Categoria Geral  Noticia Atualizada em 10-01-2015

Cercos policias na França terminam com 3 terroristas e 4 re
Suspeitos do ataque ao "Charlie Hebdo" foram mortos em gráfica. Em Paris, homem que matou policial manteve reféns em mercado.
Cercos policias na França terminam com 3 terroristas e 4 re
Foto: g1.globo.com

Operações simultâneas encerraram nesta sexta-feira (9), por volta das 17h (14h em Brasília) dois cercos policiais que estavam em andamento na França. Os irmãos Chérif e Said Kouachi, suspeitos do massacre no jornal "Charlie Hebdo", e Amedy Coulibaly, um sequestrador que mantinha reféns em um mercado em Paris, foram mortos.
Procurados pela polícia, os dois supostos autores do atentado ao jornal se entrincheiraram em uma pequena gráfica em Dammartin-en-Goële, a 40 km de Paris, após um tiroteio com as forças de segurança. Eles acabaram mortos ao fim do cerco, quase 50 horas após o ataque à sede do semanário de humor parisiense, onde fizeram 12 vítimas.
Inicialmente, foi divulgado pela imprensa internacional que os irmãos Kouachi mantinham um refém, mas posteriormente, veio à tona que a pessoa liberada após a morte dos dois ficou escondida durante a invasão, não chegando a ser encontrada por eles.

No mercado judaico de Porte de Vincennes, quatro reféns que eram mantidos por Amedy Coulibaly morreram. Outras pessoas que estavam no mercado foram libertadas com vida. Coulibaly também é suspeito de ter matado uma policial no dia anterior. Ele teria afirmado estar "sincronizado" com os irmãos suspeitos do ataque ao jornal.
Coulibaly e Chérif teriam sido vistos juntos em 2010. Ambos teriam passado por treinamento com o radical islâmico Djamel Beghal.
Três policiais ficaram feridos na operação em Vincennes, e outro ficou ferido em Dammartin-en-Goële, de acordo com os jornais locais.

Procurada
A polícia procura agora uma mulher de 26 anos, Hayat Boumeddiene, por associação com Amedy Coulibaly, o sequestrador que foi morto no mercado de Vincennes. O "Le Monde" afirma que Boumeddiene, que seria namorada do suspeito, não estava presente no sequestro.
Ela se relacionava com Coulibaly desde 2010 e é considerada suspeita de agir junto com o parceiro na morte a tiros da policial Clarissa Jean-Phillipe na quinta-feira (8), segundo o jornal francês.
Em mensagem de áudio à TV BMFTV, Coulibaly disse que estava "sincronizado" com os suspeitos do ataque ao "Charlie Hebdo". Em pronunciamento nacional após a ação policial, o presidente francês, François Hollande, disse que a França conseguiu enfrentar o atentado terrorista, mas que as ameaças ao país não acabaram.
Como tudo começou
A sequência de ataques que ocorreu na França nos últimos três dias e deixou 20 mortos – entre vítimas e terroristas – começou com o atentado ao jornal "Charlie Hebdo" na manhã de quarta-feira (7).

Após identificados os irmãos suspeitos do ataque ao jornal, a polícia começou uma busca que passou pelas regiões de Villers-Cottêrets, onde os suspeitos foram vistos, e Crépy-em-Valois, antes de ser direcionada a Dammartin-en-Goële, onde eles invadiram uma empresa.
Durante o cerco aos irmãos Kouachi, incidentes localizados foram reportados em Paris na quarta e quinta-feira, incluindo a morte da policial no município de Montrouge, atribuída a Amedy Coulibaly.

Os dois irmãos franceses filhos de argelinos já estavam sob observação da polícia. Chérif foi condenado, em 2008, a três anos de detenção por acusações de terrorismo, após ajudar a enviar voluntários para lutar no Iraque. Ele cumpriu 18 meses da pena.

Em seu julgamento, Chérif disse à Corte que "realmente acreditava" na ideia de combater as forças aliadas aos EUA no Iraque. Na época, ele alegou que havia ficado revoltado ao ver imagens na TV de prisioneiros iraquianos sendo torturados por norte-americanos na prisão de Abu Ghraib.
Said Kouachi visitou o Iêmen em 2011 e se encontrou com o pregador da rede Al-Qaeda Anwar al Awlaki, atualmente já morto, durante sua estadia no país.
Outro suspeito, Hamyd Mourad, de 18 anos, se apresentou à polícia na quarta-feira em Charleville-Mézières. Ele, que alega inocência, está sob custódia das autoridades policiais.
Tiros na redação
Os atiradores encapuzados invadiram a redação do "Charlie Hebdo" por volta das 11h30 locais (8h30 de Brasília) de quarta-feira. Eles teriam ameaçado de morte a cartunista Corinne Rey para liberar o acesso ao prédio. Ela contou ao jornal "l"Humanite" que sobreviveu ao se esconder debaixo de uma mesa.

Corinne relatou que a ação durou cerca de 5 minutos. Os terroristas estavam armados com rifles russos Kalashnikov, segundo o jornal "The Guardian". Eles falavam francês fluentemente e perguntavam por algumas pessoas pelos nomes, antes de matá-las. Os criminosos teriam gritado "Vingamos o Profeta!", em referência a Maomé.
Religiosos eram alvos preferenciais das sátiras e críticas do "Charlie Hebdo", assim como políticos e empresários.
O momento da fuga foi registrado por um cinegrafista amador que estava num prédio ao lado. O vídeo tem imagens fortes de um dos terroristas atirando à queima roupa no agente Ahmed Merabet, que estava ferido caído no chão e suplicando para não ser morto.

Na sequência, eles entram num carro preto. Durante a fuga, bateram em outro carro, abandonaram o veículo, renderam um motorista e seguiram em direção ao norte de Paris, segundo o promotor de justiça François Molins.
Entre as vítimas do ataque ao jornal estavam cartunistas famosos na França e também fora do país, como Georges Wolinski, Stéphane Charbonnier (conhecido como Charb e também editor do jornal), Jean Cabut e Bernard Verlhac (conhecido como Tignous). Outras 11 pessoas ficaram feridas.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Desirée Duque    |      Imprimir