Categoria Geral  Noticia Atualizada em 10-01-2015

Ivan Dias Marques: doping de Jones - entre a ética e a hipoc
Entre os principais efeitos imediatos da cocaína estão euforia, sensação de poder, ausência de medo e excitações física, mental e sexual. Não sabia isso de cor, mas uma pesquisa simples na internet me fez saber, assim como conhecer alguns dos outros efeit
Ivan Dias Marques: doping de Jones - entre a ética e a hipoc
Foto: www.correio24horas.com.br

Assim, não é difícil imaginar por que um cara de 27 anos como Jon Jones usou cocaína durante um período de treinamentos. As drogas - legais e ilegais - fazem parte da sociedade e, por consequência, da vida dos esportistas. Algumas delas, como a maconha, pouco influem no desempenho atlético (pelo contrário, atrapalham). Outras, é verdade, podem até ajudar.
No entanto, mais do que coibir o uso das drogas - legais e ilegais - é necessário fazer as pessoas entendê-las. Afinal, o grande problema não está no consumo e, sim, na falta de controle do uso, seja ela pessoal (limites individuais) ou governamental (ausência de combatividade ao tráfico ou de legislação específica para a utilização, a depender do caso).
O doping de Jon Jones, pego por uso de cocaína durante um teste um mês antes de sua luta contra Daniel Cormier, ocorrida no último sábado, levanta diversas polêmicas, sob a ótica das mais diferentes consequências que a notícia teve.
A primeira delas é ética: Jones teria descumprido o código de conduta do UFC ao ser pego utilizando uma droga ilícita? Se sim, quais as consequências deste ato? Já vi gente defendendo que se casse o cinturão do americano, o que veementemente discordo. Qual seria o motivo disso? A pretensa opinião de que ele poderia ter lutado ‘dopado’?
Seria um motivo absurdo, já que são feitos testes em todas os combates e, segundo a Agência Internacional Antidoping (Wada), um atleta só está legalmente ‘dopado’ somente se tiver amostras positivas de testes realizados entre 12 horas antes das competições até o período posterior a elas em que a coleta de amostra seja necessária.
Além disso, Jones só foi pego no antidoping por um erro da Comissão Atlética do Estado de Nevada (NSAC), que não deveria ter feito testes específicos para drogas recreativas um mês antes da luta, exatamente por não serem passíveis de punição. É um outro conflito ético. Como não é proibido esportivamente usar uma droga - ainda que ela seja ilícita - no período de treinos, por que, então, Jones seria punido?
É aí que se entra na segunda polêmica, a questão moral/social. O campeão dos meio-pesados, na minha opinião, foi mandado para uma clínica de reabilitação apenas como uma resposta do UFC à sociedade. Afinal, Jones é um ídolo dos EUA, líder do ranking peso por peso e maior garoto-propaganda da organização. Pelos resultados preliminares, o UFC 182 chegou ao top 5 de eventos com mais vendas de pay-per-view, com mais de um milhão de vendas. A internação era prevista, inclusive, já que o UFC já sabia que o teste do campeão havia dado positivo bem antes do evento da semana passada.
O esporte, como um todo, é visto como uma prática saudável, de bons exemplos, ao contrário do uso de drogas, visto como um ato criminoso. Os mesmos que julgam Jones pelo uso de cocaína, ainda que tenha sido de forma recreativa e dentro dos parâmetros legais de competição (não confundir com a lei), comemoram quando, embriagados, conseguem fugir de uma blitz.
Para estes, não importa o desempenho do americano em suas lutas, sejam elas no passado ou no futuro. O karma, a ‘mancha’ na carreira pelo doping fará com que eles coloquem os triunfos do campeão sub judice. Um julgamento que será feito, provavelmente, com uma garrafa de cerveja como martelo.

Fonte: www.correio24horas.com.br
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir