Categoria Geral  Noticia Atualizada em 27-12-2014

Cliente da Cemig deve ter alta média de R$ 3,60 na conta
Novo sistema tarifário começa com bandeira vermelha, que eleva em R$ 3 o valor de cada 100kWh
Cliente da Cemig deve ter alta média de R$ 3,60 na conta
Foto: em.com.br

A fatura de energia já entra o novo ano custando mais cara. Ontem, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que foi fixada a bandeira tarifária vermelha para janeiro, o que significa que os consumidores de quase todo o país vão pagar R$ 3 a mais por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos no mês que vem (conta a vencer no início de fevereiro). As exceções são os estados do Amazonas, Amapá e Roraima, que ainda não estão no Sistema Interligado Nacional (SIN). O reajuste ocorre porque 2015 começa com o início do sistema de bandeiras, que indicará ao consumidor as condições de geração de energia elétrica.

Cada vez que as termelétricas forem acionadas nos quatro subsistemas do país – Norte, Sul, Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste – a bandeira será vermelha, que significa custos altos de geração. A bandeira amarela representa custos em elevação, e, nesse caso, as tarifas terão R$ 1,50 a mais a cada 100kWh. Somente com sinalização verde não haverá aumento na conta de luz. Em caso de sinal vermelho, como no mês que vem, o aumento médio será de R$ 4,50, uma vez que, de acordo com a Aneel, o consumo médio mensal das famílias brasileiras é de 150kWh. Como uma conta de 100kWh custa em média R$ 40, o aumento de R$ 3 por causa da bandeira vermelha representa uma alta de 7,5%.

Em Minas Gerais, na área de concessão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), o consumo médio gira em torno de 120kWh, o que significa um reajuste médio de R$ 3,60 na conta de energia. Na área da Cemig, pelo menos 2,7 milhões de consumidores não devem ter impacto na conta de luz por consumirem abaixo de 90kWh por mês, conforme entendimento da própria concessionária de energia. Em todo o estado, considerando os clientes da Energisa Minas, da CPFL Paulista e do Departamento Municipal de Energia de Poços de Caldas, há 13,1 milhões de unidades consumidoras. Existe a possibilidade de as bandeiras serem de cor diferente em cada subsistema, dependendo das condições dos reservatórios de cada região.

Além de apontar qual é a real situação da geração, o sistema que entra em vigor em janeiro repassa mensalmente às tarifas parte dos custos quando estes estão mais elevados, como é o caso atualmente, em que o parque térmico está acionado para poupar água nos reservatórios das hidrelétricas. Antes, a Aneel repassava esse custo apenas uma vez por ano, no período de revisão tarifária de cada distribuidora. Portanto, o órgão regulador afirma que não é um custo adicional e sim uma modificação no fluxo financeiro. O que era acumulado e reajustado anualmente, agora passa a pesar no bolso do consumidor todos os meses.

A exemplo do que ocorreu ontem, a Aneel sinalizará sempre no mês anterior qual será a bandeira do mês seguinte. Isso permitirá que o consumidor, ao saber que a geração de energia terá custos mais elevados, racionalize o consumo se quiser economizar na conta. Ao explicar o novo sistema, o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, afirmou que o modelo é uma ferramenta que permite ao consumidor conhecer quanto a energia está custando naquele momento e consumir de uma maneira consciente. Se estamos em um momento de escassez e custo alto, por exemplo, ele colabora consumindo menos e isso tem um benefício para o sistema como um todo", afirmou. Contudo, a Aneel não fez qualquer cálculo sobre o impacto da implantação das bandeiras na redução da demanda. "Vai depender da reação de cada um", disse o diretor-geral da agência.

Sem alívio Ao anunciar o novo sistema de bandeiras, os diretores da Aneel ressaltaram que o acréscimo feito a cada mês na conta será descontado nos cálculos do reajuste anual de cada distribuidora. Mas admitiram que o efeito desse novo sistema não vai aliviar os aumentos de energia no ano que vem. "A parcela da bandeira é só com geração e é pequena", afirmou Rufino. " O sistema não tem função de mitigar o reajuste anual. A conta é composta de vários outros itens além da geração. São encargos setoriais, custos de transmissão, distribuição e da CDE, que banca os subsídios do setor", emendou.

Para os especialistas, o consumidor tem que se preparar porque 2015 promete ter bandeiras tarifárias vermelhas em quase todo o país o ano inteiro. Talvez o Sul consiga ver outra sinalização, em períodos mais chuvosos do ano, porque os reservatórios daquela região não desceram a níveis tão críticos quanto os do resto do país. Este ano, o sistema operou em caráter de teste e educativo e o sinal ficou vermelho em 11 dos 12 meses do ano, com exceção de janeiro, quando foi amarelo, em todo o país. No Sul, a bandeira foi amarela também no mês de julho.

