Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-12-2014

Movida a música e sorrisos, Lais Souza emociona amigos em se
Aos 26 anos, ela conta com carinho de velhos companheiros da ginástica, como Jade Barbosa e Diego Hypolito, que chegou a carregá-la para uma festa em sua casa
Movida a música e sorrisos, Lais Souza emociona amigos em se
Foto: globoesporte.globo.com

Os últimos dias foram de reencontros e fortes emoções no retorno ao Brasil. Os 11 meses em tratamento nos Estados Unidos enfim deram lugar ao calor dos amigos. Assim, Lais Souza enfim pôde se sentir em casa. O ânimo e o bom humor são de impressionar. Aos 26 anos, ela perdeu os movimentos após um acidente de esqui, em janeiro, mas raramente tira o sorriso do rosto. Até quem a conhece há anos se emociona com cada gesto da jovem que tenta criar maneiras para se animar e deixar a tristeza de lado, como, por exemplo, ouvir música. Nesta terça-feira, foram mais momentos de emoção. Ela foi homenageada durante a cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico, no Rio de Janeiro.
- Está sendo muito, muito bom voltar ao Brasil e rever os amigos. É diferente. Mas está todo mundo demonstrando tanto carinho e isso é algo que me traz muita motivação também - comemorou Lais.
Reverenciada pela plateia no Theatro Municipal, ela manteve o sorriso fácil e ganhou a honra de anunciar a vencedora do prêmio Atleta da Torcida, a ginasta Flavia Saraiva. Além do beijo na atleta no palco da premiação, Lais esteve com Jade Barbosan, que fez questão de ir até o camarim após a cerimônia para encher a amiga de mais carinho.
- Foi bem difícil no início, a gente nunca espera ver alguém que a gente gosta tanto nessa situação, mas fiquei muito feliz de como ela está reagindo. Ela não fala tanto, só reclama da cadeira (risos) e faz umas piadinhas. Outro dia ficou me dando cabeçada, eu estava sentada no sofá e ela me batendo com a cabeça. Eu falei: "Para, menina, você vai se machucar". Aí ela: "Vou machucar o quê, né, Jade"... Aí ela me quebra. Foi muito legal revê-la. Eu vejo ela se superando, olho para ela e percebo que tudo é possível, ela me mostra isso, é muito importante.

Amigo de Lais há quase 20 anos, Diego Hypolito não escondeu a emoção de reencontrá-la. O ginasta esteve com ela poucas horas depois do desembarque no Brasil. Ele fez parte do grupo que preparou uma surpresa para a jovem no 'Caldeirão do Huck'. A emoção foi tão difícil de ser controlada que o medalhista do Mundial deste ano, inclusive, disse ter passado mal antes do encontro. Além da participação no programa, Diego preparou uma festa para a amiga em sua casa para comemorar os 26 anos de Lais e até a carregou no colo para facilitar o acesso em seu elevador.
- A Lais sempre foi uma pessoa muito feliz. E as pessoas que estão ao redor dela tem que lutar agora para ajudar e manter essa chama acessa. Ela é uma pessoa de perseverança, humildade, integridade e tudo de positivo que você possa imaginar. Eu tive que ajudar a carregá-la no colo porque infelizmente a cadeira dela não cabe no elevador da minha casa e tem que ter todo um cuidado. Eu não queria que ela deixasse de se divertir. As pessoas têm que se lembrar que a Lais tinha uma vida muito ativa e tem que dar continuidade nisso. Ela tem uma importância para nós que não tem tamanho. As pessoas não têm consciência de quem é a Lais de verdade. As pessoas se comovem, torcem por ela, mas se conhecessem ela... Não existe uma pessoa que a conheça e que não goste dela - disse.
Os momentos com os amigos no Brasil têm sido especiais. Entre um treino e outro Jade Barbosa quis aproveitar ao máximo o tempo com a amiga e, inclusive, a levou para a praia antes da premiação de terça.
- Eu tenho orgulho da Lais. Como ela lida tão bem os todos os problemas. Não é a primeira dificuldade que ela tem. Saiu de casa com nove anos para treinar, desde cedo ela teve que provar o quanto queria as coisas. É muito legal a Lais saber o carinho e admiração que as pessoas tem com ela - comentou.
Música segue como inspiração. Hip hop é novo ritmo
Durante seu processo de reabilitação em Miami, Lais Souza usou a música como ferramenta do tratamento. Com a ajuda da fisioterapeuta e quase 'anjo da guarda', Denise Lessio, Lais usou canções, que variaram de Ana Carolina até Ivete Sangalo, para auxiliar em seus exercícios respiratórios. Na época, o resultado foi rápido. Após cinco horas cantando, já respirava sem o ventilador. Agora, ritmos musicais também são injeções de ânimo.
- A Lais é movida a música. Se você quer algo com ela, leva em um show, dança do lado dela, começa a se descabelar do lado dela. Tem a Ana Carolina, mas a Lais escuta tudo. O hip hop está animando um pouco ela porque a cuidadora dela é americana e ela sofreu uma influência. A Lais funciona assim. Você põe uma música, ela se anima. Mas às vezes ela se emociona, lembra de alguma coisa - disse a fisioterapeuta.

Apesar do jeito para cima, Denise reconhece quem Lais também tem seus momentos de tristeza. No entanto, ressalta que ela não se deixa abater facilmente e tem como característica sempre buscar algo positivo. A vinda ao Brasil sempre foi considerada importante, mas também gerou preocupação.
- Ela estava com medo, mas louca para rever todo mundo. A gente sabe que, no Brasil, a sensibilidade é diferente. Não são todos os lugares que ela pode entrar. Mesmo na casa do Diego, ela precisou ser carregada por ele para poder subir. Foi no sábado no aniversário dela. Esse tipo de coisa deixa ela um pouco assustada porque influencia em seu dia a dia - explicou Denise.
Como ginasta, Lais representou o Brasil em competições como os Jogos Pan-americanos (2003 e 2007), e duas edições das Olimpíadas (Atenas 2004 e Pequim 2008). Quando se acidentou em janeiro, ela aguardava a confirmação da vaga para disputar a modalidade esqui aéreos nas Olimpíadas de Inverno de Sochi, na Rússia.
- Ela luta muito todos os dias por algo que não é certo. Mas ela está determinada, continua sendo aquela Lais - concluiu a fisioterapeuta.
Entenda o caso
O acidente que deixou Lais tetraplégica aconteceu no dia 27 de janeiro, em uma pista de esqui de Salt Lake City, nos Estados Unidos. A atleta se chocou com uma árvore, sofreu trauma severo na terceira vértebra e precisou ser submetida a uma cirurgia para fazer o realinhamento da coluna. O quadro era grave e com risco de morte. Lais ficou cinco meses internada em hospitais nos Estados Unidos e, após receber alta, continuou no país fazendo treinamentos de reabilitação até sábado passado.

Fonte: globoesporte.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir