Categoria Geral  Noticia Atualizada em 12-01-2015

Médicos usam material vencido em cirurgias para lucrar
As novas denúncias da máfia das próteses foram reveladas pelo Fantástico. As comissões podem chegar a R$ 480 mil por ano.
Médicos usam material vencido em cirurgias para lucrar
Foto: g1.globo.com

Novas denúncias da máfia das próteses foram reveladas pelo Fantástico. Os médicos usavam material vencido ou sem necessidade em cirurgias cardíacas, só para ganhar as comissões, que podem chegar a R$ 480 mil por ano.

Um ex-vendedor, que trabalhou para um distribuidor do Rio Grande do Sul explicou como funciona a máfia. "Cada stent o médico chegava a ganhar até R$ 3.500, R$ 4.000. Então, tu imagina ele colocando dez stents num mês. Ele ganhava R$ 35.000, R$ 40.000. Somando 12 meses, ele ganhava R$ 480.000/ano. Tudo em dinheiro vivo, fora das taxas, não declarado."
Os stents são tubos metálicos usados para dilatar os vasos sanguíneos entupidos do coração e normalizar a circulação, mas muitos podem não fazer efeito. Isso faz aumentar o lucro dos médicos.
A ex-vendedora de um distribuidor de próteses do Rio de Janeiro foi quem denunciou que pacientes do SUS, em Itajaí (SC), receberam implantes com prazo de validade vencido. O crime, que será investigado pelo Ministério Público, foi confirmado pela direção do hospital da cidade, que abriu sindicância.

"Jamais esperávamos que uma situação dessas pudesse ter acontecido. Os pacientes estão sendo acompanhados periodicamente pelos médicos cardiologistas clínicos", diz a assessora jurídica do hospital Zilda Bueno.

"Essa utilização de stents com prazo de validade vencido pode obstruir o stent, levando à ineficácia da colocação do stent, podendo acarretar consequências de caráter irreversível e até óbito", explica o presidente do CFM Carlos Vital.

Em Uberlândia (MG), marcapassos eram colocados, sem necessidade, nos corações dos pacientes. Os fornecedores dos materiais pagavam comissões para os médicos.
O diretor da associação brasileira que representa os planos de saúde está em Nova York para denunciar aos fabricantes as comissões pagas a médicos por distribuidores
brasileiros, prática proibida pelas leis norte-americanas.

No mês passado, o jornal The New York Times publicou uma reportagem revelando que a multinacional Biomet está sendo investigada por pagar propina a médicos no Brasil. No Rio Grande do Sul, a marca é distribuída pela Intelimed, flagrada pela reportagem oferecendo até 20% de comissões a médicos.

A Intelimed diz que o vendedor flagrado pelo Fantástico foi desligado da empresa e que repudia todas as formas de corrupção.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Ingrid Leitte    |      Imprimir