Categoria Geral  Noticia Atualizada em 18-12-2014

CMVM suspende acções da PT à espera de informações
Até ao início da tarde o regulador do mercado de capitais ainda não tinha recebido qualquer informação da Terra Peregrin sobre a continuidade da OPA.
CMVM suspende acções da PT à espera de informações
Foto: www.maratimba.com

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) suspendeu esta quinta-feira a negociação das acções da Portugal Telecom, SGPS, "até à divulgação de informação relevante sobre o emitente", informou o regulador num comunicado.

Segundo o Diário Económico, Isabel dos Santos deve hoje comunicar à CMVM que deixa cair a OPA sobre a PT SGPS.

Antes de terem sido suspensas, as acções da PT estavam a cair 0,30%, para 1,002 euros, abaixo do valor de 1,35 euros que a sociedade Terra Peregrin, detida por Isabel dos Santos se dispôs a pagar por cada acção da holding.

Na quarta-feira, a CMVM anunciou que este valor não era suficiente para que a empresária fosse dispensada da obrigação de lançar uma oferta sobre 100% do capital da PT sem aumentar o valor da contrapartida para o preço médio ponderado das acções nos últimos seis meses

A CMVM anunciou na quarta-feira que a empresária angolana Isabel dos Santos teria de subir o preço da oferta sobre a PT SGPS para ficar dispensada de lançar uma OPA subsequente. Esta dispensa foi uma das condições apresentadas por Isabel dos Santos para concretizar a oferta.

Na sequência do anúncio do regulador, fonte ligada a Isabel dos Santos afirmou ao PÚBLICO que essa decisão foi uma "surpresa" e que iria ser tomada uma decisão sobre a OPA esta quinta-feira. Até ao início da tarde, a CMVM não tinha recebido qualquer informação ou pedido por parte da equipa de Isabel dos Santos, disse ao PÚBLICO fonte oficial do regulador.

A mesma fonte recusou que haja espaço para qualquer negociação com a Terra Peregrin sobre a continuidade da oferta. "A CMVM não está a negociar nada, aliás é um termo que não é apropriado para as funções" do regulador, disse a mesma fonte. "A CMVM pugna pelo cumprimento da lei", sublinhou.

A CMVM diz que não há justificação possível para que a Terra Peregrin, sociedade criada para a OPA, seja dispensada da obrigação de lançar uma oferta sobre a totalidade do capital da PT SGPS (a empresária quer apenas o suficiente para garantir o controlo da holding, ou seja, pelo menos 50,01%) se não aumentar a contrapartida para um dos critérios das OPA obrigatórias. Mais concretamente, para o preço médio ponderado das acções nos últimos seis meses. Um valor que, segundo a administração da PT SGPS, é de 1,83 euros, mais 48 cêntimos que os 1,35 euros por acção propostos pela Terra Peregrin, e que avalia a holding em 1640 milhões de euros. Ou seja, Isabel dos Santos teria de avançar com mais 430 milhões de euros para manter a OPA em cima da mesa.

Até aqui, Mário Leite da Silva, representante de Isabel dos Santos, tem defendido o preço como "justo e equitativo" e garantiu que não vai haver subidas "ponto final". Isabel dos Santos já admitiu que deixará cair a OPA se a PT Portugal for vendida (o negócio vai ser votado na assembleia geral da PT a 12 de Janeiro).

O entendimento de Isabel dos Santos é que a referência para o valor da OPA não pode ser a cotação da PT SGPS nos últimos seis meses, porque nesse período sucederam-se eventos que puseram em causa o valor da sociedade, como os investimentos da PT na Rioforte, holding do Grupo Espírito Santo que se encontra em processo de insolvência.

Mas a entidade liderada por Carlos Tavares tem uma leitura diferente e não "vislumbra qualquer fundamento para afastar a aplicação do preço médio ponderado, tendo especialmente em consideração que o título em questão é dotado de elevada liquidez e que a cotação não foi afectada, enquanto critério de avaliação, por acontecimentos que tenham distorcido os mecanismos em que assenta a sua formação".

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir