Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-01-2015

Além da Volks, Mercedes-Benz demitiu funcionários no ABC
Sindicato afirma que 244 saíram da Mercedes; montadora nega número. Na Volkswagen, 800 funcionários foram desligados.
Além da Volks, Mercedes-Benz demitiu funcionários no ABC
Foto: g1.globo.com

No mesmo dia em que a Volkswagen confirmou a demissão de 800 funcionários em São Bernardo do Campo (SP), o sindicato dos metalúrgicos do ABC paulista afirmou nesta terça-feira (6) que 244 trabalhadores foram desligados da Mercedes-Benz, na mesma cidade, após o fim do período de suspensão de contratos (o chamado layoff) de 1.015 empregados dessa unidade. A empresa confirma que houve demissões, mas nega o número informado pelo sindicato.

Ainda nesta terça, a federação dos concessionários informou que as vendas de veículos no Brasil em 2014 caíram 7,15% na comparação com o ano anterior. Foi o segundo ano seguido de recuo, após 10 anos de crescimento nos emplacamentos. Com esse cenário, ao longo do ano, montadoras lançaram mão de férias coletivas e layoffs, a fim de reduzir a produção.

A Volkswagen afirma que houve queda de 15% na fabricação de veículos no ano que passou. "Há um acordo trabalhista vigente desde 2012, que foi estabelecido em premissas de mercado e vendas que infelizmente não se confirmaram. Quando o acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva era que a indústria automobilística atingisse a marca de praticamente 4 milhões de unidades em 2014. O que ocorreu de fato foi uma retração para 3,3 milhões", explicou a montadora.

Em solidariedade aos funcionários desligados, cerca de 7 mil empregados do primeiro turno – de um total de 13 mil funcionários da fábrica da Anchieta –, entraram em greve, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Mercedes não dá números
No caso da Mercedes, o sindicato diz que havia acordado que a fabricante de caminhões e ônibus renovaria, em novembro passado, o layoff de todos os 1.015 funcionários afastados nessa unidade por mais 5 meses, até abril próximo, mas 244 ficaram de fora.
A entidade, porém, diz que parte desses empregados aderiu a um Plano de Demissão Voluntária (PDV) aberto na época, mas o sindicato ainda não tem um balanço de quantos deixaram a empresa voluntariamente.

Ao G1, a Mercedes confirmou que houve desligamentos, mas negou que o total chegue a 244. A fabricante, no entanto, diz que não divulgará esses números por ora.

Segundo a Mercedes, nas fábricas de São Bernardo do Campo e de Juiz de Fora (MG) a suspensão de contratos foi renovada até 30 de abril, em acordo com o sindicato e com todos os custos sendo pagos pela Mercedes. A lei trabalhista não permite que contratos sejam suspensos por mais de 5 meses consecutivos nos moldes em que parte dos custos desse layoff é coberta pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Disseram que estava demitida
Darlene Burgo, de 44 anos, diz que foi uma das demitidas na fábrica da Mercedes no ABC paulista. Ela conta qe trabalhava há 10 anos no cargo de montadora, na área de motores, mas exercia função administrativa. "Por isso me colocaram no layoff (que terminou em novembro). Eu tinha uma função na carteira e exercia outra", diz.

Assembleia
O sindicato informou que haverá uma assembleia nesta quarta-feira (7), para que funcionários da Mercedes decidiam se deve haver alguma ação em solidariedade aos que foram demitidos.
Além dos 1.015 trabalhadores de São Bernardo do Campo, estavam afastados até novembro cerca de 200 empregados da fábrica de Juiz de Fora. Segundo a montadora, todos os funcionários da planta mineira tiveram o layoff renovado até abril.

Ainda conforme a empresa, a produção em ambas as fábricas será retomada nesta quarta, após férias coletivas iniciadas em 1º de dezembro último.

Ao término do período de suspensão de contrato, no fim de novembro, Darlene afirma que recebeu um telegrama pedindo que procurasse o RH da montadora. Segundo ela, foi oferecido um plano de demissão voluntária que ela, orientada por um advogado, não aceitou. "Então, disseram que eu estava demitida. Não assinei nada: nem o PDV nem a demissão", explica.

Ela agora aguarda a negociação do sindicato com a fabricante. E se diz preocupada com o futuro. "Segundo o sindicato, a montadora alegou que as demissões foram por baixa performance. Isso prejudica a minha carreira profissional", lamenta.

Darlene é formada em administração de empresas e tem pós-graduação em qualidade e produtividade. "Um montador da Mercedes não ganha pouco. A minha renda pesa, tenho um filho de 5 anos. Eu sendo mulher, com a idade que eu tenho, onde vou arrumar outro emprego agora?", questiona.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ludyanna Ferreira    |      Imprimir