"As chuvas no período úmido são insuficientes para encher os reservatórios, o que significa que as termelétricas continuarão acionadas em 2015. Como a energia térmica é que determina o custo maior de geração, é quase certo que a bandeira será vermelha, todo o ano de 2015", destacou o gerente de regulação da Safira Energia, Fábio Cuberos, que calcula em 30% o reajuste médio em 2015 para pagar todos os custos do setor.

Momento de economizar

"Será um ano difícil", aponta o especialista em energia do escritório L.O. Batista-SVMFA, Guilherme Schmidt. "A possibilidade de racionamento é pequena. Vai depender da resposta dos reservatórios às chuvas. Mas, de qualquer maneira, pela elevação do custo já passou do momento de começar a economizar energia. As bandeiras serão um estímulo", afirmou.
Para o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), Rodrigo Aguiar, é preciso estar atento que a alta da tarifa será três vezes maior do que a inflação em 2015 porque a sinalização da bandeira deve permanecer vermelha o ano todo. "Não dá mais para desperdiçar. A energia gasta desnecessariamente no país pode ser poupada caso empresas e residências tomem medidas de eficiência energética", alertou. O prejuízo com desperdício, segundo ele, é de R$ 11 bilhões por ano com energia.

Com o rombo do setor elétrico, que alcançou mais de R$ 70 bilhões e vai ser coberto pelo consumidor a partir de 2015, e ainda mais a adoção das bandeiras tarifárias, não há saída senão a economia. "Para não pagar caro, é preciso fazer a lição de casa. É possível economizar entre 30% e 50% sem fazer sacrifício, sem se privar de nada", ensina Aguiar. Trocar equipamentos obsoletos por novos, com mais eficiência energética, desligar aparelhos que ficam em modo stand by, afastar a geladeira da parede para que a maior ventilação exija menos esforço do motor e tomar banhos mais rápidos são algumas dicas importantes.

ENTENDA AS BANDEIRAS

Quando começa o acionamento das bandeiras tarifárias?

A partir de janeiro de 2015

Por que foram criadas as bandeiras tarifárias?
A energia elétrica no Brasil é gerada predominantemente por usinas hidrelétricas. Para funcionar, essas usinas dependem das chuvas e do nível de água nos reservatórios. Quando há pouca água armazenada, usinas termelétricas podem ser ligadas com a finalidade de poupar água nos reservatórios das usinas hidrelétricas. Com isso, o custo de geração aumenta, pois essas usinas são movidas a combustíveis como gás natural, carvão, óleo combustível e diesel. Por outro lado, quando há muita água armazenada, as térmicas não precisam ser ligadas e o custo de geração é menor.

As bandeiras tarifárias são mais um custo que será incluído à conta de energia?

As bandeiras tarifárias são uma forma diferente de apresentar um custo que hoje já está na conta de energia, mas geralmente passa despercebido. Atualmente, os custos com compra de energia pelas distribuidoras são incluídos no cálculo de reajuste das tarifas dessas distribuidoras e são repassados aos consumidores um ano depois de ocorridos, quando a tarifa reajustada passa a valer. Com as bandeiras, haverá a sinalização mensal do custo de geração da energia elétrica que será cobrada do consumidor, com acréscimo das bandeiras amarela e vermelha. Essa sinalização dá, ao consumidor, a oportunidade de adaptar seu consumo, se assim desejar.

Como são calculados os custos da bandeira tarifária?

A aplicação das bandeiras é realizada conforme os valores do Custo Marginal de Operação (CMO) e do Encargo de Serviço de Sistema por Segurança Energética (ESS-SE) de cada subsistema. Uma vez por mês, o Operador Nacional do Sistema (ONS) calcula o CMO nas reuniões do Programa Mensal de Operação (PMO) – quando também é decidido se haverá ou não a operação das usinas termelétricas e o custo associado a essa geração. Após cada reunião, com base nas informações do ONS, a Aneel aciona a bandeira tarifária vigente no mês seguinte.

Com a bandeira vermelha, como fica a conta de energia?

A bandeira vermelha indica escassez de energia e necessidade de acionamento das usinas térmicas. Esse custo será acrescido à conta de consumidores de todo o país (exceto Amazonas, Roraima e Amapá) em janeiro. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fixou em R$ 3 por cada 100 quilowatts/hora (kWh) consumido a tarifa para a bandeira vermelha. Caso a opção fosse a amarela, o acréscimo seria de R$ 1,5 a cada 100kWh. Na bandeira verde
não há acréscimo.

Fonte: Aneel

Fonte: em.com.br
 
Por:  Ludyanna Ferreira    |      Imprimir