Categoria Geral  Noticia Atualizada em 23-12-2014

Três ônibus são incendiados durante reintegração de posse ao
Terreno ocupado por famílias desde sábado pertence à universidade. Houve confronto entre PM e manifestantes na manhã desta terça-feira.
Três ônibus são incendiados durante reintegração de posse ao
Foto: g1.globo.com

Três ônibus foram incendiados na manhã desta terça-feira (23) durante a reintegração de posse em um terreno que pertence à Universidade de São Paulo (USP), segundo a Polícia Militar. A área, que fica perto do Hospital Universitário, no Butantã, na Zona Oeste da capital, foi invadida por um grupo de sem-teto no sábado (20). Houve confronto entre policiais e manifestantes que tentavam bloquear a Avenida Corifeu de Azevedo Marques.

A São Paulo Transporte (SPTrans) informou que, por volta das 9h, os três ônibus foram queimados dentro da Cidade Universitária. Os veículos circulavam na Rua Professor Almeida Prado quando houve o vandalismo. Os ônibus pertencem às viações Gato Preto e Sambaíba e faziam as linhas 701U (Butantã USP/Santana), 702U (Butantã USP/Parque Dom Pedro) e 702U (Butantã USP/Parque Dom Pedro).
A PM informou que a reintegração de posse começou por volta das 6h50 no terreno que fica na Rua Baltazar Rabelo, ao lado da USP. A corporação diz que havia 40 pessoas dentro do terreno.
Segundo testemunhas ouvidas pelo G1, por volta das 8h, moradores da favela São Remo, que fica ao lado da universidade e do terreno, foram até a Avenida Corifeu de Azevedo Marques com colchões e entulhos para tentar bloquear a via.
Eles foram impedidos pela PM e houve confronto. A corporação diz que manifestantes passaram a atirar pedras e rojões contra os policiais, que revidaram com bombas de efeito moral. A PM disse que algumas pessoas portavam armas de fogo, mas não houve disparos. Os policiais não confirmaram se usaram balas de borracha para conter o grupo.
Depois disso, os manifestantes entraram na universidade por uma passagem entre a favela e o campus e os três ônibus foram incendiados, segundo testemunhas. Policiais da Tropa de Choque, então, entraram na São Remo em busca dos responsáveis pelo vandalismo. Até as 11h30, ninguém havia sido preso.
Segundo a PM, 91 policiais, sendo 41 do Choque, auxiliavam os trabalhos de oficiais de justiça. Por volta das 10h45, era possível ouvir explosões na região da Avenida Corifeu de Azevedo Marques. A Rua Professor Almeida Prado estava bloqueada e os coletivos que circulam pela região precisam fazer o retorno na Rua Afrânio Peixoto.
Montagem de barracos
Na manhã de segunda, os sem-teto montavam barracos no terreno. Segundo as lideranças do movimento, 600 famílias foram cadastradas.
O ajudante de pedreiro Gilvan Costa morava numa favela perto do local da invasão, a do Jardim São Remo, mas resolveu montar seu barraco na área da USP. "Eu moro de aluguel, e todo mês eu pago R$ 500 de aluguel e trabalho. Não sobra nada, né?", disse.

A líder do movimento disse que famílias da região participam da invasão. Segundo Maiara Santos, metade dos invasores é de funcionários terceirizados da USP. "Esse terreno está vazio há muitos anos. Que utilidade tem para eles? Nenhuma."

A dona de casa Katiane Costa também ergueu seu barraco na invasão. Ela passou o fim de semana com o marido e os três filhos. "Não importa que seja grande ou pequeno, nos queremos só o nosso cantinho", disse Katiane.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir