Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 11-01-2015

JE SUIS CHARLIE UM ATO TERRORISTA NíO PODE CALAR A DEMOCRACI
A comoção mundial deve-se a vários fatores: a)Em primeiro lugar o atentado é contra a vida de cidadãos no exercício de suas profissões.
JE SUIS CHARLIE UM ATO TERRORISTA NíO PODE CALAR A DEMOCRACI

A frase acima (em francês, em português significa "EU SOU CHARLIE"), tornou-se refrão de apoio ao jornal francês, e foi a mais divulgada no mundo nas últimas horas. Representa a solidariedade e o respeito de todos ao jornal satírico "CHARLIE HEBDO", cuja sede foi alvo de um violento e repugnante ataque terrorista que causou a morte de várias pessoas que lá trabalhavam.

A comoção mundial deve-se a vários fatores: a)Em primeiro lugar o atentado é contra a vida de cidadãos no exercício de suas profissões. b)Em segundo lugar é um atentado contra o direito de liberdade da imprensa, contra uma imprensa livre, crítica e independente, e, c) em terceiro lugar ( não por último) um atentado contra a democracia, especialmente dos povos ocidentais.

"Os assassinos de Paris dispararam contra o coração de nossas liberdades individuais e coletivas. Este crime reforça a certeza de que é necessário lutar contra a ignorância, o obscurantismo e o fanatismo religioso, neste caso praticado pelo islamismo radical, provável responsável pelo último crime", escreveu com propriedade RICARDO SETTI em sua coluna.

A barbárie que sai dos campos terroristas do oriente e vem atingir cidadãos, país e instituições ocidentais, é classificada, por vezes, como uma espécie de "cruzadas" reversa, o que soa como um absurdo, um disparate, próprio de pessoas débeis. Essa comparação é tão absurda como confundir o Islamismo com Terrorismo. São situações distintas no tempo e na doutrina.

Não se pode – lá e nem aqui – admitir ou calar-se diante de um ato de tamanha ignomínia, de tamanha desumanidade pelo conteúdo aterrador que pretende impor aos povos civilizados do ocidente, em especial, a França, onde vivem mais de 6 milhões de muçulmanos, com total liberdade de crença religiosa. Cerca de 1,5 milhão localizados em Paris e arredores.

É preciso que nos juntemos no firme propósito de mostrar a esses déspotas que religião e política são coisas distintas e que liberdade de expressão é evidência de um povo evoluído, solidário e culto e respeitoso aos direitos individuais. Além do mais é conquista que veio ao logo de muitos e muitos anos, após muito sofrimento. É um direito indisponível.

Oremos pelas famílias das vítimas; coloquemo-nos no lugar daqueles que lá estavam fazendo seu serviço, usando a caneta para satirizar, e tenhamos a lucidez capaz de nos fazer entender que um ataque a imprensa é um ataque ao próprio modo de vida de um povo.

Querer calar um veículo de comunicação, no todo ou em parte, é próprio de governos autoritários, de censura e tiranos. Ignoram esses malfeitores que só uma imprensa livre, consciente, e democrática poderá mostrar ao povo a visão do que ocorre ao nosso redor. Sem tirar nem por. Sem parcialismos, mas com efetiva capacidade de criar no cidadão um senso evolutivo que por vezes, nem em nossas escolas encontramos.

A imprensa livre é necessária aos regimes democráticos porque contribui para o aprimoramento cultural de seu povo; é necessária aos regimes ditatoriais porque lança luzes em um universo escuro, dominado pela mordaça e pelo empobrecimento cultural e humano; é necessária a um povo que queira ser tido como civilizado, mesmo que propague idéias sinônimas ou não às nossas, pois isso pouco importa. Importa, isso sim, que tais idéias sejam verdadeiras, de interesse público, voltadas para o bem de quem realmente detém o Poder, e que sejam construtoras de uma nova consciência. Pretender calar a imprensa é sobrepujar o direito de um povo, é reduzi-lo a uma submissão brutal. Estejamos atentos.

Edmilson Gariolli
Advogado.
10-01-2014.


Fonte: O Autor
 
Por:  Edmilson Gariolli    |      Imprimir