança desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas, já reestruturou o quadro administrativo, criou medidas de aprimoramento na seleção de fornecedores e implantou uma auditoria interna permanente.

A reportagem publicada pela ESPN restringe-se a duas citações sobre a responsabilidade da atual gestão. A primeira sobre pagamentos em 2014 para a empresa SMP Sports Marketing, totalizando 188.000,00 reais. A empresa de propriedade de Marcos Pina recebeu pelos serviços prestados pelo citado de novembro de 2013 a fevereiro de 2014, quando foi superintendente da CBV e recebia via pessoa jurídica o valor mensal de 47.000,00 reais. Nenhum outro pagamento após o seu desligamento foi efetuado.

Sobre a segunda citação, a CBV expressa veementemente que o diretor de eventos Marcelo Wangler recebe apenas uma remuneração mensal, paga através da pessoa jurídica MWangler Produções e Eventos Ltda.

De posse do relatório final da auditoria da CGU a CBV tomou as medidas que estão ao seu alcance legal, contratando o escritório jurídico Thompson Motta Advogados Associados para acionar judicialmente buscando o ressarcimento dos valores gastos com contratos ou serviços suspeitos.

A determinação do presidente da CBV, Walter Pitombo Larangeiras, é para o cumprimento integral das medidas sugeridas pela Controladoria Geral da União. O esforço agora é para implementar aquelas que são essenciais para a melhoria do voleibol brasileiro, a exemplo da criação do Conselho de Apoio à CBV, formado por atletas, técnicos e a comunidade do voleibol."

Confira a íntegra da nota oficial do ex-presidente da CBV, Ary Graça
"O ex-presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Ary Graça, esclarece que não teve, até o momento, acesso ao relatório da CGU. Ele refuta as acusações feitas na imprensa e reafirma que auditoria externa da Price na CBV avaliou todos os contratos e não encontrou nenhuma ilegalidade. Em consulta a advogados externos também foi reafirmado que os contratos são absolutamente legais. Estes documentos estão em posse da CBV.

Ademais, houve efetiva contraprestação dos serviços contratados, o que pode ser evidenciado por provas documentais e testemunhais. Notas fiscais, contratos e relatórios são absolutamente claros, com recolhimento de todos os impostos devidos, inclusive os federais. Seria impossível o voleibol brasileiro ter chegado ao ponto que chegou sem a efetiva prestação dos serviços pelas empresas.

O trabalho realizado pelo grupo de experts, durante dois anos, possibilitou o aumento do valor do patrocínio do Banco do Brasil em mais de cem milhões de reais, o que foi profundamente meritório. Esse trabalho foi realizado sem qualquer participação de Ary Graça, o que pode ser comprovado por testemunho das partes envolvidas na negociação."

Fonte: globoesporte.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir